Após ameaças, audiência pública pede mais guardas civis nas escolas de Campo Grande
Semed e Sesdes devem enviar projeto à prefeita para instalar alarmes e colocar guardas civis em 59 escolas municipais da Capital
Nathália Rabelo, Thalya Godoy –
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A Câmara Municipal de Campo Grande realizou nesta segunda-feira (3) audiência pública sobre os impactos da insegurança nas escolas para os profissionais da educação após ameaças de ataques na Capital. Durante evento, representantes pediram reforço da GCM (Guarda Civil Metropolitana) para monitoramento das escolas, além de políticas públicas para valorização e respeito dos professores.
Participaram da discussão vereadores da comissão de educação, deputado estadual Rafael Tavares, deputado federal Dagoberto Nogueira, além de representantes da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública), Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), SED (Secretaria de Estado de Educação), Semed (Secretaria Municipal de Educação), Anderson Gonzaga da Silva Assis, da Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social), além de professores e diretores escolares.
Dentre as soluções apresentadas nesta tarde, a principal mencionada foi o reforço da Guarda Civil Metropolitana nas escolas e região. Segundo Anderson Gonzaga da Silva Assis, responsável pela Sesdes, a GCM tem em seu quadro cerca de 1100 agentes e, para fazer monitoramento 24h nos locais, seria necessário aumentar o número de profissionais.
“A quantidade hoje não é suficiente porque precisa também fazer monitoramento no resto da cidade. Por isso a Sesdes, em parceria com a Semed, vai encaminhar sugestão à prefeita [Adriane Lopes] para instalar alarmes em 59 escolas municipais. Se esses alarmes forem acionados, a viatura mais próxima da GCM é acionada para verificar”, diz. Além dos alarmes, projeto também prevê um guarda municipal por dia nessas 59 unidades de ensino.
Em conversa com o Jornal Midiamax, o secretário de educação Lucas Bitencourt ressaltou as parcerias para aumentar a segurança nas escolas.
“O tema da audiência é um assunto delicado e nós precisamos falar sobre isso, por isso que tem a audiência pública para buscar soluções, tanto a secretaria de segurança pública quanto a secretaria de educação com os diretores. Estamos aqui unidos em prol de uma melhora na educação com tranquilidade e segurança”, afirma.
Professores precisam ser valorizados
Gilvano Bronzoni, professor e presidente da ACP, também esteve presente na audiência pública e ressaltou que os professores precisam ser valorizados para, então, se discutir sobre a cultura de paz nas salas de aula.
Para ele, as últimas ameaças de ataques a alunos e professores em Campo Grande é motivo de preocupação.
“A ACP tem avaliado com muita preocupação todo tipo de ação, tanto de desrespeito quanto de desvalorização, e a violência dentro das escolas. Alguns pontos a gente precisa discutir com o executivo, outros pontos precisamos discutir com o Ministério Público […] Todos os agentes da educação pública estão preocupados e nos mobilizando. A família é também importante não só na educação do seu filho, mas na participação da comunidade escolar, como reuniões de pais que tem adesão não satisfatória. É importante participar da escola do seu filho”, conclui Gilvano.
Saúde dos professores
Ainda sobre a valorização dos professores, vereador Valdir Gomes (PSD) ressaltou que fará nova audiência na Câmara de Vereadores para discutir a saúde do professor. Sessão está prevista para acontecer na sexta-feira (14).
Assim, participantes da audiência pública pediram mais guardas civis metropolitanos nas escolas, valorização dos profissionais da educação, mais educação e respeito ao professor por parte de pais e alunos, debates sobre a má influência da Internet e a necessidade de políticas públicas para reduzir os casos.
A audiência desta segunda foi promovida pela Comissão de Educação e Desporto, composta pelos vereadores Prof. Juari (PDB), Valdir Gomes (PSD), Beto Avelar (PSD), Professor Riverton (PSD) e Ronilço Guerreiro (Podemos)
Ameaças de ataques em Campo Grande
As escolas de Campo Grande vem sendo alvos de ameaças de ataques a alunos e professores. Nesta segunda-feira (3), pais denunciaram a ameaça de chacina em escola municipal localizada na Vila Moreninha.
Conforme denúncia à equipe de reportagem, anúncio de ataque foi escrito no banheiro masculino. Diante disso, Guarda Municipal e Polícia Militar serão mobilizadas para fazer acompanhamento na unidade escolar.
Assim, segundo informações de pais ao Jornal Midiamax, a mensagem foi escrita com caneta vermelha no banheiro masculino da escola. A ameaça diz: “Chasina [chacina] 18/04/2023 aqui nessa escola no 8º [ano]”. Segundo a mãe de um estudante de 12 anos, família está preocupada.
O secretário municipal de Educação da Semed, Lucas Bitencourt, esteve presente no evento e comentou sobre o caso durante evento na câmara.
“Nós temos uma coordenadoria chamada Psicossocial e nós automaticamente, ao sabermos dessa situação, já movimentamos todos para que estejam indo para a escola. Já acionamos a Segurança Pública e a Guarda para estarem acompanhando. Faremos também uma série de palestras de conscientização em relação a isso. A Guarda fará monitoramento durante o período de aula”, afirma Lucas, que garante que os trabalhos ocorrerão ao longo dessa semana.
Responsáveis serão localizados
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) também enviou nota oficial ao Jornal Midiamax sobre o caso e alegou que possui parceria com a Guarda Municipal e com a Sejusp-MS, com os policiais do Programa Escola Segura Família Forte, que monitoram escolas e também desenvolvem palestras e conversas preventivas com os alunos.
“A direção escolar acionou a Guarda Municipal e a Polícia Militar por meio do projeto ‘Escola Segura e Família Forte’. O ocorrido foi registrado em ata, os policiais estão realizando um trabalho de conscientização com os alunos. O caso também está sendo monitorado para que se identifiquem os autores”, informa.
Ainda conforme a secretaria, a equipe do Secoe (Setor de Acompanhamento de Conflitos Relacionados à Evasão e Violência Escolar) estará na unidade escolar na terça-feira (4) para orientação dos alunos e monitoramento do caso.
Ameaças são cada vez mais comuns
Não é a primeira vez que uma escola de Campo Grande se torna alvo de ameaças de ataques contra alunos e professores. Afinal, a segurança nas escolas ganhou evidência após o caso de uma professora que foi morta a facadas por um adolescente de 13 anos, na Escola Estadual Thomazia Montoro, em São Paulo. Para evitar casos semelhantes em Mato Grosso do Sul, o poder público conta com câmeras e equipes com psicólogos para acompanhar o comportamento dos estudantes.
No dia 23 de março, um aluno causou pânico em uma escola estadual em Campo Grande ao ameaçar funcionários e colegas com um simulacro de uma arma. O jovem de 15 anos foi imobilizado pelo diretor.
Outro caso, dessa vez em escola estadual localizada no Bairro Estrela Sul da Capital, também mobilizou equipes do Batalhão de Choque e da Polícia Militar após ameaças de massacre no último dia 28.
Segundo avaliação do presidente da Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul), Jaime Teixeira, a violência nas escolas é um reflexo da sociedade e são necessários programas por parte do poder público e da comunidade escolar que debatam sobre o tema.
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