No dia 1° de dezembro de 2019 o primeiro paciente apresentava sintomas do novo coronavírus em Wuhan, epicentro da doença na China e, menos de três meses depois, a doença teve o seu primeiro caso confirmado em Mato Grosso do Sul. Em 14 de março de 2020, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) confirmava, de uma vez, duas pessoas infectadas com a Covid-19 no Estado.

A notícia dos casos confirmados foi o suficiente para colocar a população toda em alerta para os cuidados com a prevenção do vírus, que de acordo com os levantamentos científicos durante a descoberta, atacava o sistema respiratório dos moradores infectados e poderia causar até a morte naqueles do grupo de risco.

Seis dias depois, a SES confirmou o primeiro caso do coronavírus no interior de MS, uma mulher que havia retornado de uma viagem para a . Na ocasião, já havia confirmado 8 moradores com o vírus. A partir das confirmações que aconteciam dia após dia, muitas cidades de Mato Grosso do Sul passaram a tomar as providencias para evitar a proliferação do vírus, como o .

Diante da situação, o transporte público chegou a ser suspenso por 15 dias em Campo Grande, igrejas fecharam as portas e celebravam missas pela internet, eventos esportivos, como o Campeonato Sul-Mato-Grossense, foi suspenso, inclusive funerárias recomendavam velórios mais curtos, de 2 horas, para evitar aglomeração nas cerimônias.

Primeira morte

Com os primeiros casos confirmados de coronavírus em MS no dia 14 de março, não demorou muito para as primeiras suspeitas de morte pela doença no estado aparecerem.

#Retrospectiva 2020: Do susto com 1º caso à crise diante da pandemia do Covid-19 em MS
Translado do corpo da 1ª vítima de coronavírus | Foto: Marcos Morandi | Midiamax

Cinco dias após o Brasil registrar o primeiro óbito pelo coronavírus no país, no dia 22 de março uma de 63 anos havia falecido em Campo Grande sob a suspeita de ter sido vítima da Covid-19. Resultado havia dado negativo para a doença posteriormente.

No dia 26 de março, o Ministério da Saúde havia confirmado o primeiro óbito pela doença no Centro-Oeste, sendo uma idosa de 66 anos, que morava em Goiás. Naquela altura, todas as regiões do Brasil já haviam registrado pelo menos um óbito pelo vírus.

Porém, no dia 31 de março, o ‘pesadelo’ em MS começava, quando a Saúde anunciava a primeira morte pelo coronavírus. Uma mulher de 64 anos, que morava em Batayporã, mas que havia falecido em Dourados. A vítima havia tido contado com um familiar que havia estado na Europa.

Toque de recolher e lockdown

Com os casos começando a crescer diariamente, os municípios não viram outra alternativa ao não ser decretar toque de recolher, para garantir que as pessoas ficassem dentro de casa a partir de determinado horário.

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Foto: Leonardo de França | Midiamax

Campo Grande adotou o primeiro toque de recolher em 21 de março, das 22h às 5h, e foi reajustado em 25 de março através de decreto. Na ocasião, a medida foi adotada naquele único fim de semana, com toque de recolher entre às 20h e 5h do dia posterior. Em seguida, voltou para 22h, passou para 23h e meia-noite até chegar à 1h em 15 de outubro, quando chegou ao fim. 

Após os casos voltarem a crescer em Campo Grande, a Prefeitura Municipal precisou retornar com a medida e no dia 27 de novembro, o toque de recolher voltou a ser decretado. Desta vez, os moradores ficaram impedidos de estarem nas ruas entre 22h às 5h da manhã. A medida segue em vigor.

Na Capital, muito se debateu sobre o lockdown, temido por muitos e solicitado por outros. A Prefeitura Municipal chegou a realizar série de reuniões com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para discutir a implementação da medida, mas não foi necessário. 

Cidades como Aquidauana, Anastácio, Coxim, Bonito, chegaram a decretar lockdown. No entanto, Campo Grande não aderiu a medida, buscando apenas a solução através do toque de recolher e diversas restrições para conter o avanço da doença.

Aulas presenciais suspensas

No dia 17 de março, as escolas municipais, estaduais e algumas particulares tomaram a decisão de suspender temporariamente as aulas presenciais dos alunos para evitar aglomerações e contatos físicos dentro das salas de aula.

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Ilustrativa / de arquivo (Foto: Marcos Ermínio)

A pandemia do coronavírus fez com que a educação tomasse um novo rumo, com um novo formato, para não deixar que as crianças e adolescentes deixassem de estudar. 

Tanto o Estado quanto o Município precisaram se adequar ás aulas remotas para não deixar os estudantes ‘na mão’. O que se previa para poucos meses desde que a pandemia se instaurou em MS, acabou terminando o ano da mesma forma. As teleaulas e ensino a distância deverão seguir, pelo menos de maneira híbrida no ensino, até 2021.

