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MidiaMAIS

Ao colocar cor em foto de mais de meio século, Henrique viu 3 gerações de okinawanos: ‘Pioneiros’

Segundo o fotógrafo, a família dele faz parte de um feito histórico, que fala sobre a chegada e a colonização japonesa no Brasil
Graziela Rezende -
Imagem restaurada por Henrique Arakaki tem avós paternos, tios e o pai. Foto: Arquivo Pessoal

Ficar admirando três gerações em uma só foto é algo incrível, ainda mais quando se trata da própria história. E foi folheando o álbum de família que o fotógrafo Henrique Arakaki, de 25 anos, viu a oportunidade de restaurar uma imagem de mais de meio século, revelando detalhes de gente pioneira, que desbravou territórios e chegou ao Brasil como os primeiros descendentes okinawanos, no navio Kasato Maru.

“A foto fica guardada na casa dos meus pais e aí, no ano de 2017, quando eu estava no curso de processos fotográficos, aprendi a técnica de restaurar fotos. E daí, folheando o álbum de família, quis colocar em prática. Vi que nesta foto está o meu bisavô, o meu avô e o meu pai. O primeiro deles veio de Okinawa, no , no navio Kasato Maru, que foi o primeiro a chegar no Brasil”, afirmou Henrique ao MidiaMAIS.

Segundo o fotógrafo, a família dele faz parte de um feito histórico, o qual fala sobre a chegada e a colonização japonesa no Brasil. “É por isto que a imagem é tão representativa, então eu peguei, restaurei e pintei de acordo com as cores que achei serem corretas. Este processo demorou cerca de 48 horas, é bem demorado, mas, foi me mostrando várias características”, contou.

‘Descobri que meu irmão é a cara do meu avô’

A maior surpresa, de acordo com Henrique, foi colorir a foto e ver o quanto o irmão mais novo [Gustavo Seikiti Arakaki, de 23 anos] é parecido com o avô paterno. “Foi muito engraçado ver tudo isto. Eu prestei bastante atenção em geral também, mas, a característica que mais me marcou foi esta. Ver o meu pai criança, com quatro ou cinco anos, conforme ele me disse, também é bem especial. Hoje ele já está com 70 anos”, comentou.

Outro fato curioso, ainda conforme o profissional, foi a pintura do sofá presente na foto. “Eu usei a cor verde porque era a cor de uma poltroninha da minha avó, a materna no caso. Ela é gaúcha, veio para cá também e aqui tinha um salão de costura. Não conheci os meus avós paternos, eles faleceram, então, são detalhes que eu fui colocando ao restaurar a foto”, explicou.

Recentemente, Henrique postou a foto nas redes sociais. “Nossa, foi uma repercussão que eu não imaginava. Várias pessoas enviaram mensagens dando parabéns e uma prima lá do Japão pediu para enviar por e-mail. É uma imagem de 1956 ou 1957, conforme meu pai me disse. É uma ligação com os meus antepassados, na verdade, além de fazer parte dos objetivos da Associação Okinawa de Campo Grande, que é de preservar a cultura”, afirmou.

‘Foi muito bom olhar para a minha história’

Henrique, que é descendente de okinawamos, atua como repórter fotográfico. Foto: Arquivo Pessoal
Henrique, que é descendente de okinawamos, atua como repórter fotográfico. Foto: Arquivo Pessoal

Após esta foto, Arakaki diz que está em processo de restaurar outra imagem. “Tem uma colônia de imigrantes, nas proximidades de , então, tem algumas fotos da família reunida lá. É um processo digital que você vai colorindo, pintando, experimentando, algo bem delicado mesmo. Na minha profissão, estou sempre contando a história de outras pessoas, então, foi bem bacana olhar um pouco para a minha”, argumentou.

Na Associação Okinawa, a qual Henrique participa há uma década com a família e atua, como diretor, há 1 ano, muitas pessoas ficaram surpresas ao saber da história dele. “Muita gente lá não sabia que eu era descendente dos primeiros okinawanos no Brasil, então, muitos ficaram impressionados. Eu brinco que é uma moral que eu nem sabia que tinha, porque lá eles sempre perguntam, você é filho de quem, neto de quem. No meu caso, sou da quarta geração que veio do Japão para cá”, disse.

No próximo ano, mais especificamente em fevereiro, integrantes da biblioteca de Okinawa, no Japão, devem vir ao Brasil coletar dados sobre os descendentes, coletando dados como fotos e documentos antigos. “É um projeto, então, estamos aguardando por eles, para colaborar nesta pesquisa deles”, finalizou.

Navio Kasato-Maru chegou ao Brasil em 1908

Navio Kasato-Maru, em 1908. Foto: Histórico da Japonesa/Arquivo Pessoal

No dia 28 de abril de 1908, desembarcou no porto de Santos o navio Kasato-Maru, que trouxe os primeiros 781 imigrantes japoneses ao Brasil.

Dentro dele, estava o primeiro grupo de imigrantes japoneses, que saiu da cidade de Kobe, após acordo firmado entre o Brasil e o Japão. Isso tudo ocorreu porque, ao fim da guerra, um navio russo foi repassado aos japoneses, em forma de indenização.

A cada 18 de junho, se comemora o dia nacional da imigração japonesa e a história do navio Kasato-Maru sempre é relembrada, colocando-o como símbolo de mais de um século da presença japonesa no Brasil, além de intercâmbio entre as nações.

E você, conhece histórias interessantes sobre os descendentes okinawanos, conte pra gente!

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