“Nunca tivemos problema nenhum com Paulo Xavier”, disse Filho ao ser questionado sobre PX, pai da vítima Matheus Coutinho, durante julgamento pelo assassinato do rapaz na tarde desta terça-feira (18). Name respondeu que não teria mandado matar ninguém e que não tem essa índole. “Eu não fui mandante nem da morte do Paulo Xavier e nem da morte de ninguém. Eu não tenho essa índole, de maneira de lidar com as coisas. Fiquei sabendo da morte no outro dia de manhã”, contou.

Juiz Aluízio Pereira perguntou a Name se os seriam para PX, se ele era o alvo. “Acho que o próprio Paulo confirmou e eu também acredito que sim. Um menino desse aí, qual o motivo? Eu conheci esse menino, os três filhos dele, sei que era um menino estudioso, caseiro, correto, humilde”, disse, acrescentando que não pode falar com certeza, mas que 99% de certeza que o alvo era o Paulo.

Name explicou que PX foi indicado a ele por Davi e que ofereceu R$ 3 mil por mês para PX ficar ‘à disposição', que quando precisasse ligaria para passar em sua casa, em meados de 2010.

Tempos depois, Name disse que perguntou a PX se conhecia alguém que poderia trabalhar e o mesmo indicou Oliveira, Magno e Jorge Ayala. “Uma pessoa de altíssima patente da polícia conversava com meu Pai e aí a pessoa abaixou a cabeça e perguntou o que o Ayala fazia lá e pediu para mandar embora”, explicou, acrescentando que só depois entendeu o motivo. “O que essa pessoa disse se confirmou em 2015. Esse Jorge Ayala compôs grupo de pistolagem com um ex-PM de alcunha Borba. Então, essa pessoa foi quem ele colocou dentro da minha casa”, lembrou.

Sobre Juanil – apontado como que atirou em Matheus -, disse que nunca ouviu falar.

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Já sobre Vlad, Name contou que ele trabalhava mais para o pai e o descreveu como ‘muito pacífico, tranquilo'. “Viajava de motorista, fazia serviço de banco para firma, uma pessoa de confiança. Passei para ele ficar como assistente de corretagem”, explicou, informando que eles têm propriedades rurais e que estavam cansados dos corretores, por isso deixou a cargo do Vlad cuidar dessas questões dos imóveis.

Name começou o depoimento nesta tarde dizendo estar feliz em voltar para Campo Grande. “Fico feliz de estar de volta a minha terra depois de 4 anos para esclarecer esse fato lamentável”, disse.

Emocionado, lembrou que o pai, Jamil Name, morreu no presídio de Mossoró ‘falando sozinho'. Disse ainda que foi colocado para lavar a cela do pai três vezes. “Às vezes ele [pai] caía na cela e não levantava. Depois começou a falar sozinho. Cada dia que passava eu ia morrendo junto e aí a gente foi no presídio federal na pior época. A covid eu peguei duas vezes”, relembrou, informando que o pai morreu com 68 quilos.

Negou também atuar com jogo do bicho, ao ser questionado. “Doutor, eu não atuo no ramo do jogo do bicho”, disse.

“Traição”

O verdadeiro alvo dos atiradores e pai de Matheus, Paulo Xavier prestou depoimento na tarde de segunda-feira (17) e disse que teria sido taxado como traidor. “Eles acharam que eu tinha passado para o lado do Augusto, mas eu estava focado nos meus estudos”, contou PX, explicando que não atendia às ligações na época, pois estudava para OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Contou sobre como foi envolvido em trama por negociação na venda de fazendas. O centro do imbróglio seriam as duas fazendas que pertenciam a Antônio Augusto. “Um imputava ao outro uma dívida de dezena de milhões”, disse Paulo Xavier sobre discussões entre Jamil Name Filho e Antonio Augusto sobre as dívidas relacionadas às fazendas Figueira e Invernadinha. PX disse que ajudou Antônio Augusto a intermediar e resolver sobre a fazenda Figueira.

Ainda, explicou que Augusto ficou internado em e Vladenilson Olmedo, o Vlad – que também é réu no julgamento -, ia até a sua casa a mando de Name para insistir que ele convencesse Augusto a vender a fazenda Invernadinha para Jamil. “Mas na realidade ele queria saber quando Augusto viria para ”, depois disso bloqueou Vlad no celular e não o atendia mais em casa.