Na avenida dos Cafezais, distância do Centro fortalece comércio que ‘tem de tudo’
Avenida é acesso para diversos bairros do Centro-Oeste, onde moram mais de 24 mil pessoas. Além do crescimento dos últimos anos, Cafezais passa por duplicação
Priscilla Peres –
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O comércio da avenida dos Cafezais teve crescimento exponencial nos últimos anos. A robustez dos negócios é visível e agrada não só comerciantes, que veem o movimento e as vendas aumentarem, mas também moradores que precisam se deslocar menos para fazer compras.
A avenida é a principal da região do bairro Centro-Oeste e está localizada a mais de 10 km do centro de Campo Grande. A distância, o custo com deslocamento e o transporte público precário, são os principais fatores para a expansão do comércio do bairro, onde moram mais de 24 mil pessoas, conforme dados do Censo 2010.
Ao longo de quase 3 km de avenida é possível encontrar rede de atacadista, três supermercados, quatro farmácias, posto de combustível, lotérica, além de diversas lojas de vestuário, sapatos, utilidades, restaurantes, lanchonete e padaria, pet shop, embalagens, salão de beleza, entre outras.
A avenida dos Cafezais é um exemplo de comércio de bairro forte, robusto e em crescimento, retratada em série de reportagens do Jornal Midiamax nesta semana. Confira nossas matérias sobre o setor nos bairros Pioneiros, Moreninhas e Nasser.
Investimento que deu certo
Há 15 anos, o casal José Francisco Alves, 53, e Marcia Adriana, 50, fizeram uma aposta. Compraram por R$ 20 mil um imóvel na avenida dos Cafezais e decidiram abrir uma loja de roupa. O investimento foi acreditando no potencial de crescimento da região, que na época ganhava novos residenciais. E eles estavam certos.
José conta que em 2007 já havia asfalto e um conjunto habitacional na região, mas eles foram um dos pioneiros do comércio. “Na época só tinha um mercado pequeno, poucas coisas aqui. O comércio cresceu muito”, diz ele, que também mora na região e sente falta apenas de um cartório.
A tendência de migração para os bairros desde a pandemia é realidade na Cafezais. Na loja de roupas, o faturamento cresceu 20% no últimos dois anos. “A gente percebe que as pessoas estão migrando as compras para os bairros. Tem lojas grandes vindo para cá, além disso o preço dos produtos é o mesmo ou até menor se comparado ao centro”.
De 2020 para cá, a avenida ganhou um atacadista, dois mercados, filiais de loja de cosmético, sorveteria e vestuário. Marcas conhecidas em Campo Grande que decidiram investir no bairro.
Potencial não contabilizado
Lojistas estimam em 200 o número de comércios na Cafezais, mas não há números oficiais. No bairro também não há uma associação de lojistas ou algo do tipo. É cada um por sua conta, mas se ajudando quando possível.
Anderson Mendes Garcia, 44, é outro empresário antigo da região e que há anos teve visão de investir na avenida. Em 2002, ele comprou um terreno na região e anos depois decidiu ter o próprio negócio, uma loja de sapatos.
A escolha não foi aleatória, já que ele trabalhava na época e uniu forças em família para investir numa loja própria. Apostando em grande variedade e qualidade, a loja não perde nada para marcas de rede e se destaca na região.
“Vem pessoas de outros bairros comprar aqui. Nos tornamos referência, com qualidade, preço bom e variedade”, conta ele, que também viu aumento das vendas nos últimos dois anos.
As irmãs Carla e Alexandra Duarte são clientes da loja e das redondezas. Elas contam que sempre optam por fazer as compras na região e evitam ir ao centro. “Sou artesã, quase tudo que preciso eu encontro aqui. É bom que evito o transtorno de ir ao centro, pegar ônibus e tudo mais”, conta Carla.
Para Alexandra, a única coisa que falta na Cafezais é “uma boa padaria”, fora isso ela diz que encontra tudo o que precisa e com preços bons e semelhantes aos do centro da cidade.
Expectativa de expansão
A avenida dos Cafezais está contemplada nas obras do novo acesso às Moreninhas e recebendo investimentos que somam R$ 9,5 milhões. A avenida, principal via para diversos bairros, passa por restauração e duplicação.
As obras devem fomentar ainda mais o comércio da região, como estimam lojistas. Sebastião Dias, 56, é proprietário de uma padaria na avenida e recentemente fechou uma unidade que tinha nas Moreninhas.
“Aqui o movimento é muito maior, intenso o dia inteiro. O fim de ano foi muito bom nas vendas e acredito no potencial do comércio aqui”, explica ele, que administra a empresa há menos de um ano.
Por estar localizada em uma região periférica da cidade, a necessidade de maior segurança é um pedido constante. Justamente por questões de segurança, comerciantes mantêm um grupo no WhatsApp e é por lá que se comunicam em casos de roubos, furtos e afins.
Vendedora de uma casa de bolos, Girceia Silva, 36, afirma que o reforço na segurança é a principal necessidade. “Já fui assaltada trabalhando aqui e isso gera insegurança. Fora isso é muito bom poder trabalhar perto de casa”, diz ela, que mora na região.
Confira as reportagens da série do Midiamax sobre o comércio nos bairros
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