População também pediu afastamento do prefeito

Embora não seja de forma generalizada, alguns manifestantes de Campo Grande não esqueceram o cenário político regional durante o protesto contra o governo federal na Praça do Rádio. Munidos de cartazes, eles ressaltam insatisfação com os últimos acontecimentos na cidade, como, por exemplo, a Operação Lama Asfáltica, que estourou no mês passado e investiga esquema de licitações fraudulentas entre empreiteiras e os executivos estadual e municipal. 

O episódio, somado ao fato de o prefeito da Capital, Gilmar Olarte (PP), ter se tornado objeto de Comissão Processante na Câmara Municipal na última quinta-feira (13), parece ter feito com que figuras políticas fugissem da manifestação. Entre os protestantes somente a vereadora Luíza Ribeiro (PPS) foi encontrada. A legisladora, inclusive, levou 100 cartazes contra Olarte para distribuir no local.

Com cartaz escrito ‘Vereadores só depende dos seus votos. Fora Olarte’, a dona de casa Claudete Barros de Oliveira, 66 anos, está protestando contra a situação política em todos os âmbitos. “BNDES, Petrolão, Lama Asfáltica e a desmoralização dos nossos vereadores, estou contra tudo isso e acho que nosso dinheiro tem que ser devolvido. Não dá para criticar somente o nacional enquanto aqui na cidade estamos assim”, disse.

O funcionário público estadual, Ivan Neiva Junior, 42 anos, avalia que se o prefeito está sendo oficialmente investigado pela Justiça e há uma lei que prevê afastamento neste caso, então que seja respeitada. “Não estou protestando contra a pessoa do prefeito, mas sim pelo cumprimento da lei. Campo Grande tem que ir às ruas, olha o que estamos vivendo”, afirmou.

Segundo o parágrafo 23, inciso 14, da LOM (Lei Orgânica do Município) prefeito e vereador que estiver envolvido em investigação podem ser afastados por 180 dias. Na semana passada o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) aceitou denúncia do MPE (Ministério Público Estadual) e Olarte virou réu sob acusação de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.

A opinião se estende ao servidor público federal, Osvaldo Dias, 53 anos. Ele acrescenta que a indignação não é somente com o PT, partido em mais evidências nos escândalos nacionais, mas a todos os outros. “Tem que Ser manifestação ampliada sim. Temos que incluir a Lama Asfáltica e todos os outros partidos. Fora Dilma, fora Olarte”, finalizou.

Histórico -Neste ano dois manifestos de grande proporção já ocorreram no Brasil. A onda de protestos ganhou força em julho/julho de 2013 quando o país parou com o ‘Vem pra Rua’, que levou milhões de pessoas às ruas de todos os Estados e virou manchete internacional. Tudo começou quando o governo federal autorizou aumento na tarifa do transporte público nas cidades brasileiras. Em Campo Grande sempre houve adesão.