O ano de 2019 foi repleto de acontecimentos nas escolas estaduais de Mato Grosso do Sul. Muitos problemas envolveram jovens, corpo docente, problemas estruturais, tentativas de massacres, brigas, fechamento de portas e até morte.

Janeiro – No primeiro mês do ano, a Justiça acatou o pedido da e proibiu o fechamento de quatro escolas estaduais em Campo Grande. A decisão do juiz Marcel Henry Batista de Arruda, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, foi para a continuidade do funcionamento das escolas, ao menos em 2019.

No dia 23 de janeiro, a chuva e fortes ventos derrubaram árvores e uma placa de propaganda que destruíram carros e um muro de uma escola estadual em Campo Grande. Ninguém ficou ferido em nenhum dos casos.

Fevereiro – Neste ano, mais 12 escolas estaduais de Ensino Médio passaram a oferecer o ensino em tempo integral em Mato Grosso do Sul. Foram  57 unidades de ensino integral, incluindo escolas de ensino fundamental e médio.

No dia 26 de fevereiro, um vídeo gravado mostra alunas da José Mamede de Aquino, no Aeroporto, em Campo Grande, brigando no intervalo do período matutino. Após alguns segundos de briga, outras alunas intervêm e apenas uma pessoa sem uniforme aparece para ajudar.

Março – Policiais militares da Ronda Escolar e da Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude) apreenderam, no dia 20 de março, dois adolescentes que ameaçavam explodir a Escola Estadual Blanche dos Santos Pereira, localizada no Jardim Tijuca, em Campo Grande. De acordo com as informações da polícia, após saberem que os adolescentes, de 14 e 16 anos, estavam com receitas de bombas caseiras e até sobre uma suposta ameaça de explodir a escola, a diretoria acionou a Polícia Militar.

Um suposto bilhete deixado em uma sala de aula de uma escola estadual, no bairro Vila Vilas Boas, em Campo Grande, no início da tarde do dia 28 de março assustou alunos. O bilhete dizia que haveria um massacre as 14h40, horário da saída dos estudantes. Também foi criada uma rede Wi-Fi com o nome ‘Massacre14h40'.

Abril – Um adolescente, aluno de uma escola estadual de Três Lagoas, cidade distante 326 km de Campo Grande, foi apreendido no dia 22 de abril após ameaçar um ataque. Em mensagens enviadas por WhatsApp, o menino perguntava se alguém iria para a escola e chegou a enviar fotos de facas, máscara e estilete.

Um adolescente de 17 anos, aluno de uma escola estadual do Bairro Itanhangá Parque, em Campo Grande, disse que iria “sangrar” o supervisor da escola de 37 anos. Na noite do dia 24 de abril o aluno chegou a entregar a faca que levou à escola, para o supervisor, na hora da saída, como forma de ameaça.

Maio – Os pais de alunos da Escola Estadual Élia Cardoso, no Jardim São Conrado, em Campo Grande, denunciaram a falta de merenda dos filhos que estudam no período da manhã no colégio. A merenda deixou de ser servida desde o dia 20 de maio e Governo Estadual aponta greve dos servidores administrativos como fator, pois setor da escola estaria desfalcado.

Alunos da Escola Estadual Lúcia Martins Coelho foram dispensados, na tarde do dia 27 de maio, após ingerirem comida com laxante na hora do almoço. A substância teria sido jogada por um dos estudantes dentro de uma das panelas. De acordo com informações da SED (Secretaria Estadual de Educação), no momento em que a refeição é servida, em um estante de buffet para que os estudantes possam tirar seu almoço, o adolescente teve acesso a uma das panelas e jogou o laxante dentro de uma delas.

Um rapaz de 15 anos foi esfaqueado por outro, de 18, na saída dos alunos da Escola Estadual Aracy Eudociak, Jardim Tijuca, no dia 28 de maio. A vítima teve um ferimento grave e foi encaminhada para a Santa Casa de Campo Grande. Conforme as informações de testemunhas, na saída dos alunos havia uma roda de pessoas no entorno da escola, algumas que não eram alunas, entre elas o adolescente. “Ele [adolescente] ficou chamando e o menino foi, aí eles começaram a brigar, quando o maior desferiu a facada”, contou uma testemunha. O rapaz de 18 anos seria aluno da escola, já o de 15 não estudava no local.

No dia 29 de maio, uma carteira da escola Estadual Cel. Pedro José Rufino, em Jardim, foi recolhida com possível recado de massacre contra os alunos. “Amanhã vocês vão ver o que eu sou de verdade quando não houver nenhum sobrevivente nessa escola”, foram os dizeres escritos por um dos alunos da escola em claro tom de que algo aconteceria naquele dia. Mensagens enviadas por um dos leitores do Jornal Midiamax, aponta que o aluno em questão, teria publicado em seus “status” do WhatsApp fotos das armas e uma mensagem como “É amanhã E.E.C.P.J.R”.

Junho – No dia 5 de junho um caso de ameaça de massacre em uma Escola Estadual de Campo Grande virou caso de polícia. A denúncia foi feita após funcionários identificarem uma rede Wi-Fi nomeada com horário do suposto atentado. O registro foi feito na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga e consta que, quando os funcionários foram acessar a rede Wi-Fi da escola, notaram que uma outra rede da região estava nomeada como “Massacre às 9:30”.

Julho – Dois professores de Campo Grande foram investigados por assediarem sexualmente alunas de aproximadamente 16 anos. Um professor é contratado de uma escola particular, enquanto outro é servidor de um Colégio Estadual.

