Pular para o conteúdo
Transparência

#Retrospectiva: mortes e operação contra corrupção colocaram HRMS em xeque

O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) foi assunto recorrente em 2019 no Jornal Midiamax. Uma série de reclamações e denúncias sobre o local foram recebidas e confirmadas pela reportagem durante o ano, com problemas estruturais e de gestão, além de números sobre mortes que saltam aos olhos, colocarem o local em xeque. […]
Arquivo -
Policiais realizaram buscas no Hospital Regional de MS (Foto: Marcos Ermínio)
Policiais realizaram buscas no Hospital Regional de MS (Foto: Marcos Ermínio)

O HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul) foi assunto recorrente em 2019 no Jornal Midiamax. Uma série de reclamações e denúncias sobre o local foram recebidas e confirmadas pela reportagem durante o ano, com problemas estruturais e de gestão, além de números sobre mortes que saltam aos olhos, colocarem o local em xeque.

Deflagrada no fim de 2018, a Operação Reagente investigou esquemas de corrupção que no decorrer de 2019 revelaram situações como um superfaturamento de até 3.200% na compra de reagentes químicos pelo Estado. Ao todo, 13 réus foram investigados em ação que pede bloqueio de R$ 11 milhões e condenação por administrativa.

As investigações revelaram atitudes maquiavélicas. Uma máquina de realização de exames de sangue teria sido quebrada por servidores para manter contrato com as empresas Lab Pack e Neoline, que rendeu desde 2012 o valor de R$ 25 milhões. Os alvos da operação também foram flagrados em gravações cometendo atos de racismo.

Apesar de todos os problemas apontados, o Governo do Estado publicou três meses depois um decreto que liberou o hospital a comprar sem licitação para abastecer o Hospital Regional em . A falta de materiais básicos no local passou a ser recorrente e a unidade passou a ter números alarmantes de mortes.

Ação recusada e problemas e mais problemas

Em março, a juíza da 3ª Vara Criminal, Eucélia Moreira Cassal, rejeitou e arquivou a denúncia que apontava um desvio de mais de R$ 3 milhões no HRMS para aquisição de reagentes. Com isso, a investigação foi encerrada. Porém, outros crimes que teriam sido cometidos no hospital continuaram sendo apurados na Operação Again.

Porém, a situação no hospital cada dia mais foi se tornando calamitosa, motivando inclusive a saída do então diretor do local para chegada de nova gestão, mas os problemas persistiram. Falta de medicamentos, insumos em geral, de médicos e vagas, além de precária infraestrutura física.

Marcio Eduardo de Sousa Pereira, médico que comandava o hospital, pediu exoneração através do PDV (Plano de Demissão Voluntária) e seu cargo passou a ser ocupado Rosana Leite de Melo, também médica e servidora de carreira.

O hospital passou por problemas no setor de quimioterapia e ficou até sem lençol para as macas e até kits cirúrgicos. Um surto de piolhos atingiu a unidade em julho, sendo ‘invadida’ por moscas após o sistema de ar condicionado estragar.

Já a falta de médicos também provocou inúmeras reclamações, sendo que culpado pelo problema um erro na escala. Para acabar com o problema, a Justiça em outubro deu 60 dias para que mais profissionais fossem contratados.

Além disso, uma peça de bronze da autoclave do hospital foi furtada e desapareceu antes de leilão e os elevadores do hospital quebraram, dificultando os atendimentos e fazendo com que os funcionários considerassem os equipamentos condenados.

Até outubro, foram registradas 1.140 mortes no HRMS, chegando a uma média de 132 mortes por mês. Essa situação e outras que contribuíram para chegar a esses números foram alvo de diversas apurações do Ministério Público.

#Retrospectiva: mortes e operação contra corrupção colocaram HRMS em xeque
Divulgação, HRMS

Risco de greve e busca por mais recursos

A falta de funcionários no local também foi apontada pelo Coren (Conselho Regional de Enfermagem), que apontou ali déficit de 261 enfermeiros e 197 técnicos de enfermagem. O caos no hospital motivou até a organização de uma greve pelos servidores, ato que foi barrado pelo Governo do Estado judicialmente.

