Soltos, denunciados na Lama Asfáltica rejeitam ideia de delação
Segundo advogado, investigados ainda não foram citados da denúncia
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Segundo advogado, investigados ainda não foram citados da denúncia
Ex-deputado federal e ex-secretário estadual de obras, Edson Giroto deve continuar em Campo Grande enquanto aguarda a denúncia em processo que o acusa de desvio de dinheiro em obras realizadas na gestão do ex-governador André Puccinelli (PMDB). Segundo o advogado Valeriano Fontoura, Giroto e os demais envolvidos, ainda não foram citados da denúncia e por isso, a defesa aguarda citação para dar novos encaminhamentos no caso. A possibilidade de delação premiada, segundo o advogado, também não foi cogitada.
Giroto deixou o Centro de Triagem na madrugada desta quarta-feira (22) ao lado do empresário João Amorim, do assessor da Agesul (Agencia Estadual de Gestão de Empreendimentos) Wilson Roberto Mariano e do empresário Flávio Henrique Garcia Scrocchio. Eles estavam presos desde o dia 10 de maio, todos acusados de envolvimento em esquema de desvio de recursos públicos, apontado durante operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal.
Segundo o advogado, após deixar o presídio, Giroto foi direto para casa, onde a esposa, Raquel Giroto, o aguardava. Ela também teve prisão preventiva decretada pelo processo, mas cumpria determinação em prisão domiciliar, assim como Ana Paula Amorim Dolzan (filha de João Amorin), Elza Cristina Araújo dos Santos (ex-sócia de Giroto) e Mariane Mariano de Oliveira (filha de Roberto Mariano). Assim como os que estavam em regime fechado, elas também foram beneficiadas por pedido de Habeas Corpus, e foram libertas nesta madrugada.
A defesa agora aguarda que a denúncia seja formalizada através de citação, para decidir os próximos passos perante o processo. Enquanto isso, os citados devem permanecer na cidade, aguardando novos encaminhamentos dos magistrados. “Eles podem se ausentar da cidade, desde que justificadamente”, afirmou Valeriano.
Sobre delação premiada, o defensor explicou que o benefício existe em qualquer processo penal, mas que ainda não é o caso dos envolvidos na Lama Asfáltica. “Nós ainda não temos um processo penal propriamente dito neste caso. Estamos aguardando a denúncia. Agora, por parte dos meus clientes, ainda nem se cogitou essa possibilidade. Não houve nenhuma discussão sobre isso”, disse.
Outros envolvidos
Na segunda fase da operação Lama Asfáltica, denominada Fazendas de Lama, além dos oito que tiveram prisão preventiva decretada posteriormente, outros sete chegaram a ser presos do dia 10 de maio, mas foram soltos dias depois. A lista inclui: André Luis Cance, Ana Lúcia Amorim, Ana Cristina Pereira da Silva, Maria Casanova, Helio Yudi Komiama e Evaldo Furrer Matos.
A equipe do Midiamax entrou em contato com o advogado Marcos Ferreira, para saber como segue o processo em relação aos demais envolvidos. Ele disse que cuida especificamente do caso do empresário Evaldo Furrer Matos, e como processo corre em sigilo, não poderia dar mais detalhes.
O advogado disse apenas que Evaldo segue com suas atividades normais, sem qualquer impedimento jurídico, podendo trabalhar e viajar enquanto se defende. Sobre possibilidade de possível delação premiada, o advogado foi enfático em dizer. “No caso do meu cliente, não existe essa possibilidade!”, disse.
Fazendas de Lama
A nova fase da Operação Lama Asfáltica apurou procedimentos utilizados pelos investigados na aquisição de propriedades rurais com recursos públicos desviados de contratos de obras públicas, fraudes em licitações e recebimento de propinas, resultando também em crimes de lavagem de dinheiro.
Apenas em Mato Grosso do Sul foram detectados 66 mil hectares em fazendas que teriam sido compradas pelo grupo, nos municípios de Rio Negro, Corumbá, Aquidauana, Anastácio, Jaraguari e Figueirão, além de propriedades em cidades no interior paulista.
Segundo o delegado da Receita Federal, Flávio de Barros Cunha, o grupo usava familiares como laranjas. Eles abriam empresas e faziam a distribuição de lucros.
Outros quatro contratos da gestão Puccinelli para manutenção de estradas pavimentadas e não pavimentadas no município de Campo Grande, e dois lotes da pavimentação da MS-140 entre a Capital e Santa Rita do Pardo, também estão no alvo das investigações, com suspeita de fraudes.
A ação, que envolveu 201 policiais federais, 28 da Controladoria Geral da União e 44 da Receita Federal cumpriu 28 mandados de busca e apreensão , bem como 24 mandados de sequestro de bens dos investigados, dentre eles imóveis rurais e urbanos e contas bancárias. A operação ainda apreendeu dois aviões, um do empreiteiro João Amorim e outro do empresário João Baird.
Nesta segunda fase, também houve bloqueio de R$ 43 milhões em bens de 24 pessoas. Segundo o superintende da PF, Ricardo Cubas, do montante de R$ 195 milhões em obras da gestão Puccinelli, na 1ª fase da operação foram identificados desvios de R$ 11 milhões e nesta 2ª fase, mais R$ 33 milhões que teria sido desviados, um total de R$ 44 milhões. Segundo a Polícia, pelo menos 23% de cada empreendimento era desviado pelo grupo, classificado de organização criminosa pela Polícia.
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