Fronteiras fechadas

Fazendo fronteira com 8 países, o Brasil chegou a fechar as fronteiras terrestres logo após os primeiros casos que surgiram no país, em 19 de março. Mato Grosso do Sul faz fronteira com dois países, Bolívia e o Paraguai, onde passou meses com as divisas entre as cidades bloqueadas.

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Soldado paraguaio vigia a fronteira ainda fechada. (Foto: Marcos Morandi)

No dia 26 de março, na fronteira entre Pedro Juan Caballero e Ponta Porã militares chegaram a instalar arame farpado nas ruas para impedir o acesso de brasileiros.

O trabalho foi executado por militares da FTC (Força-Tarefa Conjunta) e na ocasião, a ordem era restringir ainda mais o acesso de pessoas. O serviço de cargas era liberado e sob monitoramento, para garantir o fornecimento de alimentos e suprimentos médicos.

Após sete meses e 27 dias, as fronteiras foram reabertas entre Brasil e Paraguai, medida bastante comemorada pelos comerciantes no dia 15 de outubro.

Hospital de campanha e caos na Saúde

Com os casos de coronavírus sobrecarregando o HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul), hospital referência no tratamento da doença no estado, o Governo precisou acionar o hospital de campanha em 24 de junho, quando os primeiros pacientes foram atendidos.

HRMS
Em agosto, hospital de campanha montado no HRMS foi desativado. (Foto: Divulgação)

Na época, o secretário de saúde, Geraldo Resende explicou que a estrutura havia sido planejada ainda no início da pandemia, com o Estado adotando medida preventiva para uma possível sobrecarga no sistema de saúde. O hospital de campanha, que custou mais de R$ 1,2 milhão, foi desativado em agosto, quando leitos começaram as esvaziar nos hospitais.

Poucos dias antes, a Santa Casa, único hospital que recebia pacientes não-covid enfrentou um colapso, quando leitos de UTIs atingiram 100% da ocupação. Na época, o hospital explicou que a maioria eram vítimas de violência no trânsito e pediu a conscientização dos moradores.

O ano do

O novo modelo de trabalho imposto pela pandemia do coronavírus em várias partes do mundo fez com que empresas de diferentes setores reavaliassem a rotina de seus funcionários em Mato Grosso do Sul. Desde março, quando os primeiros casos surgiram no estado, as empresas trataram de preservar a saúde dos funcionários, mantendo-os em casa, mas trabalhando normalmente.

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Redação do Midiamax vazia | Foto: Leonardo de França, Midiamax

No Jornal Midiamax, por exemplo, no dia 18 de março, ficou decidido na redação ao final do expediente que a maior parte dos jornalistas trabalharia de casa pelos próximos 15 dias, mas o que nenhum deles sabia, ainda, é que completariam cinco meses no home office. Um dos maiores jornais do estado ainda mantém alguns funcionários trabalhando de casa, seguindo com o expediente em teletrabalho.

Nos órgãos públicos, como na Prefeitura Municipal, por exemplo, 2.378 servidores ainda estavam trabalhando de casa em agosto. Todos pessoas acima de 60 anos ou com comorbidades que as colocam no grupo de risco da doença.

Como reflexo do novo modelo de trabalho imposto pela pandemia, muitas empresas aderiram de vez o home office e encerraram os aluguéis de espaços físicos e isso gerou grande impacto no setor imobiliário.

Supermercados: a ‘luta’ pelo álcool em gel e papel higiênico

Cinco dias após os dois casos confirmados da doença em MS e diante dos decretos de segurança, muitos moradores temeram a escassez de alimentos e produtos de higiene nos supermercados. Filas enormes eram formadas na entrada dos estabelecimentos por diversos dias.

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Filas em supermercados. (Foto: Karina Campos)

Produtos de higiene, como papel higiênico e água sanitária foram alguns dos mais procurados. Além claro, do álcool em gel, que chegou a ficar em falta em vários estabelecimentos na época.

Para evitar a aglomeração, os supermercados permitiam a entrada de 10 clientes por vez e demora nas filas chegavam a ser de até meia hora para realizar as compras.

A disputa por um frasco de álcool gel era tamanha, que muitos estabelecimentos optaram por vender apenas um item para cada consumidor. 

Espaços públicos fechados

Para contenção do novo coronavírus em Campo Grande, foi determinado ainda março que as praças e espaços públicos de convivência fossem fechados. Os espaços fechados foram as praças Ary Coelho, Itanhangá, OshiroTakemori (Mercadão), Preto Velho, do Vida Nova III, Oswaldo Arantes e a área de Lazer Lúdio Martins de Coelho Filho – Ludinho.

Um dos espaços de lazer mais procurados pelos campo-grandenses, o Parque das Nações Indígenas, chegou a ser fechado no dia 20 de março para impedir a circulação de pessoas e voltou a ser aberto apenas no dia 8 de outubro, sete meses depois.

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Ipês na Praça Ary Coelho, no Centro. (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo).