MP pede fim de torcida organizada no júri de PRF que matou em briga de trânsito
O MPMS (Ministério Público Estadual) quer evitar que a ‘torcida organizada’ a favor do réu volte a participar do júri do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Soo Moon, preso pelo assassinato do empresário Adriano Correa em dezembro de 2016, após uma discussão de trânsito em Campo Grande. O caso, que teve até provas supostamente plantadas no […]
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O MPMS (Ministério Público Estadual) quer evitar que a ‘torcida organizada’ a favor do réu volte a participar do júri do policial rodoviário federal Ricardo Hyun Soo Moon, preso pelo assassinato do empresário Adriano Correa em dezembro de 2016, após uma discussão de trânsito em Campo Grande. O caso, que teve até provas supostamente plantadas no pátio do Instituto de Criminalística para ajudar o acusado, teve o primeiro julgamento adiado para 30 de maio, depois que um jurado precisou de atendimento médico.
No júri do último dia 11, colegas do policial rodoviário federal organizaram verdadeiras ‘torcidas’ uniformizadas ocupando o plenário e ficando à vista dos jurados. Além disso, pagaram e usaram camisetas de apoio, além de espalharem mensagens favoráveis ao réu em outdoors pela cidade.
O pedido foi feito na tarde desta quinta-feira (25), e alega que “manifestações in loco – na sessão plenária – poderão influenciar os ânimos dos presentes, bem como a decisão dos jurados”. Na tentativa do primeiro julgamento do policial colegas pagaram para fazer e usaram camisetas com frases de apoio: “Estamos com você Moon”.
Muitas pessoas conseguiram entrar no plenário do Fórum usando as camisetas, e ficaram na vista dos jurados. “Para um julgamento correto e justo, seja pela condenação ou absolvição do acusado, é necessário que não haja qualquer interferência externa, avessa ao mundo dos autos”, fala no pedido feito pelo MP.
Nas camisetas usadas pelos policiais, que foram assistir ao julgamento, estava escrito, “Estamos com você Moon. Justiça seja feita”. Moon foi acusado de homicídio qualificado, por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima, e duas tentativas de homicídio com as mesmas qualificadoras.
‘Caso Highlanders’
Em julgamentos anteriores em que familiares e amigos usavam camisetas de manifestação era proibida a entrada com as roupas, tendo de ser retiradas ou viradas. Já no caso do julgamento do policial a entrada com as camisetas com frases de apoio foi permitida pelo juiz que presidiu a sessão, Carlos Alberto Garcete.
No julgamento de Luís Bastos Barbosa, assassino da musicista Mayara Amaral, que foi morta a marteladas em um quarto de motel, em julho de 2017, o uso de camisetas foi proibido pelo juiz que presidiu o julgamento, Aluízio Pereira dos Santos. Luis foi condenado a 27 anos de prisão pelo crime.
Em 2010, a defesa dos policias acusados de fazerem parte de de um grupo de extermínio, “Highlanders” e pela morte de Antonio Carlos da Silva, tiveram o julgamento anulado depois da defesa alegar que o promotor influenciou os jurados ao mostrar uma camiseta com a foto da vítima.
Flambadores: todos a favor de Moon
No dia 4 de julho de 2017, um dos peritos do Instituto de Criminalística questionou o trabalho da profissional responsável pelo caso por um grupo de WhatsApp. A perita então teria convidado o colega de trabalho para ir até a Hilux e discutir o suposto uso da técnica ‘double tap’, um duplo toque no gatilho, mas ao abrirem a porta dianteira do passageiro, “visualizaram de forma escancarada” maçaricos usados como flambadores em restaurantes de sushi, como o que a vítima era dono.
A ideia era, supostamente, usar a presença dos equipamentos a favor de Moon, alegando que ele teria confundido com armas de fogo, e por isso teria atirado várias vezes contra os ocupantes da camionete. Mas, a forma como os flambadores ‘apareceram’ no veículo, que já tinha passado por minuciosa perícia, deixou claro o indício de fraude.
O caso foi denunciado à corregedoria e todos os envolvidos foram ouvidos. Na segunda audiência sobre a morte de Adriano, que aconteceu em abril, a perita reforçou que os flambadores só foram encontrados depois que o colega colocou a perícia em prova.
Em depoimento, a mulher alegou que o colega sempre teve muitas informações que nem os profissionais que estavam no caso tinham conhecimento e que ele até teria dito que “é amigo pessoal do advogado do acusado”.
Ela ainda afirmou que tinha como provar as informações graças as conversas no aplicativo de mensagens. Após isso, foi feito o pedido de quebra do sigilo telefônico e a Corregedoria de Polícia Civil passou a investigar a possível fraude, no caso dos flambadores.
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