‘Quem não gosta, bom sujeito não é’: conheça apaixonados pelo gênero musical em Campo Grande
Samba “faz aniversário” nesta sexta-feira (2), data instituída para celebrar este ritmo que é a cara do Brasil, mas, não é todo mundo que conhece
Graziela Rezende –
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“Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. As frases, do saudoso Dorival Caymmi continuam mais vivas do que nunca. Gênero musical que remete as rodas de amigos com batuque gostoso, grupos e escolas carnavalescas, além de poesias cantadas de uma forma maravilhosa, o samba “faz aniversário” nesta sexta-feira (2), data instituída para celebrar este ritmo que é a cara do Brasil, mas, não é todo mundo que conhece.
Em Mato Grosso do Sul, o gênero musical ganhou espaço, com carnaval de rua, grupos que se destacam a nível nacional e escolas carnavalescas com belos desfiles. Campo Grande e Corumbá, por exemplo, se destacam e mostram o quanto amam esta vertente estritamente brasileira.
Ao MidiaMAIS o servidor público aposentado Paulo Freire, de 63 anos, conta que participa de rodas de samba desde 1969, juntamente com o irmão, em Campo Grande.
“É algo prazeroso que a gente comunga há muitos anos. Por aqui tivemos Gregório Correia, nosso saudoso Golinha, um camarada que sempre batalhou pelo samba e trouxe para Campo Grande o carnaval de rua, das escolas de samba. É um ritmo que não tem baixo astral, é uma arte de cantar poesias e músicas maravilhosas, como sempre fez o próprio Martinho da Vila samba, com samba em sua essência, além de Clara Nunes, com o samba contagiante”, argumentou Paulinho, como é conhecido.
‘Houve muita luta e resistência’, diz Paulinho sobre o samba
Na Capital, Paulinho também comenta que, nos anos 70, muita gente não era bem quista por cantar o samba, então, houve muita luta e resistência para o gênero musical estar da forma que é hoje. “Muita gente caminhou para chegar neste estágio bom que estamos hoje, com o samba bem difundido e aceito nas casas noturnas atuais”, ressaltou Freire.
Entre outros nomes, Paulinho também cita grandes figuras do samba, como o saudoso Gilbertão, da Escola de Samba Cinderela, Doralino Rosa de Carvalho e Luis Café. “Este último é um rapaz que, infelizmente, sofreu um acidente que o deixou tetraplégico, porém, é uma pessoal a qual diversos cavaquinhistas passaram pela orientação dele, então, é de uma colaboração imensa para o samba”, relembrou.
No início, Paulinho fala que toda essa galera se reunia de forma espontânea, somente para curtir. “Até então, não tinha o foco de sobrevivência da música, eram ali pessoas no nosso entorno, mas, a gente vê que este legado surtiu efeito de uma maneira positiva. Hoje a gente vê uma gama de cantores do samba, cantoras, grupos com excelência fazendo o trabalho e desenvolvendo esta cultura no nosso estado. Aqui, geograficamente, a gente trompa com uma linha do sertanejo muito forte, mas, temos espaço garantido”, opinou.
Neste dia 2 de dezembro, Paulinho fala que a data é motivo de orgulho e satisfação. “Somos de uma época que o samba era o nosso hobbie, época que não tinha como referência, era pra gente curtir o samba em sua essência. Quando vimos o crescimento do grupo Fundo de Quintal, muita coisa mudou, assim como ocorreu quando houve a chegada das escolas de samba, com capricho e excelência, falando de temas importantes e com destaque na cultura de Mato Grosso do Sul. Tudo isso representa uma ascensão cultural e mostra ainda muitos sambista vindo a contento”, disse.
Carnaval é maior manifestação popular do planeta, opina ex-presidente
O também servidor público, Alan Catharinelli, de 43 anos, é ex-presidente da Lienca (Liga das Escolas de Samba de Campo Grande) e disse que sempre comemora o dia do samba. “É um presente duplo: no dia 2 o samba e, no dia 3, o meu aniversário. Este gênero é a maior manifestação popular do planeta. Aqui também temos muito a comemorar, temos aqui o dia municipal do samba também”, ressaltou.
Sobre o gênero, Catharinelli argumenta que o carnaval e o samba representam amor e resistência. “A luta que existe no samba é para manter as tradições carnavalescas, isyo para aqueles que realmente lutam e estão irmanados para manter essa tradição. É uma alegria que vem dos foliões e isso nos fortalece para continuar lutando. O nosso carnaval é samba, é alegria, é entusiasmo é folia. Viva o samba, viva os sambistas, viva o carnaval brasileiro!”, comemorou.
Sobrevivente e apaixonado pela samba
O sambista Gideão Dias, de 40 anos, se diz um sobrevivente do samba. “Este gênero me adotou na infância. Pelo meu nome, já dá pra perceber que sou de uma família cristã. A música despertou na minha vida na igreja, em São Paulo. Lá, quando eu não estava na igreja, estava na rua. E naquela região o samba é muito executado, é a música que mais vai de encontro com a comunidade, assim como o rap. E lá eu cantava samba, rap. Vi o grupo Katinguelê estourar lá do lado da minha casa”, relembrou.
Apaixonado pelo pandeiro, Gideão fala que reproduzia os músicos com panelas, baldes, o que via pela frente. “Hoje, morando em Campo Grande há 25 anos, me considero um paulistano sul-mato-grossense. Tenho as raízes na minha veia. Minha mãe é daqui, migrou cedo para São Paulo e depois eu trouxe este samba para cá. Sou muito grato a Campo Grande, porque aqui dei os meus passos profissionais com a música”, contou.
No próximo mês, o cantor diz que vai lançar o samba Obrigado Morena, em homenagem à cidade. “É um material que vêm sendo elaborado desde 2019. Vejo que o samba hoje é um movimento muito forte em Campo Grande, sendo que o sertanejo vai mais de encontro com a cultura, porém, o samba é muito executado em Campo Grande”, finalizou.
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