Em julho, a SED (Secretaria de Estado de Educação) confirmou o fechamento das turmas do período noturno da Escola Estadual José Barbosa Rodrigues, no bairro Universitário, região sul de Campo Grande. Os alunos foram encaminhados para a Escola Estadual Professora Maria de Lourdes Toledo Areias.

Agosto – Uma paralisação nacional em vários setores aconteceu no dia 13 de agosto, em Mato Grosso do Sul, servidores da educação interromperam o expediente para protestar contra os cortes no ensino. Escolas municipais e estaduais ficaram sem aula.

Dois adolescentes foram flagrados vendendo e consumindo droga dentro de uma escola estadual no bairro Santo Eugênio, em Campo Grande. O adolescente que estava comercializando a maconha foi apreendido pela Polícia Militar no dia 15 de agosto.

Setembro – Em Três Lagoas, no dia 16 de setembro, a faxineira de uma escola estadual encontrou um bilhete com ameaça de massacre na instituição de ensino. No papel dizia: “No dia 20/09/2019 – Atentado na Escola, com objetivo de matar 32 pessoas e 04 professores, seremos heróis”. O diretor chamou a Ronda Escolar que identificou dos garotos responsáveis pelo bilhete, sendo que teriam confirmado que pretendiam matar os colegas e professores por estarem passando por problemas pessoais em casa.

No dia 18 de setembro, dezenas de estudantes da Escola de Estadual Amélio de Carvalho Bais, no bairro Coophatrabalho, passaram mal. De acordo com o relato dos pais, os estudantes sofreram intoxicação alimentar e tiveram sintomas como vômitos intensos, diarreia, dores musculares, febre e mal-estar.

Uma adolescente de 15 anos procurou a delegacia da cidade de , segundo ela, depois que o diretor da escola e também vereador na cidade tentou beijar a sua boca durante a aplicação de uma prova, no dia 20 de setembro. A menina foi acompanhada da mãe até a delegacia, onde contou que teria pedido para uma professora adiantar a aplicação de uma prova que faria no sábado (22) já que estava com viagem marcada. A professora, então, pediu que a adolescente fosse até a sala da direção para realizar a prova.

Outubro – No início de outubro, dia 2, das 376 escolas estaduais de MS, cerca de 340 aderiram à greve. Segundo o presidente da Fetems, Jaime Teixeira, a greve foi motivada pela falta de diálogo entre os profissionais e o Governo de MS.

Um adolescente de 17 anos foi apreendido no dia 9 de outubro após ser flagrado com um revólver dentro de uma escola estadual na cidade de Paranhos, a 477 quilômetros de Campo Grande. Ele afirmou que iria acertas as contas com um estudante de outra unidade escolar. Conforme as informações da Polícia Militar, que realizou a apreensão do menor, a equipe foi acionada por um professor que afirmou que um de seus alunos estava sendo ameaçado de morte por outro estudante.

Mãe de uma aluna invadiu a Escola Estadual Rui Barbosa, no Bairro Santo Antônio, e agrediu uma adolescente na tarde do dia 31 de outubro, em Campo Grande. A mulher agrediu a aluna, aparentemente, devido a alguma rixa com a filha dela.

Novembro – Ciúmes, bullying e inimizades são alguns dos fatores que terminaram em várias brigas nas escolas. No dia 7 de novembro uma adolescente de 12 anos foi agredida no banheiro da Escola Estadual Dolor Ferreira de Andrade por uma colega de classe que teria ficado com ciúmes por ela ser nova na escola.

No dia 20, foi apreendido e levado para a delegacia de polícia de Campo Grande, um adolescente de 17 anos, que estava ameaçando de morte o diretor da Escola Estadual Joaquim Murtinho. Durante a abordagem, o adolescente chegou a debochar dos policiais.

Alunos e professores da Escola Estadual Professor Carlos Henrique Schrader, no Jardim Flamboyant, protestaram na Câmara Municipal de Campo Grande no dia 21 de novembro contra o fechamento da instituição de ensino. No dia 19, aproximadamente 320 pessoas, entre alunos, pais e servidores da escola protestaram contra essa medida da SED de fechar o colégio.

No dia 29 de novembro a SED (Secretaria de Estado de Educação) divulgou a lista de escolas fechadas em Mato Grosso do Sul. Ao todo, são 13 escolas ‘reordenadas', sendo que cinco delas encerram as atividades e 8 passam a ser municipais, ou seja, deixam de oferecer o ensino médio.

Dezembro – Em , pais de alunos que foram até a sessão na Câmara Municipal protestar contra a municipalização da Escola Estadual Rotary Dr. Nelson de Araújo.

Psicologia na educação

Diante de tantos ocorridos de violência, massacres, mortes e outros casos que ocorreram em 2019 nas escolas estaduais, o Jornal Midiamax acionou a SED para ter um posicionamento sobre os fatos. A secretaria explica que as escolas promovem ações voltadas para o combate ao bullying, preconceito, violência doméstica e também a violência contra a mulher. As ações possuem o acompanhamento da Coped (Coordenadoria de Psicologia Educacional).

A Secretaria salienta que trabalha para evitar todo o tipo de transtorno e que brigas como estas se repitam no ambiente escolar. A pasta afirma que “investe em iniciativas voltadas para o atendimento das unidades escolares” intermediadas pelas coordenadorias de Psicologias Educacional e de Políticas Específicas par a educação.