#Retrospectiva: Na Vostok, Reinaldo teve mais de R$ 270 milhões bloqueados e família depondo à PF

Investigado desde 2017 pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) enfrentou em 2019 desdobramentos da Operação Vostok que incluíram depoimentos em massa da família Azambuja à Polícia Federal e uma verdadeira batalha judicial para tentar desbloquear mais de R$ 270 milhões apreendidos há mais de um ano em decorrência das investigações. […]

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Medida foi anunciada em entrevista nesta segunda (Arquivo Marcos Ermínio
Medida foi anunciada em entrevista nesta segunda (Arquivo Marcos Ermínio

Investigado desde 2017 pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) enfrentou em 2019 desdobramentos da Operação Vostok que incluíram depoimentos em massa da família Azambuja à Polícia Federal e uma verdadeira batalha judicial para tentar desbloquear mais de R$ 270 milhões apreendidos há mais de um ano em decorrência das investigações.

O filho do governador, Rodrigo Souza Silva, preso por cinco dias em setembro do ano passado, também enfrentou complicações na Justiça neste ano ao tentar ser inocentado das acusações criminais do MPMS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) por suspeitas de participação em roubo de propina que deu errado e de encomendar uma execução.

A Operação Vostok investiga suposto esquema da JBS, delatado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, para pagamento de bois que não eram entregues e nem abatidos, por meio de notas frias, de forma a repassar propina para beneficiários em troca de benefícios fiscais na Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul).

A acusação contra o filho de Reinaldo, inclusive, é desdobramento da investigação que tramita na instância superior. Na época, o aposentado Luiz Carlos Vareiro, 61 anos, afirmou que teria sido contratado por Rodrigo para roubar e executar o corretor de gado José Ricardo Gutti Gumari, o ‘Polaco’.

A revelação constou na decisão do ministro Felix Fisher. Segundo a decisão, “no bojo das investigações, verificou-se a possível arregimentação de eventual eliminação/morte de um dos atores da organização criminosa, o investigado José Ricardo Gutti Gumari, conhecido como “Polaco”, em decorrência da sua ausência de fidelidade a organização”.

Conforme o documento, Polaco estaria chantageando os envolvidos no esquema, sob ameaça de que faria uma delação premiada. Consta ainda que o Preso por suposto roubo de veículo na BR-262, Vareiro denunciou o plano, supostamente encabeçado pelo filho do governador.

Na época, o lavador de carros denunciou que roubou “propina” de R$ 270 mil paga por integrantes da administração estadual a Polaco. Articulador do roubo, Vareiro exigiu a presença do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para revelar como orquestrou o crime.

De acordo com denunciante, o filho de Reinaldo Azambuja teria lhe procurado para encomendar o roubo da propina destinada a Polaco, além da morte do corretor.

Em agosto deste ano, a juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, rejeitou a denúncia criminal contra Rodrigo de Souza e Silva. No entanto, em setembro, a 2ª Câmara Criminal do TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) aceitou por unanimidade o recurso do Ministério contra a decisão que rejeitou denúncia.

Atualmente, o caso retornou à juíza May Melke Amaral Penteado Siravegna para análise.

Desbloqueio milionário

Durante todo o ano de 2019, Reinaldo Azambuja, o 7º candidato mais rico ao governo no Brasil em 2018, tentou desbloquear no STJ R$ 277 milhões da família. Os recursos foram pautados duas vezes na Corte Especial do órgão, inclusive na última sessão do ano, mas tiveram os julgamentos adiados para 2020.

Após serem adiados por duas vezes em novembro, os recursos não haviam sido analisados até que entraram na pauta extra da quarta-feira (18). Sob sigilo, a Corte não informou o motivo da alteração. De acordo com o advogado de defesa de Reinaldo, Gustavo Passarelli, não foi por solicitação da parte. O caso está sob relatoria do ministro Paulo de Tarso Sanseverino depois de licença para tratamento do ministro Félix Fischer.

Além do dinheiro do governador, também foram bloqueados os bens da família de Azambuja, afetando a primeira dama Fátima Souza e Silva e seus três filhos, Rafael, Tiago e Rodrigo Souza e Silva, preso junto a integrantes da alta cúpula do Governo do Estado.

Depoimentos à Polícia Federal

Em setembro deste ano, todos os 14 presos em setembro de 2018 na Operação Vostok eforam intimados a serem ouvidos novamente pelo delegado da Polícia Federal Leandro Alves Ribeiro, que conduz o verdadeiro esforço-concentrado determinado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) nas investigações.

