Preso após sequência de estupros, motorista usou droga antes de atacar passageiras de 3 aplicativos
Vítimas deram detalhes de como o motorista agia antes e durante os ataques
Renata Portela –
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Preso temporariamente, motorista de aplicativo de 38 anos, acusado de estupros contra duas passageiras e de ainda tentar estuprar uma terceira vítima, ‘atacava’ as mulheres após usar pasta base de cocaína. Duas mulheres contaram à polícia que ele chegou a usar o entorpecente na frente delas.
Em choque após o ocorrido, a vítima de estupro pelo motorista na madrugada do dia 29 de maio contou que solicitou a corrida por um aplicativo, ao sair do trabalho, e acionou o áudio, para que a viagem fosse gravada. Assim como nos outros casos, houve confusão no início da corrida, já que o carro que chegou não era o que aparecia no aplicativo.
O motorista disse que tinha trocado de carro, mas chamou a vítima pelo nome e falou o itinerário, quando a vítima entrou no veículo. No trajeto, ele alterou a rota. Esse era o modus operandi do suspeito, que contou à polícia que pegava direções diferentes, por locais escuros, quando atacava as mulheres.
Ele então parou o carro atrás de uma empresa, em um local escuro, e a vítima percebeu que ele fez uso do entorpecente. Logo depois, atacou a mulher que estava no banco de trás. “Não quero dinheiro, quero que você faça as coisas comigo”, disse. Sob ameaças, ele ordenou que a mulher tocasse seu órgão genital e ainda dissesse que ele “era gostoso” e que queria ter relações sexuais com o acusado.
O motorista disse inclusive que, se a vítima não o tocasse, a levaria para um matagal. A mulher acabou entrando em pânico, quando o motorista decidiu a deixar em casa. A princípio, em todos os casos ele não cobrou as corridas. Para a Polícia Civil, o motorista chegou a dizer que não escolhia as vítimas, bastava que fossem mulheres e estivessem sozinhas.
Segundo caso em menos de 72 horas
Já no dia 31 de maio, a vítima solicitou a corrida por um outro aplicativo, diferente do usado pela passageira vítima de estupro no dia 29. Ele atendeu ao pedido e conversou com a vítima pelo WhatsApp, questionando quantas pessoas fariam a corrida. A vítima disse que era apenas uma e questionou o motivo.
O suspeito então disse que só queria saber por causa do horário e pela distância. “Por segurança”, disse em mensagem. A vítima embarcou normalmente e, quando o motorista chegou ao anel viário passou a reduzir a velocidade. Ele afirmou que iria “usar algo”, e tomou o celular da passageira.
Várias vezes o suspeito teria parado na frente de fazendas e a vítima também o viu usando cocaína. Em uma das paradas, o acusado tirou o órgão genital da roupa e fez com que a vítima o masturbasse. Ele ainda chegou a passar a mão pelo corpo da vítima e disse que estava “muito drogado”.
A vítima foi deixada em casa após o abuso, quando o autor devolveu o celular. Sob ameaças, ele disse para a mulher não contar sobre o ocorrido para ninguém. A passageira ainda chegou a fazer uma reclamação no aplicativo.
Passageira conseguiu fugir do motorista
O terceiro caso que se tem conhecimento foi uma tentativa de estupro, registrada no dia 6 de junho, quando o suspeito acabou localizado e encaminhado para a delegacia para prestar esclarecimentos. O crime foi gravado em ligação, já que a vítima falava ao telefone com o marido, após chegar de viagem.
A mulher solicitou a corrida pela Uber – que esclareceu que após o ocorrido expulsou o motorista – e estranhou o fato do motorista ter cancelado a corrida. Ele, no entanto, disse que houve um erro mas que reportaria o fato ao aplicativo. No caminho, assim como das outras vezes, mudou a rota.
A vítima estranhou e falava com o marido a todo momento no telefone. Isso não intimidou o motorista, que em determinado momento parou o carro e tentou atacar a vítima, a puxando pelo cabelo. A mulher abriu a janela e pulou do veículo, gritando. Ela conseguiu pedir ajuda a um frentista, que emprestou o telefone para ela acionar a polícia e avisar o marido que estava bem.
O suspeito foi encontrado, prestou esclarecimentos e os pertences da vítima foram encontrados no carro. Ele ainda tentou negar os fatos. Na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) foram identificadas as outras vítimas e há suspeita de que ainda outras mulheres possam ter sido vítimas do motorista.
Foi feito pedido da prisão temporária, que foi deferido e cumprido na quinta-feira (9). Preso, ele confessou os crimes.
Aumento nos casos de estupros
Mato Grosso do Sul registrou aumento de 104% nos casos de estupros, cometidos entre os cinco primeiros meses de 2021 e 2022. Ano passado foram contabilizados 298 casos entre janeiro e maio, já neste ano são 610 no mesmo período. O aumento também ocorre em casos de feminicídio e violência doméstica.
Dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) mostram uma média de 122 crimes por mês neste ano. No ano passado, foram registrados 298 casos no período, uma média de 59,6 por mês. A diferença entre as médias dos crimes chega a 104,6% de um ano para outro. A maioria ocorreu contra menores.
Foram 323 casos contra crianças de 0 a 11 anos; 202 contra adolescentes de 12 a 17 anos; 65 contra jovens de 18 a 29; 63 contra adultos de 30 a 59; 6 casos contra idosos e 5 não foram informados. Vale lembrar que desse total, 183 foram registrados em Campo Grande e 446 no interior, sendo 247 apenas na faixa de fronteira.
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