Shopee, Shein, Mercado Livre, OLX, Amazon, Ali Express… sites de compra, de forma geral, viraram uma espécie de “novo Instagram”. De tempos em tempos, uma nova plataforma surge e vira moda para os fanáticos por comprinhas.

Com o “boom” de aplicativos como Shopee (comércio eletrônico asiático que vende de tudo) e Shein (varejista chinesa de fast fashion online, focada em roupas), está cada vez mais “viciante” passar horas olhando os catálogos e conferindo opções até do que nem é necessário.

Pelo menos é o que apontam campo-grandenses ouvidos pelo Midiamax que adquiriram este hábito. Luana Ferreira é estudante de psicologia e, aos 21 anos, admite que se tornou uma “viciada na Shein”.

“Eu olho toda hora, mesmo sabendo que não vou comprar nada. Aí no final encontro uma peça que me deixa com vontade e acabo comprando, mesmo sem precisar, é muito louco isso”, relata.

A estudante mora com os pais e já chegou a discutir com a mãe por ter usado o cartão de crédito da mesma. “Ela ficou brava quando a fatura chegou. Esse dia eu já tinha alcançado o limite do meu cartão, então emprestei o dela, mas já paguei”, conta.

(Foto: Divulgação/Shein)
(Foto: Divulgação/Shein)

Queridinhas

Já a publicitária Bianca Passos, de 28 anos, é consumidora assídua da Shopee. “Acho que é pela facilidade de ter tantas opções variadas, de tudo que você imaginar. Eu compro de tudo, coisas de decoração, acessórios, maquiagem… principalmente maquiagem. É um shopping mesmo”, diz ela.

E as sul-mato-grossenses definitivamente não são as únicas. O hábito de passar horas a fio olhando catálogos dessas plataformas, anúncios na OLX, ou até mesmo passando o tempo no Mercado Livre tem atingido todas as faixas etárias. Dos mais velhos aos mais novos, observar possibilidade de compras como se estivesse olhando a linha do tempo de alguma rede social tem se mostrado uma atividade relaxante.

(Foto: Divulgação/Shein)
(Foto: Divulgação/Shein)

Shopee, Shein, Mercado Livre e mais: “shoppings” nas mãos acendem alerta de perigo

Contudo, é aí que mora o perigo e esse comportamento pode resultar em um problema. Especialistas ouvidos pelo Jornal Midiamax falam sobre a relação da perda do controle emocional com as compras, evidenciada com a facilidade do acesso e pela quantidade de “shoppings” disponíveis em nossas mãos, por meio do celular.

Para o psicólogo Marcelo Comparin, a impulsividade pode ser comparada com características infantis, pois o costume de satisfazer vontades sem se importar com as consequências ou falta da capacidade cognitiva de inibir o impulso geram a disposição por gastos superficiais.

“A estrutura do ser humano é baseada no impulso e na contenção do impulso. Temos uma diferença no caso dos animais, temos o córtex frontal bem desenvolvido, que é a capacidade cognitiva, que pode inibir um pouco do impulso que temos. Todo ser humano tem impulso de desejos e agressivos, são energias de vida, que se bem desenvolvidas ajudam a gente a conquistar as coisas da vida”, explica o especialista.

Bola de neve

Comparin exemplifica ainda os gastos com a atuação de três forças, especialmente em época de final de ano: o desejo e impulso; a lógica interna de adquirir um bem, mesmo que sem necessidade; e o social, as lojas estampadas, a justificativa mundial das comemorações de fim de ano e datas especiais como a Copa.

“Por exemplo, eu quero comprar uma camisa da seleção brasileira, tenho um desejo, mas a lógica me diz que não porque não posso gastar mais que X nesse mês, mas tem a justificativa plausível do mundo externo, os jogos que vão passar. A gente precisa entender que o mundo tem suas leis, comprou e pagou, senão pagar gera uma dívida, que aumenta a angústia. Isso vira uma bola de neve quando tenta satisfazer a ansiedade comprando mais”, alerta o psicólogo.

(Foto: Mercado Livre/Divulgação)
(Foto: Mercado Livre/Divulgação)

Perguntinha básica pode evitar problemas

Já a psicóloga Céres Duarte orienta para o automonitoramento e destaca uma perguntinha que o consumidor deve fazer a si mesmo antes do ato da compra, que poderá livrá-lo de maiores enroscadas.

“Se a pessoa não sofre de nenhuma compulsão patológica, uma dica é sempre o automonitoramento, isto é observar quais gatilhos podem levar você a comprar além do que precisa. Fazer uma pergunta simples: ‘Isto que estou querendo é necessário ou é só um desejo?'”, aconselha.

Fale com o WhatsApp do MidiaMAIS!

Tem algo legal para compartilhar com a gente? Fale direto com os jornalistas do MidiaMAIS através do WhatsApp.

Mergulhe no universo do entretenimento e da cultura participando do nosso grupo no Facebook: um lugar aberto ao bate-papo, troca de informação, sugestões, enquetes e muito mais. Você também pode acompanhar nossas atualizações no Instagram e no Tiktok