Mais de 100 compareceram à sede da Polícia Federal de Campo Grande. Entre eles, diversos familiares de Reinaldo, como o irmão e até mesmo a mãe do governador, estavam na lista. Porém, Zulmira Azambuja Silva foi dispensada dos depoimentos.

Na ocasião, foram listados pelo delegado para serem ouvidos:

Como investigados:

  • Daniel de Souza Ferreira;
  • Élvio Rodrigues – Dono da Fazenda Santa Maria, em Corumbá, esteve com o advogado Gustavo Passareli, do mesmo escritório que também acompanhou o irmão do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), Roberto Oliveira Silva, conhecido como Beto Azambuja, em depoimento na terça. Élvio teria usado dinheiro de propina para comprar as terras, segundo a investigação.
  • Francisco Carlos Freire de Oliveira – pecuarista que segundo os depoimentos dos irmãos Wesley e Joesley Batista, teria emitido R$ 583 mil em notas fiscais falsas, em 3 de novembro de 2016.
  • Ivanildo da Cunha Miranda – delator da Operação Lama Asfáltica, procurou a Polícia Federal em 2017 com intuito de celebrar o acordo. É apontado como suposto operador das propinas envolvendo o ex-governador André Puccinelli (MDB) no esquema. Ele relatou à Polícia que recebia entre os anos de 2007 a 2010 valores mensais entre R$ 60 mil a R$ 80 mil, e após 2011 até 2013, esse valor, em alguns meses, chegava a R$ 220 mil.
  • João Roberto Baird – Dono de empresa de informática em Mato Grosso do Sul e pecuarista, Baird é investigado na Operação Lama Asfáltica e teriam também lavado dinheiro de propina no Paraguai, segundo as investigações.
  • José Roberto Teixeira – o deputado Zé Teixeira (DEM), que é produtor rural e apontado como emissor de notas fiscais “frias” de R$ 1,6 milhão para dissimulação do esquema de pagamento de propina outras empresas do ramo agropecuário e frigorifico. Segundo as investigações, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um percentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada.
  • Márcio Campos Monteiro – conselheiro do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), ex-secretário estadual de Fazenda, ex-deputado estadual e ex-prefeito de Jardim. Teria emitido mais de R$ 333 mil em notas para JBS em esquema delatado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista. Em troca da propina, o Governo teria concedido benefícios fiscais para a empresa.
  • Miltro Rodrigues Pereira – Da Agropecuária Duas Irmãs, é acusado de emitir notas frias no valor de R$ 1.032.229,80, supostamente transferidos ao governador Reinaldo Azambuja (PSDB), segundo decisão pela prisão dele no ano passado assinada pelo ministro Félix Fischer.
  • Nelson Cintra Ribeiro – ex-secretário estadual de Turismo de Reinaldo Azambuja (PSDB) e ex-prefeito de Porto Murtinho. Pecuarista, teria emitido notas acima dos R$ 296 mil, mas garante que vendeu o gado para o abate e que já regularizou a situação junto à Receita Federal.
  • Osvane Aparecido Ramos – ex-deputado estadual, tem fazenda em Dois Irmãos do Buriti e teria emitido notas de R$ 847 mil à JBS.
  • Rubens Massahiro Matsuda – Dono da Safra Agropecuária, de Dois Irmãos do Buriti, que teria emitido R$ 383 mil em notas frias.
  • Zelito Alves Ribeiro – Ex-prefeito de Aquidauana, é ex-coordenador regional do governo tucano, responsável pela interlocução de alguns municípios com o Parque dos Poderes, e teria emitido notas fiscais para a JBS que somam pouco mais de R$ 1,7 milhão e que seriam frias, usadas para, segundo a delação da multinacional, esquentar a propina paga a integrantes da atual gestão do Governo do Estado.
  • Pavel Chramosta – dono do Frigorífico Buriti, em Aquidauana. É apontado como o maior emissor de notas do suposto esquema, somando R$ 12,9 milhões em notas sob suspeita emitidas entre março e julho de 2015. Os delatores indicaram pagamentos a Reinaldo Azambuja por notas frias, além da entrega de R$ 10 milhões em mãos.
  • Daniel Chramosta – Filho de Pavel, é diretor da Buriti Comércio de Carnes, que também fica em Aquidauana. Junto com o pai, comanda a distribuidora de alimentos na cidade.

