Carlos Roberto dos Santos, 52 anos, viúvo de Marta Gouveia, assassinada aos 37 anos, em janeiro de 2022 pelo próprio filho, comentou como tem sido a vida após a morte da esposa. A vítima saiu de casa para pedalar, mas desapareceu. O cadáver da mulher foi deixado às margens de uma rodovia, localizada na cidade de , município distante aproximadamente 300 quilômetros de Campo Grande.

A vítima foi morta pelo próprio filho, de 19 anos. O rapaz seria enteado de Carlos. Em uma entrevista ao Nova News, o viúvo espera que a ‘justiça seja feita' e ressalta que ainda segue muito abalado.

“Espero que a justiça seja feita”. Com essas palavras, Carlos iniciou a entrevista, afirmando que segue no aguardo de que o acusado, que atualmente, segundo ele, está recolhido no Presídio Harry Amorim Costa, em , seja julgado e condenado pelo crime.

Tentando se reerguer

Carlos, ao lado dos dois filhos que teve com Marta, um com 12 e outro de três anos, ainda tenta se recuperar do que ele qualifica como sendo a pior experiência de suas vidas.

“Meu filho de três anos ainda não entende o que aconteceu e certamente não terá nenhuma lembrança da . O de 12 já sofreu muito, às vezes, percebo que ele fica muito triste, mas está conseguindo tocar a vida, se dedicar aos estudos. Já com relação a mim, confesso que tem sido muito difícil. Foi um crime muito brutal, algo que fica gravado na minha mente. Uma imagem que surge toda vez que fecho os olhos. Uma cicatriz emocional que me marcará para sempre”, revelou.

Atualmente, ainda conforme o Portal Nova News, Carlos e seus dois filhos moram em Dourados. “Não tinha condições de ficar em Nova Andradina, de permanecer na mesma cidade onde tudo ocorreu. Então, logo após o desenrolar dos fatos, eu e meus dois filhos nos mudamos para Dourados, onde tenho familiares. Aqui nos sentimos amparados e temos mais suporte para tentarmos no reerguer. Inicialmente, ficamos na residência de parentes e agora estamos apenas nós três em uma casa que conseguimos”, explica.

Ele, que é caminhoneiro, havia se desligado da empresa na qual trabalhava na época do crime. Em Dourados, chegou a atuar por algum tempo como motorista de aplicativo e agora voltou a pegar a estrada após conseguir emprego em uma empresa de transportes. Uma das dificuldades relatadas por ele é com quem deixar o de três anos enquanto ele trabalha e outro filho estuda.

“Familiares e amigos me ajudam na medida do possível, mas eles também têm seus compromissos. Isso tem sido bastante complicado, mas vamos nos ajeitando por aqui”.

O que ele pensa sobre o acusado?

Questionado, pelo portal local, sobre o comportamento do seu enteado antes do crime, no dia a dia, Carlos o qualificou como uma pessoa fria. “É verdade que eu ficava muitos dias fora de casa trabalhando, inclusive no dia do crime eu estava puxando uma carga em Santa Catarina, mas quando voltava no intervalo entre uma viagem e outra, percebia ele como uma pessoa fria, que não tinha muito afeto para com a mãe. Ficava muito tempo trancado no quarto, no mundo dele, não se misturava muito com a gente”, afirma Carlos.

Em março de 2022, a Polícia Civil do Estado do Mato Grosso do Sul concluiu o inquérito que investigava a morte da vítima,
Foto: Nova News

O Nova News perguntou ao viúvo de Marta Gouveia se em algum momento, na época dos fatos, ele chegou a suspeitar do filho de Marta, sendo que ele revelou que sim. “Eu não tinha certeza, mas suspeitava sim. Logo após o crime eu fui à Delegacia de Polícia para prestar declarações e, quando saí, ele estava do lado de fora, em atitude meio estranha. Aí ele me perguntou se as autoridades haviam mencionado o nome dele, se a polícia estaria suspeitando dele e isso me chamou a atenção”, revelou.

“Ele participou normalmente do velório e do sepultamento da mãe. Depois marcou presença em um ato público, na verdade uma homenagem feita por ciclistas e, uma semana depois, disse que não queria mais ficar na nossa casa, alegando que não estava se sentindo à vontade lá. Então, pegou as coisas dele e foi para casa de uma tia. Isso também achei estranho”, pontuou Carlos.

Nas palavras do viúvo de Marta Gouveia, passados mais alguns dias, o jovem disse que iria para Aquidauana, pois teria que se apresentar lá para o serviço militar. “Arrumei o dinheiro para que ele fosse e depois veio a bomba, quando as investigações apontaram na direção dele e ele acabou preso lá mesmo naquela cidade”, explica.

Conclusão do inquérito

Em março de 2022, a Polícia Civil do Estado do Mato Grosso do Sul concluiu o inquérito que investigava a morte da vítima, sendo que, os trabalhos, de fato, apontaram o filho de Marta como sendo o autor do crime.

Naquela época, após diversas técnicas de investigação e de inteligência, o procedimento criminal apresentou indícios suficientes de autoria e prova da materialidade da prática do crime de feminicídio.

Não entende qual seria a motivação

Nas palavras de Carlos, o que ele não consegue entender é qual teria sido a motivação. “O processo corre em sigilo e nem mesmo eu tenho acesso a todas as informações. Morando em Dourados também fica mais difícil de procurar as autoridades de Nova Andradina para obter as informações. Após a do acusado não tive contato com ele. Queria saber da motivação. O que poderia levar um filho a assassinar a própria mãe de forma tão cruel?”, questiona.

Esperança por justiça

Segundo ele, a esperança é que a justiça seja feita o quanto antes. “Não vejo a hora de que ele seja julgado. Quero ouvir o que ele tem a dizer e observar como o Poder Judiciário vai proceder. Acredito que nós, da família, e também a sociedade merecemos esta resposta. Espero que o caso tenha seu desfecho em breve e que o culpado seja penalizado de forma exemplar, com todo o rigor da lei. Que pegue pena máxima e pague pelo que ele fez. Que ele fique muito tempo privado de sua liberdade, pois o que ele fez foi algo terrível”, afirma.

Em busca de respostas e de paz

Nas palavras de Carlos ao Nova News, é muito ruim viver com esta interrogação. “Sei que a Marta não vai voltar, nas acredito que após a justiça ser feita poderemos seguir em frente com um pouco mais de paz no coração, sabendo que o caso teve um desfecho, que as respostas foram dadas e que a memória dela foi honrada”, finalizou.