Sem estatísticas sobre crescimento, comércio dos bairros ganhou força na pandemia

O crescimento do comércio dos bairros é visível, porém hoje é impossível mencionar estatísticas como quantas empresas, quais segmentos, quantos funcionários

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Área de comércio no Bairro Moreninhas, em Campo Grande . (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

O início da pandemia de Covid-19 em 2020 foi um divisor de águas para o comércio dos bairros de Campo Grande. O pânico de ver as lojas fechadas e o faturamento cair deu lugar ao crescimento exponencial, seguido de novos investimentos e o consequente aumento das vendas.

Nesta semana, o Jornal Midiamax percorreu seis bairros periféricos onde o comércio é crescente. E encontrou homens e mulheres que decidiram investir no próprio sonho de olho em um futuro promissor. E foi justamente a pandemia que deu aquela ‘forcinha’ que faltava aos comerciantes dos bairros.

O “fique em casa” fez que com os olhares se voltassem ao próprio bairro e as possibilidades que ali existiam. Quase três anos depois, os bairros se tornaram um grande potencial para investidores e empresários, que cada dia mais migram do centro da cidade de olho no aumento nas vendas.

É fato que os últimos anos foram de queda no poder de compra da população e de aumento exponencial da pobreza. Porém, o que se vê nos bairros é que se deixou de gastar com transporte e deslocamento até o centro, para priorizar a compra no lojista perto de casa. Afinal, o consumo continua.

Confira nossas matérias sobre comércio do centro e dos bairros PioneirosMoreninhasNasser, Cafezais, Nova Lima e Aero Rancho.

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Lojas de comércio popular reinam na região (Foto: Marcos Ermínio, Midiamax)

Não há estatísticas sobre os bairros

Atualmente é impossível mencionar quantas empresas e de quais segmentos existem em cada bairro, simplesmente porque nenhuma entidade monitora esse setor. E não é por falta de entidade. Além da prefeitura, Campo Grande tem CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), ACICG (Associação Comercial e Industrial), Fecomércio (Federação do Comércio) e Sebrae.

Há projetos em andamento, mas nenhum que de fato monitore as empresas e principalmente o crescimento de cada bairro. Dessa forma, também não é possível precisar quais são os bairros que mais geram emprego ou que mais cresceram nos últimos anos.

A ACICG quer retomar em 2023 o projeto que percorre bairros para ouvir as demandas dos empresários e levar capacitação para os interessados. “Paramos na pandemia, mas em fevereiro próximo vamos retomar. Queremos ouvir as demandas desses empresários, que sempre estiveram mais ligadas a segurança pública, carga tributária, falta de investimentos”, afirma Renato Paniago, presidente da ACICG.

A Fecomércio afirma que as organizações estão atentas ao movimento do comércio, seja ele no centro, nos shoppings ou nos bairros. E que, em 2022, investigou as demandas do empresário e do consumidor nos bairros, para subsidiar tomadas de decisões. Os dados dessa pesquisa ainda não estão disponíveis.

Rua Arquiteto Vila Nova Artigas (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Sebrae investiu em escritórios nos bairros

Em 2021, o Sebrae abriu duas unidades em bairros, sendo uma no Nova Lima e outra no Parati, que atendem 22 mil e 17 mil empresas, respectivamente. Segundo a entidade, as inaugurações integram estratégia de descentralização do atendimento do Sebrae em direção aos bairros, que apresentam uma dinâmica própria de comércio.

A instituição viu a necessidade de estar “onde o empreendedor está”, acompanhando a expansão do comércio nessas regiões. Para a Fecomércio, que atua junto ao Sebrae, o crescimento do comércio dos bairros é um processo gradativo e natural.

“No dia a dia o consumidor opta pela praticidade, sendo assim, o empreendedor que percebe essa necessidade no bairro tem a possibilidade de crescimento, desde que acompanhem as tendências de mercado e se atualizem de acordo com as atuais necessidades”, afirma o presidente da Fecomércio, Edison Araújo.

Para a ACICG, a evolução do comércio dos bairros gera benefícios principalmente para a população. “O consumidor está querendo mais conveniência e é muito melhor estar próximo de casa. O bairro está tendo infraestrutura, a mão de obra próxima ajuda e a gente acha muito benéfico quando a situação é interessante para o consumidor e para o empresário”, afirma Renato Paniago.

Confira as reportagens da série do Midiamax sobre o comércio nos bairros

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