‘Árvore de pinga’ é prova de que o Natal contagia até quem não tem quase nada

“Ô moça, se tiver um pisca-pisca sobrando ou alguém que pode me doar, me ajuda, porque ainda quero enfeitar tudo aqui. Não é só a árvore não, quero colocar as luzes ao redor da casa, encher o papai-noel ali que tá murcho e fazer outras coisinhas”.

A entrevista finaliza assim. Os pensamentos não. Enquanto muitos estão nos preparativos da ceia natalina, com a casa toda decorada e também imaginando a troca de presentes na noite do dia 24 de dezembro, outras pessoas, mais pobres, querem mesmo é saber se vai ter “bebida e comida no prato”, independente do cardápio.

E não é porque é alguém mais humilde que não quer comemorar o Natal. Todos querem. Todos nós queremos. Na cabeça do mecânico Wangrey Arruda Rodrigues, de 40 anos, o “Corumbá”, não é diferente.

Conhecido por ajudar moradores de rua e pessoas que perambulam na região do bairro Amambai, dando abrigo em alguns momentos, ele decorou a única árvore do terreno, com o que tinha em mãos: garrafinhas de pinga vazias, bolas vermelhas e douradas, além de um festão verde e um papai-noel ainda murcho.

‘Natal é de Deus e o pobre comemora também’, diz mecânico

Quem passa apressado, pode não ver a árvore no extenso terreno. Agora, quem tiver olhar mais atento ao longo da Avenida Dr. João Rosa Pires, vai vê-la.

“Nós queremos encher, colocar mais coisas. O Natal está chegando e o meu sonho é ter pisca-pisca na casa e umas caixinhas de panetone ao redor da árvore, nem que sejam vazias. O Natal é de Deus e não é porque sou pobre que não quero comemorar. Eu e muita gente da rua quer”, argumentou.

Segundo o “Corumbá”, muitas pessoas pedem ajuda a ele, desde moradores de rua a usuários de droga. “Aqui eu não aceito roubo. O pessoal da polícia tudo me conhece. Eu moro por aqui porque não sou mais aceito pela minha família. Eu mexi com tráfico uma época, perdi uns carros tudo na fronteira e eles têm vergonha disso. Errei e assumo o meu erro. Só que aqui eu aprendi uma profissão. Pode me entregar um carro que eu sei mexer tudinho. E mesmo assim eles não me aceitam”, contou.

Na noite de Natal, Corumbá diz que vai orar por 2 desejos

Distante da sua cidade e dos filhos, Corumbá, que leva o apelido da sua cidade, principalmente por conta do sotaque, fala que possui dois sonhos e são estes os desejos que vai pedir na noite de Natal.

“Seria maravilhoso ver os meus filhos. Tenho um casal e faz 15 anos que não vou lá. Mas, primeiro, eu queria arrumar os meus dentes. É um sonho grande que eu tenho e não consegui até hoje”, lamentou.

Mas, o que realmente importa no Natal?

Independente de árvore, decoração, presentes, o que realmente importa no Natal? Para os cristãos, o Natal é o nascimento de Cristo, um tempo de paz e união.

Neste momento, o mais importante é estar junto de quem amamos, compartilhar momentos de alegria e harmonia. No dia 25 de dezembro, celebramos o nascimento de Jesus vivendo o seu maior ensinamento, o de amar ao próximo e a Deus.

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