Amigos de longa data, os cantores sertanejos e Sérgio Reis têm muita história pra contar. Além da parceria musical, eles emendaram várias novelas juntos, fazendo os mesmos tipos de personagens, e tudo começou em “Pantanal”, na TV Manchete, em 1990. No entanto, Almir tinha outros planos e não queria fazer a novela. Foi Sérgio quem praticamente o obrigou a participar de “Pantanal”. Segundo o cantor, não foi nada fácil convencê-lo a entrar para a trama.

Quando soube por (o autor) que a novela seria feita, imediatamente, Sérgio (que já conhecia Almir), disparou para o escritor: “Vamos trazer o Almir Sater”. “Por que?”, indagou Benedito. “O Almir é pantaneiro, ele conhece o Pantanal. Nós vamos precisar fazer uma assistência técnica pra aquele povo. O povo vai vir do Rio para o Pantanal com 200 caixas de repelente, não sabe como se comportar aqui dentro. E ele tocando viola, nós dois tocando viola juntos, vai ser uma coisa de louco”. Após oferecer o amigo dessa maneira, o autor topou e disse: “traz o Almir”.

Sérgio Reis contou como conheceu Almir Sater (Foto: Reprodução)
Sérgio Reis contou como conheceu Almir Sater (Foto: Reprodução)

Só que a luta de Sérgio para colocar o sertanejo na obra não terminou por aí. Ele teve dificuldades para encontrar Sater. “Aí eu não acho o Almir. O Almir é duro de achar, você sabe disso. É duro. Olha, vou dizer… Aí liguei para o pai dele”. O pai de Almir Sater informou a Sérgio Reis que o sul-mato-grossense estava em e iria para os Estados Unidos. Depois disso, o veterano finalmente conseguiu contato com o pantaneiro. “Falei ‘Almir, vem pra cá que eu vou pôr você numa novela'.”.

De acordo com Sérgio Reis, o campo-grandense respondeu: “Não, grandão. Não vou fazer novela não”. Reis insistiu: “Almir, vem que vai ser bom. Você não gosta de Pantanal? Você vive lá. Nós vamos viver um ano no Pantanal, vamos ver umas muié bonita, vamos beijar umas mulher bonita e ainda vamos ganhar dinheiro pra isso. Você vai deixar isso?”, propôs o sertanejo.

Diante da oferta, cantada dessa maneira, Almir considerou a proposta irresistível e, segundo Sérgio, topou dizendo: “Grandão, pensando bem não é tão ruim. Acho que eu vou”. A declaração de Sérgio Reis que narra esse episódio da vida dos amigos foi dada em entrevista à Rede TV, em 2019.

“Ele veio, conversou com o autor, que criou um personagem pra ele. Aí ele decolou na carreira e virou esse Almir Sater que você conhece. Ele é do bem”, disse Sérgio.

A dupla na novela "O Rei do Gado"
A dupla na novela “O Rei do Gado”

 

O início de tudo

Antes de contar o fato sobre a participação do amigo em “Pantanal”, na mesma entrevista, Sérgio contou como conheceu Almir Sater.

“O Almir era novinho, apareceu na minha casa, veio me trazer umas músicas pra eu gravar. Eu fui o primeiro artista profissional que gravou Almir Sater. Ele não tinha gravado com ninguém. Eu gravei ‘Sonhos Guaranis' dele e do Paulo Simões e ali ficamos amigos”, revelou.

Segundo o sertanejo, Sater é ‘bicho do mato' e ‘pantaneiro mesmo'. “O Almir é uma pessoa doce, ele é uma pessoa boa e calma. É bom conviver com ele. Ele cuida dele, ele não fala de ninguém. É raro ele falar um palavrão, ele é bicho do mato, pantaneiro mesmo. É o que ele gosta, e eu também, eu estive até os 18 anos no Pantanal”, comentou Reis.

Almir e Sérgio tiveram CD com música de seus personagens em "O Rei do Gado"
Almir e Sérgio tiveram CD com música de seus personagens em “O Rei do Gado”

Carreira juntos

Depois que fizeram “Pantanal” juntos, como a dupla de violeiros Tibério (Sérgio) e Trindade (Almir), os dois foram parceiros de cena em todas as novelas seguintes de suas carreiras, com exceção de “Ana Raio e Zé Trovão”, da qual Almir Sater foi o protagonista.

Em “O Rei do Gado” (1996) foram os peões Pirilampo e Saracura e em “Bicho do Mato (2006), na Record TV, que também se passava no Pantanal, interpretaram Mariano e Geraldo, seguindo a mesma linha dos personagens anteriores.