Esquemas complexos marcaram licitação do lixo denunciada pelo MPMS em Campo Grande
Denúncia de esquema complexo envolvendo direcionamento e propinas milionárias marcam a licitação de quase R$ 2 bilhões feita pela prefeitura de Campo Grande na gestão do ex-prefeito e atual senador Nelsinho Trad (PSD) e que está perto de chegar ao seu desfecho. Na próxima semana, serão ouvidas testemunhas do Consórcio Solurb e terminam em janeiro […]
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Denúncia de esquema complexo envolvendo direcionamento e propinas milionárias marcam a licitação de quase R$ 2 bilhões feita pela prefeitura de Campo Grande na gestão do ex-prefeito e atual senador Nelsinho Trad (PSD) e que está perto de chegar ao seu desfecho. Na próxima semana, serão ouvidas testemunhas do Consórcio Solurb e terminam em janeiro as audiências agendadas pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e individuais Homogêneos.
Audiência marcada por contradições e ausência de memória em relação a movimentações milionárias dos acusados foi realizada na quinta-feira (22), com o senador Nelsinho, dispensado por foro privilegiado, ausente. Na ocasião, promotores questionaram sua ex-esposa, Antonieta Amorim, sobre transações financeiras que segundo a investigação a fizeram adquirir uma propriedade rural no valor de R$ 29 milhões, com recursos que seriam oriundos de propina do direcionamento da licitação.
Antonieta nega e diz ter pego grandes quantias em empréstimo com a sobrinha, filha do empreiteiro João Amorim – dono da Proteco e que chegou a ser preso durante os trabalhos da Operação Lama Asfáltica. Denúncia do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) aponta que os valores eram para irrigar esquema na administração municipal. (Confira o gráfico abaixo). Ao prestar depoimento, Antonieta divergiu nas informações prestadas por Nelsinho à Polícia Federal. De acordo com ela, em 2010 ambos estavam separados, apesar d divórcio judicial ainda não foi concluído. Já Nelsinho informou à PF que eles permaneceram casados até o final de seu mandato, em 2012, ano da licitação.
Conforme a denúncia do MPMS, João Amorim era sócio-oculto de empresa que iniciou com capital de R$ 20 mil e chegou a mais de R$ 39 milhões. A LD Construções é uma das duas participantes do Consórcio Solurb, que venceu a licitação.
Em apenas oito meses a construtora viu seu capital saltar de pouco mais de R$ 6 milhões para os R$ 39 milhões que a gabaritavam para participar do processo aberto pela prefeitura de Campo Grande.
Nos depoimentos dos investigados, negócios em família dão o tom das justificativas. Eles vão desde o empréstimo de R$ 50 milhões às filhas à venda de veículos e equipamentos pela Proteco à LD. Apesar dos vínculos, João Amorim disse não saber como a empresa conseguiu obter o salto de patrimônio e informou que o genro havia contratado especialistas para ajudar nos negócios.
Para o Ministério Público, a LD foi adquirida com o objetivo de vencer a licitação do lixo. Confira no gráfico abaixo como teria funcionado o esquema que resultou em duas ações civis, uma pedindo a nulidade do contrato de concessão e outro que responsabilidade o ex-prefeito Nelsinho, sua ex-mulher, empreiteiros e dois ex-secretários de participarem do esquema, que teria sido irrigado com dinheiro dos cofres públicos de Campo Grande.
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