Outra questão alvo de denúncia no MPMS e na CGU é relativa a suspeitas sobre o contrato milionário firmado pelo governador Reinaldo Azambuja com uma empresa terceirizada que já recebeu mais de R$ 110 milhões nos últimos quatro anos pela locação de equipamentos de exames de imagem nos hospitais estaduais.

No contraponto aos problemas de suspeita de corrupção e de desassistência no HRMS, o Governo seguiu em busca de mais recursos ainda para a unidade, como R$ 4,8 milhões do Ministério da Saúde, além de R$ 13 milhões para construir novo bloco.

Recentemente, o governador (PSDB) cancelou parte do Refinanciamento da Dívida Pública Contratual Estadual Interna para suplementar R$ 21 milhões para Gestão e Manutenção do Hospital Regional.

Em outra suplementação, em dezembro, mais R$ 14.385.216,00 foram suplementados para a Gestão e Manutenção da unidade. No dia 20, um extra de R$ 1,9 milhão foi destinado para o hospital, que faz atendimentos pelo SUS (Sistema Único de Saúde) com portas abertas – ou seja, sem passagem por postos de saúde – e recebe também verbas municipais.

Operação Again e bloqueio de bens

Deflagrada em janeiro de 2018, a Operação Again visou desarticular organização criminosa responsável por fraudes a licitações e desvios de recursos públicos no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian e no Hospital Regional, ambos de Campo Grande.

De acordo com as investigações, o esquema fraudava licitações causando sobrepreço nos produtos adquiridos. A apuração constatou ainda o recebimento de produtos com prazo de validade e qualidade inferiores ao previsto nos contratos.

Além disso, há indícios de que os integrantes da organização criminosa desviavam os materiais hospitalares – comprados com a finalidade pública de atender à população – para serem utilizados em clínicas particulares.

No dia 16 deste mês, a 3ª Vara da Justiça Federal de Campo Grande ampliou o bloqueio de bens dos réus da Operação Again de R$ 4,5 milhões para R$ 5,4 milhões. Os alvos foram os médicos Mércule Pedro Paulista Cavalcante e Pablo Augusto de Souza e Figueiredo, além de Klaus de Vasconcelos Rodrigues, Ramon Costa e Costa e Emerson Jansen de Vaconcelos.

Todos eles suspeitos de direcionarem licitação para contratarem as empresas Amplimed Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda, Vascomed Comércio de Materiais Hospitalares Eireli Epp e Cat Stent Distribuidora de Produtos Hospitalares Ltda.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais
sudeco caravana

Caravana Sudeco desembarca em Três Lagoas com microcrédito para agricultura familiar

Trabalhadores paralisam obra de alojamento da Arauco em protesto por garantia trabalhistas

Contra a Presunção de Veracidade: A Necessidade de Provas Corroborativas ao Testemunho Policial

2ª fase evidenciou fragilidade da Agereg e Agetran, diz presidente da CPI do Consórcio

Notícias mais lidas agora

MPMS gastou R$ 496 mil com concurso para promotor com 100% dos candidatos reprovados

pcms santa casa

Cirurgião-dentista morreu após cair do 6º andar da Santa Casa, diz polícia

Quatro aparelhos e 50 chips são apreendidos com grupo que clonou celular de Riedel

Atenção: abre na sexta-feira inscrição para curso gratuito de fotografia

Últimas Notícias

Polícia

Homem tenta se defender de cachorro, mas acaba sendo esfaqueado no Los Angeles

A vítima foi socorrida pelo Samu e encaminhada para a Santa Casa

Sem Categoria

Alunos da Reme realizam testes de Matemática e Ciências em 2º dia de aplicação do SAEB

Ação é voltada à preparação dos alunos da Rede Municipal de Ensino

Cotidiano

Festival abre vagas para oficina gratuita de Iniciação ao Cinema em Bonito 

A ação integra o Bonito CineSur Educa e será realizada no Projeto Garoto Cidadão; inscrições abrem esta quinta-feira (5)

Polícia

Homem é condenado a 9 anos de prisão em regime fechado pela morte de comerciante na Homex

O réu passou por júri popular nesta quarta-feira