Citando ‘omissão’ e ‘honra’, Câmara aprova título de visitante ilustre a Bolsonaro

Sob protestos dos votos contrários, título foi aprovado por 22 a 5

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A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou título de visitante ilustre ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem agenda prevista em Mato Grosso do Sul, na sexta-feira (14). Foram 22 votos favoráveis e 5 contrários. O discurso da maioria que foi contra se baseou na conduta dele diante da pandemia que registra 428 mil mortes no Brasil, enquanto os que disseram sim, afirmaram que, independentemente da ideologia, ele ocupa o cargo mais importante do País.

Autor da proposta, vereador Tiago Vargas (PSD) afirmou que, ‘querendo ou não’, ele foi eleito por ‘milhares de brasileiros’. De sua bancada, somente o líder do prefeito Marquinhos Trad (PSD), Beto Avelar, votou contrário. Otávio Trad, Coringa, Valdir Gomes e Delei Pinheiro, votaram sim. Antes da análise dos parlamentares, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) avaliou a questão. “A função é aprovar a constitucionalidade, o projeto, apesar de divergências politico partidária, está apto”.

Professor Juari, do PSDB, disse que estava convicto em votar não, ‘pois não concordo com ele, não votei nele e jamais votarei’, mas foi convecido pelo vereador Dr. Loester (MDB) com o argumento de se tratar do cargo de presidente. “Independente de quem ocupa, em respeito ao cargo, voto sim”.

Ambos da bancada do PT, Camila Jara e Airton Araújo citaram as famílias de mais de 400 mil vítimas da doença. “Em respeito às famílias enlutadas, voto não”, disse Airton. “Eu queria dizer que ainda bem que essa Casa reconhece a importância do cargo, mas o presidente não, tanto que deixou milhões de brasileiros a mercê da sorte. Em respeito às vitimas, pelas negligências, eu voto não, porque o presidente tem de ter responsabilidade com o povo, mais do que com seus interesses”, completou Camila.

Contrário à medida, Marcos Tabosa (PDT) disse que não existe possibilidade de um vereador de seu partido ‘votar no quarto caveleiro do Apocalipse’ (quatro cavaleiros do Apocalipse fazem parte de uma profecia sobre o fim dos tempos, o quarto significa a morte). “428 mil famílias choram, porque o quarto caveleiro do Apocalipse não quis assinar contrato da vacina. As famílias estão enlutadas, ele é presidente do Brasil, parece que não está se comportando como tal. É presidente só da família dele, que está protegida”.

Do Republicanos, vereador Betinho disse que aprendeu que ‘quem tem honra, honra’. Para Coronal Alírio Villasanti (PSL), depositar a culpa da tragédia da pandemia no Brasil, somente no Bolsonaro, é incoerência. “Temos outros atores igualmente culpados, jogar só nas costas do presidente, é incoerência. Em respeito a ele, democraticamente eleito, eu voto sim”.

André Luis, do Rede, também foi contrário e disse que, por sua profissão, ele teria de votar sim. “Como médico veterinário, eu deveria votar sim, em homenagem ao gado que o segue, mas como cientista, eu tenho que votar não”. Último a se manifestar em primeira chamada, Papy (SD) disse que as falas contra e a favor ‘não se justificam’, porque a votação é sobre visitante ilustre, independentemente de ideologia. “Temos muitos problemas, mas o principal é usar tudo como palanque político”. Apesar disso, votou sim.

Os favoráveis foram: Tiago Vargas, Otávio Trad, Coringa, Delei Pinheiro, Valdir Gomes, Ronilço Guerreiro, Zé da Farmácia, Silvio Pitu, Clodoilson Pires, Ademir Santana, Professor Riverton, Professor Juari, Dr. Jamal, Dr. Loester, Edu Miranda, Dr. Sandro Benites, Gilmar da Cruz, Betinho, Dr. Victor Rocha, Cornel Alírio Villasanti, Willian Maksoud, Papy. Contrários: Beto Avelar, Professor Juari, Camila Jara, Airton Araújo e Professor André Luis. 

A agenda prevista do presidente é no Assentamento Santa Mônica, em Terenos, para participar de solenidade de entrega de títulos, a partir das 10h30.

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