O presidente da Câmara Municipal de Campo Grande, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), disse nesta quarta-feira (18) que o Legislativo tenta há 15 dias evitar a greve dos motoristas de ônibus, que começou nas primeiras horas da manhã de hoje. Porém, ele ressaltou que a resolução deve partir do Executivo.

Ao Jornal Midiamax, Carlão disse que solicitou que a Comissão de Transporte e Trânsito intermediasse entre o STTCU/CG (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande) e o Consórcio Guaicurus a fim de chegar a um consenso entre a categoria e os empresários.

“Convoquei o presidente da Comissão de Transporte, o vereador Alírio Vilassanti, e ele se reuniu com o Consórcio, o sindicato, a Agereg [Agência de Regulação dos Serviços Públicos] e o Ministério Público [do Estado] para não chegar a isso, há uns 15 dias. Porque isso é prejudicial à população”, comentou.

O presidente da Câmara disse ainda que, assim que recebeu ofício informando da paralisação, se reuniu com a prefeita Adriane Lopes (Patriota). “A prefeita falou que ainda precisa reunir a comissão técnica, tem que publicar em Diário Oficial para reajustar a tarifa. Mas os motoristas não quiseram esperar”, contou.

Outro impasse é o valor e o subsídio das gratuidades. “Ainda precisamos saber se vai para R$ 5,15, se o Estado vai continuar pagando [o subsídio]. A Câmara não quer que os ônibus parem, porque o comércio tem prejuízo. A última greve deu prejuízo de R$ 40 milhões, teve restaurante que jogou comida fora. Isso prejudica os trabalhadores”, avalia.

Carlão garantiu que pode convocar sessão extraordinária caso a prefeita envie projeto de lei para solucionar o impasse no transporte coletivo. “Se precisar, a Câmara faz uma sessão extraordinária. É a prefeita enviar algum projeto que os vereadores estão prontos”, concluiu.

Greve no transporte coletivo

Com 100% dos trabalhadores parados, profissionais do transporte coletivo de Campo Grande vão se reunir para decidir se a paralisação de hoje vai virar greve por tempo indeterminado. Eles cobram retomada nas negociações salariais com o Consórcio Guaicurus.

“Hoje é um protesto para chamar atenção do Consórcio, vamos chamar assembleia e votar edital de greve por tempo indeterminado. Esperamos que com essa paralisação a empresa retome a conversa com a gente”, pontua Demétrio Freitas, presidente do STTCU.

De acordo com ele, na semana passada, o sindicato foi informado que o Consórcio Guaicurus não se reuniria mais com a categoria para rodada de negociação. Em dezembro, a empresa ofereceu reajuste salarial de 6,5% aos trabalhadores, no entanto, deixou de lado outros benefícios.

Nenhum dos veículos do transporte coletivo da Capital saiu da garagem e cerca de 1.500 trabalhadores estão na garagem da Jaguar Transportes Urbanos, onde farão assembleia.

Os ônibus do transporte coletivo de Campo Grande devem voltar às ruas na próxima quinta-feira (19), segundo o sindicato. A paralisação desta quarta-feira está ligada à reivindicação de reajuste salarial de 16% da categoria. A negociação vem desde dezembro do ano passado.

Consórcio quer passagem a R$ 8

Anualmente avaliado em novembro, o Consórcio Guaicurus considera que o reajuste da passagem do transporte público de Campo Grande pode chegar a R$ 8. Atualmente, a tarifa custa R$ 4,40 aos passageiros, mas, de acordo com o diretor-executivo do consórcio, Robson Strengari, o novo preço considera diversos fatores, como a alta do combustível e INPC (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).

“O estudo ainda não foi concluído e a Agereg que decide, mas o reajuste chega em torno de R$ 8. Ainda temos nesse mês a negociação de reajuste salarial de funcionários, temos assuntos em andamento para mudanças”, afirma.

O que diz a prefeitura?

Em meio à paralisação dos trabalhadores do transporte público, a Prefeitura de Campo Grande afirmou que aguarda relatório que avalia o que seria percentual aceitável de reajuste da tarifa. O Consórcio Guaicurus, empresa que administra a frota de ônibus da cidade, pede aumento da passagem de R$ 4,40 para R$ 8.

“O reajuste da tarifa está sendo cautelosamente estudado, e o poder executivo tem feito todo o possível para continuar subsidiando as gratuidades para estudantes, idosos, pessoas com necessidades especiais e seus acompanhantes”, informou o Município por meio de nota. 

No texto, a Prefeitura pontuou as últimas aplicações de recursos no transporte na cidade, por exemplo, convênio com o Governo do Estado, que passou a subsidiar o serviço desde o ano passado. Também, repasse de verbas federais para que o Consórcio custeasse gratuidades para idosos entre janeiro e outubro de 2022, com valores a repassar mensalmente para cobrir as gratuidades.