Como testemunhas:

Empresas

1 – Agríciola Panorama
2 – Agrodinânica Comércio e Representações
3 – Agropecuária Patagônia
4 – Berlim Indústria e Comércio
5 – Center Boi Neroli Comércio de Carnes
6 – Coopsema Cooperativa Agrícola Mista Serra de Maracaju
7 – Edilson Fernandes Leite ME
8 – Frigo-Braz Frigoríficos
9 – Granosul Comercial e Corretora de Grãos
10 – Log Engenharia
11- Nova Estrela Comércio de Alimentos
12 – Rações Bocchi
13 – SDI Informática e Construções
14 – Território do Couro
15 – União Industria de Suplementação Animal
16 – Vera Lúcia Quadros Batista Eireli

Pessoas

17 – Ademar Marin
18-  Almiro Tamashiroquelho
19 – Álvaro Boeira
20 – André Luiz Toniasso Leandro
21 – Carlos Wagner Guarita Marquez Filho
22- Cícero Carlos Pereira Diniz
23 – Cláudio Cazuyki Maksuda
24 – Cleoerdes Barbosa Ribeiro
25 – Dagoberto Pereira
26 – Daniel Espinoza Ribeiro
27 – Dulce Elena Cavalli Pereira
28 – Edilene José da Silva
29 – Edilson Fernandes Leite
30 – Edmur Miglioli Junior
31 – Edmur Miglioli Neto
32 – Edson Barbosa de Araújo
33 – Eduardo Flores
34 – Eulálio Abel Barbosa
35 – Eurípes Soares Marques
36 – Fábio Ferreira Amarilho
37 – Fabrício Guirelli Fancelli
38 – Gabriela de Azambuja Silva Miranda
39 – Gerson Leme
40 – Hercília de ANdrade Hildebrand
41 – Hermínio Pitão
42 – Ugo Furlan
43 – Jefferson Rodrigo Bianchini Marques
44 – João Guilherme Monteiro
45 – João Peres Moreno Filho
46 – José Carlos Renosto
47 – José Pereira Damaceno
48 – Lenita Schmit de Oliveira Silva
49 – Leo Renato Miranda
50 – Luciano Reges Damaceno
51 – invetariante do espólio de Luiz Sabain
52 – Manoel Eduardo Pires
53 – Marcus Vinícius Saucedo Perez
54 – Maria Auxiliadora Verlangieri Loschi
55 – Maria Cristina Moraes de Ávila
56 – Maria Lúcia Barbosa Ribeiro
57 – Maria Thereza Ferraz ALves Ribeiro
58 – Nilson Roberto Teixeira
59 – Odilon Ferraz Alves Ribeiro
60 – Orestes Rocha Netto
61 – Otávio Cyro Boff
62 – Paulo César Beppler
63 – Pedro Pires
64 – Ramão Miguel Machad
65 – Reginaldo Farias Santos
66 – Renato ALves dos Santos
67 – Roberto de Oliveira Silva Junior
68 – Roberto Ocariz de Souza Rosa
69 – Rodrigo Renosto
70 – Rodrigo Escarioti Montemezzo
71 – Ronaldo Vedovato Acosta
72 – Chirlei Suzini de Paula
73 – Silas Paes Barbosa
74 – Sônia Oliveira Rodrigues
75 – Valdir Fancelli
76 – Valdyr Castro Pereira
77 – Wladimir dos Santos Tereza
78 – Zulmira Azambuja Silva

Administradores da seguintes empresas e pessoas:

79 – Pantanal Holdings Ldings
80 – Sucocítrico Cutrale LTDA
81 – Center Boi Neroli
82 – Ayrton Brayan Correa
83 – Luiz Carlos Sussumu Takaoka
84 – Nelsa Maria de Paula
85 – Paulo Henrique Zillo
Investigados
86 – Daniel de Souza Ferreira
87 – Élvio Rodrigues
88 – Francisco Carlos Freire de Oliveira
89 – Ivanildo da Cunha Miranda
90 – João Roberto Baird
91 – José Roberto Teixeira
92 – Márcio Campos Monteiro
93 – Niltro Rodrigues Pereira
94 – Nelson Cintra Ribeiro
95 – Osvane Aparecido Ramos
96 – Rubens Massahiro Maksuda,
97 – Zelito Alves Ribeiro
98 – Pavel Chramosta
99 – Daniel Chramosta
100 – João Carlos Lemes Siqueira
101 – José Ricardo Guitti Guimaro (que será ouvido em 10 de setembro, em Brasília)
Nelson Trad Filho, o 102º da lista, foi relacionado a ser ouvido como testemunha em oitiva a ser marcada. Ele será ouvido na sede da PF de Brasília.

 

 

Conteúdos relacionados

prefeita eldorado
adriane reforma