Black Friday, Copa do Mundo e fim de ano. Para quem pode gastar é o paraíso, mas para quem não tem dinheiro sobrando e é impulsivo as datas podem ser comparadas a uma ‘trindade das dívidas’. Especialistas ouvidos pelo Jornal Midiamax falam sobre a relação da perda do controle emocional com as compras, especialmente no fim do ano.

É natural que o varejo lucre mais à medida que se aproxima o fim do ano. Em 2022, os comerciantes devem comemorar ainda mais o faturamento pela sugestão de gastos, por exemplo, com os presentes para a família no Natal, uma televisão nova para ver os jogos da Copa ou aproveitar a promoção na Black Friday, na última sexta-feira de novembro.

O psicólogo Marcelo Comparin compara a impulsividade com características infantis, pois o costume de satisfazer vontades sem se importar com as consequências ou falta da capacidade cognitiva de inibir o impulso geram a disposição por gastos superficiais.

“A estrutura do ser humano é baseada no impulso e na contenção do impulso. Temos uma diferença no caso dos animais, temos o córtex frontal bem desenvolvido, que é a capacidade cognitiva, que pode inibir um pouco do impulso que temos. Todo ser humano tem impulso de desejos e agressivos, são energias de vida, que se bem desenvolvidas ajudam a gente a conquistar as coisas da vida”.

Impulsividade + visual do comércio

Comparin exemplifica os gastos de fim de ano com a atuação de três forças: o desejo e impulso; a lógica interna de adquirir um bem, mesmo que sem necessidade; e o social, as lojas estampadas, a justificativa mundial das comemorações de fim de ano e datas especiais como a Copa.

“Por exemplo, eu quero comprar uma camisa da seleção brasileira, tenho um desejo, mas a lógica me diz que não porque não posso gastar mais que X nesse mês, mas tem a justificativa plausível do mundo externo, os jogos que vão passar. A gente precisa entender que o mundo tem suas leis, comprou e pagou, senão pagar gera uma dívida, que aumenta a angústia. Isso vira uma bola de neve quando tenta satisfazer a ansiedade comprando mais”.

Automonitoramento

Para a psicóloga Céres Duarte, o ideal é os consumistas por dois grupos, sendo o primeiro aqueles que pagam itens de valores necessários, como o IPVA, IPTU e os gastos de momentos agradáveis da vida que podem ser apreciados no fim de ano.

“Se a pessoa não sofre de nenhuma compulsão patológica, uma dica é sempre o automonitoramento, isto é observar quais gatilhos podem levar você a comprar além do que precisa. Fazer uma pergunta simples: ‘Isto que estou querendo é necessário ou é só um Desejo’”, pontua.