Ministério Público da Hungria pede documentos ao governo brasileiro para extradição de ex-major Carvalho

Ministério informou que governo brasileiro tem até o dia 2 de agosto para enviar documentação

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Carvalho, no momento da sua prisão, em Budapeste (Reprodução VMM, Lá Voz de Galícia)

O Ministério Público da Hungria pediu para que o governo brasileiro enviasse a documentação para extradição, do ex-major Sérgio Roberto de Carvalho para o Brasil. O ex-major foi preso no dia 21 de junho, com  documentos falsos.

“A documentação deve ser enviada pelas autoridades brasileiras até o dia 2 de agosto, quando expira o prazo da prisão para a extradição”, afirmou Bettina Bagoly, porta-voz da Procuradoria Metropolitana de Budapeste, ao site R7.

Ainda de acordo com informações os trâmites para a extradição já foram feitos pela Polícia Federal junto à Justiça Federal no Paraná, e o processo já foi encaminhado ao Ministério da Justiça para que formalize e envie os documentos para a Hungria.

Investigação

Uma investigação da Polícia Judiciária portuguesa, em articulação com as autoridades brasileiras, teria sido determinante para o fim do império do barão da droga — que tinha atividade em Portugal, onde estaria lavando dinheiro por meio de investimentos milionários, nomeadamente em imóveis que foram arrestados por ação da polícia.

A Polícia Judiciária e a Polícia Federal acreditam que os 578 quilos de cocaína apreendidos no Brasil a bordo de um jato privado, que tinha como destino o aeródromo de Tires, em Cascais, pertenciam à rede deste antigo major.

O narcotraficante pode estar também por trás da tentativa de compra da empresa de aviação portuguesa OMNI, através de um esquema com recurso a testas de ferro brasileiros. Esse negócio, investigado há largos meses em Portugal pela polícia, conta com João Loureiro como intermediário enquanto advogado.  

Sérgio Roberto de Carvalho teria vivido escondido em Lisboa durante cerca de dois anos, onde a polícia apreendeu 12 milhões de euros em notas, em novembro passado.

Enterprise

A Operação Enterprise foi uma ação conjunta entre a Polícia Federal e a Receita Federal, deflagrada em novembro de 2020. Foi a maior operação do ano no combate à lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e a maior da história na apreensão de cocaína nos portos brasileiros. No dia 24 de novembro, a Polícia Federal divulgou o balanço. Entre os dados, está a confirmação da prisão de 40 pessoas, sendo três delas em outros países. 

Foram cumpridos mandados em Campo Grande durante a operação. Conforme a divulgação, a operação que tinha como objetivo combater a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico internacional de drogas prendeu 37 pessoas no Brasil. Também foi presa 1 pessoa no Panamá, 1 na Colômbia e 1 na Espanha. Ainda foram apreendidos 200 quilos de cocaína, além de 61 veículos, 5 motocicletas, 4 caminhões e 1 jet-ski. 

Já o patrimônio bloqueado, em imóveis, carros de luxo, joias e aeronaves, está avaliado em aproximadamente R$ 400 milhões. Só entre as aeronaves, foi realizado sequestro de 37, uma delas na Espanha, avaliada em US$ 20 milhões. Também foram apreendidas 16 armas de fogo, um simulacro e 507 munições. Já o dinheiro encontrado durante a operação totalizou R$ 1.141.002,00, US$ 169.352,00, € 9.000,00 e 1.120 Dirham (moeda dos Emirados Árabes Unidos).

Ex-major escondido na Europa

Major Carvalho foi preso pela primeira vez em 1997, quando já estava no quadro da reserva dos oficiais da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul). Ele foi militar por 16 anos e é considerado um dos mais poderosos e influentes traficantes da América do Sul.

O ex-major só foi expulso da PM 22 anos após ser preso por tráfico de cocaína pela primeira vez. A demissão foi publicada no Diário Oficial do Estado do dia 7 de março de 2018.

O decreto assinado pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB) informava que o major perdeu o cargo por consequência do trânsito em julgado de sentença judicial que determinou a expulsão.

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