‘Não sei como consegui escapar’, diz sobrevivente do ‘Charlie Hebdo’
Jornalista se escondeu debaixo da mesa e não foi visto por atiradores
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Jornalista se escondeu debaixo da mesa e não foi visto por atiradores
“No inicio, pensei que eram fogos de artifício. Então ouvi passos. Ainda me pergunto como consegui escapar.”
O depoimento é do jornalista do “Charlie Hebdo” Laurent Léger, sobrevivente do atentado que matou 12 pessoas na sede do jornal nesta quarta-feira (7). Ele contou sua história à rádio francesa “France Info”.
Léger estava na reunião na qual os atiradores abriram fogo no momento do ataque e viu seus colegas caírem atingidos pelas balas. Segundo o relato reproduzido pela rádio, ele se salvou por ter se escondido debaixo de uma mesa.
Com isso, o jornalista foi o único na sala de reuniões a não ser baleado, além de uma colega, que foi poupada por ser mulher.
O jornalista contou que um homem encapuzado e todo de preto, segurando uma arma com as mãos, entrou no escritório gritando “Allahu akbar”. Em seguida, ele abriu fogo. “O cheiro de pólvora… Em poucos segundos todos estavam no chão. Eles dispararam a esmo”, lembra o sobrevivente.
‘De repente, o silêncio’
Laurent Léger explicou que escapou dos olhos dos atacantes por “ter sido capaz de se jogar debaixo da mesa”. “Fiquei deitado lá. Vi os outros caídos, o som das explosões, e, de repente, o silêncio, era um longo silêncio”, contou à “France Info”.
Ele disse que, em seguida, ouviu passos e percebeu que o atirador estava voltando. “Mas a sala é muito apertada. Ele não conseguiu enxergar todo o recinto”, relatou.
Explicou, ainda, que o atirador saiu do ambiente e trocou algumas palavras com outra pessoa, e então ele percebeu que os bandidos eram dois. “Eu o ouvi dizer a um colega que ele não matou as mulheres. No entanto, havia uma morta na sala de reuniões”, continuou Léger.
Junto com Lèger, estavam na sala de reunião, em volta de uma mesa oval, o editor-chefe e cartunista Stéphane Charbonnier (Charb), os cartunistas Jean Cabu, Georges Wolinski, Bernard Verlhac (Tignous), Philippe Honoré e Riss, os jornalistas Fabrice Nicolino e Philippe Lançon, o economista Bernard Maris e as colunistas Sigolène Vinson e Elsa Cayat.
Desses, cinco sobreviveram: Riss, que levou um tiro no ombro, Fabrice Nicolino, alvejado na perna, Philippe Lançon, baleado no rosto, além de Sigolène Vinson, que, segundo o “Le Monde”, foi poupada por ser mulher e orientada a ler o Alcorão, e Lèger, que não foi notado.
Segundo o relato do jornalista à rádio francesa, após o ataque se instalou o caos. “Eu pensei que eles viriam atrás dos sobreviventes. É uma aberração, é irreal. Foi uma confusão, corremos para ver os feridos. Nós não entendíamos o que tinha acontecido. Tudo isso no coração de Paris, em um jornal.”
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