Ex-diretores do órgão são donos de empresas que inspecionam veículos

O MPE (Ministério Público Estadual) será acionado para investigar empresas credenciadas a fazer vistorias de veículos em Mato Grosso do Sul. Há suspeitas sobre a ligação de empresários do setor com o Detran (Departamento Estadual de Trânsito).

Nesta quarta-feira (11), o deputado estadual Marquinhos Trad (PMDB) disse estar levantando informações detalhadas sobre as vistoriadoras, segundo ele, credenciadas pelo governo passado, de André Puccinelli (PMDB). “A maioria tem como donos ex-diretores do Detran e diretores de associação”, aponta o parlamentar, que promete levar o caso ao MPE.

Ainda segundo o peemedebista, já há informações suficientes da ligação próxima de empresários do setor com o Detran, inclusive com alguns donos colocando as empresas em nomes de terceiros em tentativa de se ocultarem. Semana passada, as vistoriadoras foram denunciadas em reportagem do Jornal Midiamax por receberem para aprovar veículos sem condições de trafegar.

Está prevista, para a tarde desta quarta-feira (11), reunião entre o diretor-presidente do Detran, Gerson Claro, e deputados estaduais. Ele foi convidado a dar explicações sobre a exigência da vistoria, prevista em decreto publicado no fim do ano passado.

“Nada do que ele me disser vai me convencer”, cutuca Marquinhos. Um correligionário dele, Eduardo Rocha, diz que, se necessário for, o assunto será levado ao Contran (Conselho Nacional de Trânsito).

Rocha defende o aumento do prazo para a obrigatoriedade da vistoria, dos atuais cinco anos para dez anos. Também questiona o preço cobrado pelo procedimento, que chega a R$ 120: “é uma forma de arrecadação?”

Governo

O governo estadual alega estar amarrado a uma exigência do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) sobre a vistoria obrigatória nos veículos. O governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), reiterou nesta quarta que um estudo está sendo feito para analisar a possibilidade de reduzir o custo da inspeção.

Sobre os valores arrecadados com o procedimento – questionados sobre o assunto, empresas e Detran se negaram a informar qual percentual da taxa é repassado aos cofres públicos –, o governador disse ser necessário pedir os números à Sefaz (Secretaria Estadual de Fazenda). “Essa vistoria é recente, começou e não temos  número exato, mas o Detran está azendo um estudo com a possibilidade de reduzir esses valores e ampliar os locais de vistoria”, comentou o tucano.

Reinaldo reafirmou, ainda, que aguarda encaminhamento do Denatran sobre eventual aumento no prazo de exigência da vistoria – de veículos com cinco anos de uso para o período de dez anos. Esta ampliação consta da pauta de reivindicações dos caminhoneiros junto ao governo federal.