Em 1º debate, Bolsonaro joga pelo empate, Alckmin veste figurino da política e PT desaparece

No primeiro debate televisivo com os candidatos à Presidência, realizado na noite desta quinta (9) pela Bandeirantes, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o alvo preferencial dos adversários. Mas quem chamou a atenção foi Cabo Daciolo (Patriota), que, com seu perfil pitoresco, tornou mais conhecido e formou dobradinha com Jair Bolsonaro (PSL), que, porém, adotou tom mais a…

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Em 1º debate, Bolsonaro joga pelo empate, Alckmin veste figurino da política e PT desaparece
(Foto: Kelly Fuzaro/Band/Divulgação)

No primeiro debate televisivo com os candidatos à Presidência, realizado na noite desta quinta (9) pela Bandeirantes, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) foi o alvo preferencial dos adversários. Mas quem chamou a atenção foi Cabo Daciolo (Patriota), que, com seu perfil pitoresco, tornou mais conhecido e formou dobradinha com Jair Bolsonaro (PSL), que, porém, adotou tom mais ameno.

Participam oito candidatos, todos de coligações com no mínimo cinco congressistas, obrigados a serem convidados pela lei eleitoral. Ao todo, são 13 nomes na disputa.

BOLSONARO JOGA PELO EMPATE E DÁ MAIS UM PASSO PARA CRISTALIZAR ELEITORADO
Jair Bolsonaro (PSL) jogou pelo empate: em tom mais ameno do que de costume, reforçou as fronteiras de seu nicho eleitoral com discursos contra a esquerda, oferta de armas para a população e propostas de militarizar instituições.
Nesta primeira etapa da campanha, o capitão reformado busca cristalizar o apoio dos 17% dos brasileiros que declaram voto em sua candidatura. Assim, ele posterga (ou descarta?) a expansão de seu eleitorado para uma “direita light”, como pregavam alguns aliados. A estratégia é se manter no patamar atual para beliscar uma vaga no segundo turno.

ALVO PREFERENCIAL, ALCKMIN VESTE FIGURINO DE POLÍTICO TRADICIONAL
Sob ataque de boa parte dos rivais por sua aliança com o centrão, Geraldo Alckmin (PSDB) vestiu o figurino da política tradicional. O tucano experimentou usar essa imagem a seu favor, apresentando-se como um gestor experimentado, mas escorregou no excesso de vocabulário técnico e nas siglas indecifráveis pela maior parte do público (“corrigir o FGTS pela TLP”).
A equipe de Alckmin queria polarizar com Bolsonaro, mas o tucano deixou de lado seu principal adversário na disputa por votos no campo da direita. Depois que Guilherme Boulos (PSOL) partiu para cima do capitão reformado, Alckmin seguiu a tradição dos debates de estreia: apenas sorriu e deu seu cartão de visitas ao público.

AUSENTE, PT DESAPARECE DO DEBATE E DÁ IMPRESSÃO DE ESTAR FORA DO JOGO
A decisão do PT de boicotar os primeiros atos de campanha, insistindo na participação do ex-presidente Lula, pode ter dado seu primeiro prejuízo concreto. No debate da Band, o partido parecia estar fora do jogo: à exceção de algumas referências, a sigla que governou o país por 13 anos foi citada de forma passageira, parecendo não ser uma alternativa real nesta eleição.

CIRO PERDE OPORTUNIDADE DE SE FIRMAR COMO ÍMÃ DE INSATISFEITOS COM TEMER
Em um aparente exercício de moderação, Ciro Gomes (PDT) adotou uma postura tímida na oposição ao presidente Michel Temer, a quem já chamou de “chefe de quadrilha”. Com críticas específicas a plataformas do governo, como a reforma trabalhista, o presidenciável perdeu a oportunidade de se colocar como a principal opção na disputa para os milhões de eleitores que classificam a gestão atual como ruim ou péssima.

MARINA CERCA ELEITORADO DE ALCKMIN PARA LIMITAR FÔLEGO DO TUCANO
Marina Silva (Rede) fez ataques cirúrgicos a Alckmin, em especial nos sucessivos esforços para associá-lo aos partidos do centrão que o apoiam. A candidata, que se vendeu como uma terceira via nas eleições de 2010 e 2014, conquistou um eleitorado de centro que tem perfil semelhante ao do tucano. Sem estrutura política e tempo na propaganda eleitoral, ela teme ser desidratada caso Alckmin comece a crescer nas pesquisas.

PARA ACORDAR ELEITOR EM DEBATE MONÓTONO, ALVARO DIAS SOLTA NOME DE MORO A ESMO
Desconhecido, Alvaro Dias (Podemos) tentava falar o nome do juiz Sergio Moro sempre que podia. Em um debate monótono e pulverizado, o senador paranaense buscou se escorar em uma figura popular para chamar a atenção. Repetia que já convidou Moro para ser ministro da Justiça e pedia o comentário dos rivais -que, naturalmente, se esquivavam de críticas ao juiz.

ÚNICO BENEFICIÁRIO INCONTESTÁVEL DO DEBATE, CABO DACIOLO ENSAIA DOBRADINHA COM BOLSONARO
É inevitável que o debate se torne superficial e disperso com oito candidatos no estúdio. Nesse cenário, o perfil pitoresco de Cabo Daciolo (Patriota) fez com que ele fosse o único beneficiário incontestável do evento. O ex-bombeiro se tornou mais conhecido, espelhando-se no modelo bizarro de Enéas Carneiro para atrair um voto de protesto, e, de quebra, ainda serviu para formar dobradinha com Jair Bolsonaro e atacar a política tradicional.
Boulos surge como ‘Lula de 1989’, mas enfrenta trilha mais estreita
Guilherme Boulos (PSOL) foi comparado ao Lula da campanha de 1989 com sua defesa enfática de trabalhadores e ataques ao sistema financeiro. A diferença é que Lula se acotovelava apenas com Leonel Brizola naquela eleição para chegar ao segundo turno. Boulos precisará enfrentar o fantasma do próprio ex-presidente, uma disputa multilateral por seu espólio político e, ainda, um discurso na mesma esteira (porém muito mais moderado) na voz de Ciro Gomes.

APAGADO, MEIRELLES NÃO SERVE NEM DE ESCADA PARA ATAQUES A TEMER
Com um discurso ainda escorregadio, Henrique Meirelles (MDB) saiu apagado do debate. O ex-ministro da Fazenda teria ganhado alguma exposição se fosse usado como escada pelos adversários para ataques ao presidente Michel Temer, mas nem isso ocorreu. Meirelles foi pouco convincente tanto ao buscar distância da política tradicional (“nunca exerci mandato”) quanto ao apagar seus laços com Temer (“trabalhei pelo Brasil”).

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