Conflito em ocupação teve policiais baleados, adolescentes feridos e indígena morto em MS
Aeronave da Polícia Militar foi atingida por disparo, afirma Sejusp
Diego Alves –
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Além da morte de um indígena Guarani Kaiowá e três policiais baleados, dois adolescentes indígenas, sendo um menino de 13 anos e uma jovem de 14, também foram atingidos por disparos de arma de fogo e tiveram exposição de vísceras. Ao todo, o conflito em Amambai, distante 351 quilômetros de Campo Grande, terminou com 11 vítimas, entre elas indígenas e policiais militares nesta sexta-feira (24).
O caso aconteceu durante conflito com os policiais em ocupação de uma fazenda em local conhecido como “Sertãozinho”, às margens da MS-156, em Amambai, durante a tarde desta sexta. A região é chamada de Guapoy pelos indígenas.
Os dois jovens foram levados conscientes para atendimento no Hospital Regional de Ponta Porã, de acordo com o médico ortopedista Edinaldo Luiz de Melo Bandeira, que também é prefeito de Amambai.
O indígena que veio a óbito não portava documentos. Ele morreu atingido por três disparos, sendo dois na lateral do tórax e um no quadril.
Além dos adolescentes, uma mulher indígena foi atendida com ferimento no joelho, causado por arma de fogo. Ela foi atendida e liberada.
Outra mulher adulta, indígena, foi atendida com um ferimento de corte contuso na cabeça e perfuração de projétil de arma de fogo, que transfixou, na região da coxa. Ela encontra-se internada no Hospital Regional de Ponta Porã.
Um jovem adulto, também indígena, foi atendido com fratura em uma das mãos, também causada por tiro. Ele também foi atendido e liberado.
Outro homem adulto, indígena, foi atendido, medicado devido a um ferimento de arma de fogo na altura do bíceps, e liberado. Outro adulto homem, indígena, sofreu fratura exposta de fêmur, ferimento causado por arma de fogo. Consciente e orientado, foi levado ao Hospital Regional de Ponta Porã.
Policiais feridos
Três policiais militares foram feridos por disparos de arma de fogo. Todos foram atendidos no Hospital Regional da Cidade e nenhum deles corre risco de morte.
Segundo o hospital, um dos policiais foi atingido no quadril e na coxa. Outro policial sofreu ferimento no pé e o terceiro na perna. Após serem atendidos, os três foram trazidos de helicóptero para Campo Grande.
Conflito em ocupação
Informação é que, após serem expulsos, indígenas ainda estão na região e aproximadamente 100 policiais estão no local, entre eles a Polícia Federal. De acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), após a ocupação, indígenas dos povos Guarani Kaiowá foram atacados e expulsos, sem ordem judicial, por fazendeiros e policiais militares do território, chamado de Guapoy pelos índios. A polícia informa que entrou no local efetuando disparos de balas de borracha.
Já o secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) disse que entre os indígenas também há estrangeiros, possivelmente paraguaios. Isso porque eles vêm ao país vizinho tentar cooptar indígenas como mão de obra barata para a colheita de maconha.
A suspeita é de que sejam estes os homens armados que acabaram entrando em confronto com os policiais do Batalhão de Choque nesta sexta. O grupo de aproximadamente 30 pessoas, entre indígenas e estes estrangeiros, teriam ocupado a fazenda na quinta-feira (23). Inicialmente, policiais foram ao local e eles saíram, mas depois retornaram.
Gerente da fazenda chegou a registrar boletim de ocorrência, relatando que quando o grupo voltou, estava armado e atirando. Na coletiva, Videira pontuou que tiros foram feitos inclusive contra o helicóptero da Casa Militar, que sobrevoa a região. A aeronave também levou reforço de policiais do Choque ao local.
Conselho Indígena teme massacre
O Conselho informa que teme que a situação evolua rapidamente para um novo episódio de massacre contra os Guarani Kaiowá, como o ocorrido em 2016, em Caarapó.
Para os Guarani Kaiowá, Guapoy é parte de um território tradicional que lhes foi roubado — quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai. Os indígenas clamam atenção, exigem proteção às suas vidas e seus direitos.
O Cimi informa que pede o envolvimento de órgãos federais, além do CNDH (Conselho Nacional de Direitos Humanos), a fim de controlar a situação e investigar os episódios.
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