Nem mesmo shopping vizinho desmotivou quem sempre acreditou no comércio do Nova Lima
Na Jerônimo de Albuquerque, principal avenida do bairro, comerciantes falam sobre crescimento
Karina Campos –
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“Não tinha nem asfalto, era uma areia”. O relato é de uma família de comerciantes que apostou no avanço do bairro Nova Lima, em Campo Grande, há 28 anos, e que hoje colhe os frutos do desenvolvimento da Rua Jerônimo de Albuquerque. Nem mesmo um shopping vizinho ao bairro, o Bosque dos Ipês, desmotivou quem preferiu investir no bairro ao invés da área central.
Na série de reportagens que o Jornal Midiamax publica nesta semana, você vê em detalhes a expansão do comércio nos bairros de Campo Grande, que tem se fortalecido nos últimos anos.
Uma das pioneiras, Luciene Brito, de 41 anos, deixou a feira livre de lado e alugou um salão na rua. Há 12 anos, mantém uma loja de roupa, a Goiânia Modas. Na época, era ‘febre’ na cidade as lojas do ramo popular, estilo ‘Goianão’: as araras de roupa, manequim com as peças da moda e prateleiras com estoque à mostra.
“Foi uma ideia do meu marido, a gente tinha uma barraca na feira, mas pensávamos em um ponto fixo. Tinha poucas lojas na época, o mercado, uma outra de roupa. Era mais casas nessa rua do que comércio. No dia 20 de janeiro comemoramos 13 anos que estamos aqui trabalhando”.
Número de lojas crescendo
Perguntada se indicaria o bairro para quem pensa em investir, Luciene não hesita: “Sem dúvidas. Eu não tinha nada quando vim para cá. Hoje eu tenho minha casa própria, carro. Foi por muito trabalho aqui e hoje colho os frutos. Falta melhorar as estruturas do bairro, as outras ruas que não foram asfaltadas, mas acredito que vai crescer ainda mais para o comércio”.
Segundo o monitoramento do Procep, com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), cerca de 225 empresas ativas estão cadastradas na Rua Jerônimo de Albuquerque. A comercialização varia para diversos ramos e serviços.
Por lá se encontram sete restaurantes e marmitarias, três oficinas mecânicas, duas de materiais de construção, três mercados, três autoescolas, quatro farmácias e empresas de utilitários. A visão de que no Nova Lima tem de tudo reina entre os entrevistados. A questão da insegurança pela criminalidade não assusta tanto os empresários. Há uma base da Polícia Militar na rua e monitoramento.
A dentista Dra. Tainá Aquino abriu o consultório há quase sete anos e também não se arrepende de ter investido, até pensa em expandir o local. Ela conheceu o bairro através de uma promessa desenganada de emprego, quando viu a oportunidade.
“Nota que as pessoas estão preferindo ir em lugares mais perto, em vez de se deslocar até o Centro, de pegar ônibus ou gastar com transporte até lá. Em média atendo 15 pessoas por dia. A porta fica aberta e tem gente entrando. Algumas pessoas tem o preconceito de que se está no bairro, o serviço tem que ser mais barato, mas depende do procedimento, mas o custo é um pouco mais humilde comparando as clínicas em regiões mais caras”.
Tainá só não abriu mais o consultório por falta de espaço. “Tenho medo de ir para outro lugar maior e não tem o mesmo movimento que aqui. Eu estou esperando a melhor oportunidade, mas não largo aqui não, viu?!”
Concorrência
E o espaço é concorrido nos quase 4 km de extensão da rua. Técnico em informática Hudson Samuel Lescano do Couto, de 21 anos, afirma que o que mais há são empresas do mesmo ramo, mas o serviço é que ganho o cliente. A loja tem dois vizinhos, literalmente um do lado do outro, do mesmo segmento.
“O povo começou a dar mais valor para o bairro, tem gente que está migrando para a região. Tenho demanda todo dia, não tem dia parado, mesmo tendo muita concorrência, tem espaço para todo mundo trabalhar. Tem a outra avenida que também querem transformar igual essa para ter mais galerias”.
Poucas ruas do Nova Lima estão asfaltadas e algumas ainda em obras, mesmo assim, a ideia de expansão reforça que nem mesmo um shopping vizinho tira a clientela do comércio local, até mesmo pelos gastos comparativos.
“Tinha cliente que mora aqui e foi no shopping, pagou R$ 80 em uma capinha de celular igual [a que] temos aqui. Ela ficou surpresa porque o mesmo produto era mais barato aqui. Claro, que quem pensa em investir prefere aqui pensando que o aluguel e shopping é mais caro”, compara Hudson.
Tradição dos pioneiros
Dayane Moreira, de 27 anos, é nora da família que começou as poucos e firmou história em uma das regiões mais populosas da Capital. Há 28 anos, os sogros cresceram de uma bicicletaria para a loja de utilitários. A empresa não brinca em dizer que tem de tudo um pouco: roupa, material escolar, presentes, aviamento, papelaria e ainda continuam com a venda de bikes.
“A Ciclo Marques começou quando não tinha nem asfalto, era uma areia na rua. Meus sonhos foram os primeiros a crescer aqui. Tinha a bicicletaria, mas o movimento começou a cair, quando começaram a vender um pouco disso, um pouco daquilo, e hoje tem de tudo. Tinham loja até do outro lado da rua e hoje é uma das maiores”.
Do velho ao novo
A ideia que se tem da academia ‘raiz’ são aquelas antigas com peso enferrujado, o que vem se perdendo nos últimos tempos. Uma rede de academia procurou expandir para o bairro com o conceito de modernidade próximo da comunidade.
“Meu chefe procurou regiões de bairro para construir a academia, porque já tem no Centro, e precisava de um lugar populoso, em crescimento como o Nova Lima. Aqui temos oito funcionários e cerca de 800 alunos. Saíram alguns por causa do fim do ano, mas em janeiro voltam e já chegamos aos 1,2 mil alunos”, conta a recepcionista Jéssica Paola.
Confira as reportagens da série do Midiamax sobre o comércio nos bairros
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