Violência no Paraguai leva à demissão de ministro e chefe de polícia

Autoridades identificam policial autor do disparo que matou líder ativista durante protesto

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Autoridades identificam policial autor do disparo que matou líder ativista durante protesto

O ministro do Interior, Tadeo Rojas, e o chefe de polícia, Crispulo Sotelo, foram demitidos pelo governo de Horacio Cartes neste domingo (2), após a aprovação de um projeto de reeleição presidencial pelo Senado, resultar em protestos violentos no Paraguai. Seus lugares serão ocupados por Lorenzo Lezcano e Luis Carlos Rojas, respectivamente.

Segundo o jornal ABC Color, Tadeo Rojas foi demitido poucas horas depois de afirmar que as autoridades iriam investigar “a fundo” a invasão policial à sede do Partido Liberal, que resultou na morte do ativista Rodrigo Quintana, de 25 anos na últiam sexta (31). Quintana era líder da ala Juventude Liberal no distrito de La Colmena, no departamento de Paraguarí.

Antes que Tadeo Rojas se manifestasse novamente, o procurador-geral do Estado, Javier Diaz Verón, divulgou um vídeo feito por câmeras de segurança, que mostra o momento em que policiais invadem o local atirando e Quintana é atingido. Pouco depois, o médico forense do Ministério Público Pablo Lemir informou que Quintana havia levado um tiro de escopeta. Lorenzo Lezcano assumiu prometendo empenho na resolução do assassinato.

“Não vamos descansar até que cada um dos responsáveis seja submetido à Justiça. Vamos esclarecer o que aconteceu na sede do Partido Liberal”, disse Lezcano.

Na tarde deste domingo, as autoridades apontaram o autor do disparo: o policial Gustavo Florentin, que estava na ação ao lado dos colegas Arnaldo Andrés Baez, Ever Benítez, Jorge Ramírez e Guido Amarilla, todos integrantes da divisão antidistúrbios da polícia.

Em depoimento, Florentin alegou não saber que o local era sede do Partido Liberal, disse que a arma disparou acidentalmente e reiterou que estava municiada com balas de borracha.

Reeleição

Os episódios de violência foram motivados por uma manobra aparentemente para prolongar o tempo do presidente Horacio Cartes no poder: 25 senadores, de um total de 45, aprovaram a portas fechadas uma emenda constitucional que permite a reeleição presidencial. Desta forma, Cartes, que assumiu em 2013, poderia se candidatar novamente na próxima eleição, que acontecerá no ano que vem. A reeleição presidencial foi proibida pela Constituição paraguaia promulgada em 1992, apenas três anos depois de o país ter se livrado da ditadura militar comandada pelo general Alfredo Stroessner, em 1989.

Em reação à aprovação da medida, manifestantes invadiram o Congresso na madrugada de sexta-feira e atearam fogo a vários escritórios. Além disso, opositores como o presidente do Senado, Roberto Acevedo, o presidente do Partido Liberal, Efraín Alegre e o deputado liberal Edgar Acosta foram feridos por tiros com balas de borracha.

Neste domingo, manifestantes foram às ruas protestar contra a morte de Quintana. Na capital, eles recolhiam assinaturas pedindo a retirada da proposta de reeleição presidencial.

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