Nesta quarta-feira (15), o secretário de saúde indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, disse que a pasta estuda a perfuração de poços nas aldeias de Dourados. Indígenas da cidade, a 230 quilômetros de Campo Grande, denunciaram a falta de água durante dias de altas temperaturas em Mato Grosso do Sul.

Para o secretário, a ação é vista como emergencial. “Emergencialmente nós temos algumas ações de carro-pipa. Na discussão com a Funasa, nós estamos discutindo um plano emergencial que cuide da perfuração de poços e também na contratação de novos carros”, explicou;

Além disso, informou ao lado da ministra Sônia Guajajara — em passagem da Comitiva Participa Parente em MS — que a secretaria de saúde indígena é responsável por cuidar do saneamento nos territórios indígenas.

“Nós temos um passivo muito grande aqui no estado do Mato Grosso do Sul, nós temos ciência disso, nosso distrito sanitário especial indígena tem um diagnóstico dessa situação, nesse ano de 2023 nós aplicamos cerca de 25 milhões nessa área”, explicou.

O secretário disse que mesmo com manutenção do sistema, “ainda é uma área subfinanciada”. Então, para a maior reserva indígena do Estado, buscam “um mecanismo para dar conta dessa realidade, dessa demanda que está reprimida aqui no estado”.

Também apontou que estão elaborando o Programa Nacional de Saneamento em terras indígenas. “Essa é uma área, um gargalo do Ministério da Saúde para cuidar em todos os 34 distritos, e esse diagnóstico que nós temos aqui, ele será cuidado a partir desse nosso Programa Nacional de Saneamento também nos territórios indígenas do Brasil”.

Por fim, disse que a intenção é responsabilizar outros ministérios para aperfeiçoar a parceria com os estados e municípios. “Nós temos a Itaipu Nacional, que está se disponibilizando a apoiar a Secretaria de Saúde Indígena, por meio da articulação, inclusive também com a parceria do MPI. Tem um acordo de cooperação sendo discutido também com a Universidade Federal da Grande Dourados, nós estamos cuidando desse tema saneamento, resíduo sólido e acesso à água por diversos caminhos e com diversas instituições”, finalizou.

ministra indígena sonia saúde
Ministra em passagem por MS (Alicce Rodrigues; Midiamax)

Comitiva em MS

Comitiva do Ministério dos Povos Indígenas, liderada pela Ministra Sônia Guajajara, passou por Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (15). Representantes do Governo Federal passaram por MS para reuniões aa Caravana “Participa Parente”.

O objetivo foi ouvir o posicionamento dos diferentes povos sobre as políticas indigenistas e para que os próprios povos elejam seus representantes que irão compor CNPI (Conselho Nacional de Política Indigenista).

Também trata-se da primeira reunião de trabalho entre Governo Federal, Estadual e Municipal, com foco no diálogo com gestores de municípios sul-mato-grossenses que possuem terras indígenas em seus territórios.

Desabastecimento nas aldeias

Com a onda de calor, a Reserva Indígena Federal de Dourados enfrenta desabastecimento de água, agravando ainda mais a situação crônica que afeta as aldeias Jaguapiru e Bororo. O caso foi denunciado por meio de vídeo que circula nas redes sociais e confirmado pelo capitão Ramão Fernandes.

“Já pedimos água até para Jesus e não sabemos mais o que fazer”, disse o capitão da Aldeia Jaguapiru, a mais populosa das aldeias. “É sempre assim. Ninguém assume a responsabilidade por esse sofrimento que estamos passando”, relata a liderança indígena à reportagem do Midiamax.

“Nesse momento não temos água nem para cozinhar, quanto mais para tomar banho”, relata o capitão. Ele disse que quando a água chega logo some das casas que têm encanamento.

“Além disso, não temos caixas para fazer o armazenamento”, explica Ramão, que já conversou com a coordenação do DSEI-MS (Distrito Sanitário Especial Indígena). A falta de água também afeta moradores das retomadas (acampamentos indígenas) que ficam no entorno da Reserva.

A reportagem do Jornal Midiamax conversou com o gerente regional da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul). Apesar do sistema não pertencer à concessionária, ele disse que tem disponibilizado caminhões-pipas para atendimento da comunidade.

“Além de fornecer água, nossas equipes fizeram melhorias no sistema melhorias. Ficamos quatro meses por lá ajudando”, disse Valente.