Construção da primeira colônia israelense desde 1991 gera duras críticas
Nova colônia permitirá realojar cerca de 40 famílias judias da colônia de Amona
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Nova colônia permitirá realojar cerca de 40 famílias judias da colônia de Amona
Israel recebeu nesta sexta-feira duras críticas dos palestinos, da Casa Branca, da ONU e da União Europeia depois de anunciar, na quinta-feira, a construção de uma colônia na Cisjordânia ocupada, a primeira impulsionada por um governo israelense em mais de 25 anos.
A Casa Branca alertou que apesar da existência das colônias israelenses não ser um obstáculo para a paz, sua expansão poderia o ser.
“O presidente Donald Trump, tanto em público como em privado, manifestou sua preocupação a respeito das colônias”, declarou um funcionário do governo que não quis se identificar.
“Se a existência de colônias não é um empecilho para a paz, sua expansão sem restrições não ajuda no avanço da paz”, indicou.
O gabinete de Benjamin Netanyahu tomou esta iniciativa apesar das condenações internacionais à colonização e dos apelos da administração americana a freá-la.
Este é o primeiro anúncio de uma nova colônia por parte do governo de Israel desde 1991, antes dos acordos de paz de Oslo, indicou em um comunicado a ONG israelense Paz Agora, que se opõe à colonização.
A nova colônia, Geulat Tzion, permitirá realojar cerca de 40 famílias judias da colônia de Amona, na Cisjordânia, destruída em fevereiro por decisão judicial.
“O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e sua coalizão extremista e racista persistem em suas políticas sistemáticas de colonialismo, de apartheid e de limpeza étnica”, disse Hanan Ashrawi, uma das dirigentes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).
Israel está mais focado nas garantias que pode dar aos colonos que na busca da paz, considerou em um comunicado.
A construção do novo assentamento agradou Uri Ariel, ministro da Agricultura e membro do Lar Judaico, um partido nacionalista religioso que defende a colonização.
“Esta decisão permitirá o desenvolvimento de Judeia e Samaria”, o nome com o qual os israelenses se referem à Cisjordânia, disse à rádio pública.
O anúncio de Israel provocou críticas do secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, que expressou sua “decepção” e “preocupação” com a construção da colônia, indicou seu porta-voz em um comunicado.
Guterres “ressaltou em diversas ocasiões que não existe plano B para os israelenses e os palestinos para viver juntos de forma segura. Condenou as ações unilaterais que ameaçam a paz e minam a solução de dois Estados”, disse o porta-voz.
“As atividades de colonização são ilegais segundo o direito internacional e constituem um obstáculo para a paz”, lembrou.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, considerou que a decisão de Israel “ameaça fragilizar ainda mais as perspectivas de se alcançar uma solução viável de dois Estados”.
Para a ONG Paz Agora, “Netanyahu é refém dos colonos e coloca sua sobrevivência política acima dos interesses do Estado de Israel. Ao ceder à pressão dos colonos, Netanyahu leva israelenses e palestinos a uma realidade com apenas um Estado, sinônimo de apartheid”.
Um dos responsáveis da ONG, Anat Ben Nun, afirmou que “o lobby dos colonos é muito poderoso na atual maioria governamental e também dentro do Likud”, o partido conservador de Netanyahu, que lidera um governo considerado como o mais direitista da história do país.
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