Outro lado da história: perrengues ‘atrás do balcão’ provam que nem sempre cliente tem razão

No segundo episódio da série #clienteabusado fomos atrás de quem fica, justamente, atrás do balcão.

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Segundo episódio da série relata um pouco da 'dor de cabeça' de quem trabalha com público. (Foto Marcos Ermínio/Jornal Midiamax)

Achou o depoimento das depiladoras chocante, beirando o assédio? Então espera que tem mais! No segundo episódio da série #clienteabusado fomos atrás de quem fica, justamente, atrás do balcão. E o que poderia ser uma simples venda ou atendimento se torna um momento constrangedor e humilhante para o trabalhador, mais uma vez provando que, nem sempre, o cliente tem razão.

O nutricionista Gabriel Delmondes tem apenas 24 anos, mas já pode dizer que passou por ‘poucas e boas’ quando atuava no setor de atendimento ao público, em Campo Grande. Antes de se formar, exerceu várias funções e fala que contabiliza muitas histórias.

Ao MidiaMAIS, o jovem revelou que as ‘dores de cabeça’ ocorreram de 2017 a 2019. Primeiro, trabalhou em uma hamburgueria da Capital, onde havia fregueses que, segundo ele, só tinham aptidão para reclamar. “Apareciam uns clientes que reclamavam de absolutamente tudo, desde a música que estava tocando até a posição do lanche no prato”, relembrou.

Em um desses momentos, Gabriel recorda de uma mulher, sem educação, que tinha sido grossa com os funcionários logo ao sentar na mesa.

“Pediu um hambúrguer, uma cerveja e uma batata frita. Quando tudo chegou na mesa, ela reclamou que a batata estava encharcada, a cerveja estava choca e o hamburguer fora do ponto que ela pediu, tudo de forma bem rude e irônica. O engraçado é que foi a única reclamação que tivemos naquele fim de semana, e servíamos em torno de 60 a 70 hambúrgueres por noite, em média”, recorda.

No buffet, jovem diz que recebia ordens para procurar pertences de crianças

Os perrengues não param por aí. Isso porque, temos depois, Delmondes conseguiu outro emprego como recreador de buffet infantil, também na capital sul-mato-grossense. O que parecia ser uma atividade divertida, de entreter crianças, se transformou em um empecilho devido aos responsáveis por elas.

Foto: Redes Sociais/Reprodução

“Os pais, às vezes, achavam que nós trabalhávamos como babás das crianças…tinham uns que até abusavam, ordenando a gente sair de onde estávamos para procurar tênis, meia, arquinho, etc. Coisas que não faziam parte da nossa responsabilidade ali, que era cuidar para que as crianças brincassem em segurança e diverti-las!”

Questionado sobre um desses episódios, o nutricionista comentou sobre um pai de criança, que chegou indignado porque o filho, de 7 anos, havia perdido o tênis. Em seguida, exigiu que o jovem procurasse o calçado – mesmo não sendo a função de Gabriel.

“Ele pediu isso enquanto eu cuidava de um brinquedo, onde umas 10 crianças rodavam, entravam e saíam o tempo todo. Eu disse educadamente para ele que, considerando o volume de responsabilidades que nós monitores já tínhamos naquele momento, recomendava que ele pedisse para que o próprio filho procurasse pelo tênis, já que ele tirou e não sabia onde estava. Ele virou as costas e saiu com cara de insatisfeito”, conclui.

No sex shop, balcão vira local para convite de jantar e sexo por R$ 5 mil

Atendente recebeu ‘proposta indecente’ enquanto atendia no balcão. Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

No sex shop, as atendentes são treinadas para atuar de forma mais discreta possível, seja mostrando um produto ou então falando para que ele serve. No entanto, é neste momento, que o cliente mal intencionado aproveita para fazer insinuações ou então convites inadequados.

Uma atendente, de 21 anos, fala que está trabalhando em uma loja do ramo há um ano e meio. Jovem, bonita e simpática, são muitos os atributos que chamam a atenção para a moça. No entanto, em momento algum, isso “dá direito” aos clientes de fazerem propostas. Comprometida, a vendedora fala que não conta os fatos para o noivo, já que, imediatamente, vai pedir a ela que saia do emprego.

“No meu caso, aconteceu, recentemente, uma proposta bem absurda. O cara comprou bastante coisa, lembro que a conta deu um valor bem alto. E aí depois ele disse que queria usar comigo, me oferecendo R$ 2 mil para sair para jantar e depois ficar com ele. Quando neguei, ele ainda aumentou a oferta, dizendo que pagaria R$ 5 mil se eu aceitasse”, disse.

Neste caso, o cliente foi embora “insatisfeito”, segundo a jovem. Mas, acredite, tem gente pior. “Agora, quando é chamada de vídeo, a gente nem atende mais. Mas teve homens que passaram aqui na frente, pegaram o nosso contato de Whatsapp e pararam o carro, em meio ao trânsito, para nos ligar. E o pior: estavam se masturbando”, relatou, indignada.

Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax

Outra atendente, de 23 anos, também atendeu ligações e clientes abusados. “Com o tempo, a gente acostuma e ignora. Alguns insistem, falam que são potentes e não precisam de produto, só que a gente muda de assunto e finge que nada está acontecendo. Estou há alguns meses aqui, atrás do balcão, só que já estou aprendendo muito. E na minha opinião não, nem sempre o cliente tem razão”, finalizou.

E você leitor, o que acha…o cliente sempre tem razão?

Veja como evitar problemas no atendimento ao cliente

Tem gente que parece chegar em um estabelecimento comercial com uma única meta: irritar outro alguém. E a gente sabe que cliente sempre tem razão, mas ninguém tem sangue de barata! Só que, quem presta serviços e atende clientes, pode seguir algumas regras divulgadas por especialistas e evitar problemas. 

1 – Escute o desabafo do cliente

A primeira dica de como lidar com clientes mal-educados consiste em ouvir o que eles têm a dizer. Portanto, escute o desabafo, sem interrompê-lo, e depois repita o desabafo dele com suas próprias palavras, a fim de confirmar se você realmente entendeu o que foi dito.

2 – Faça perguntas para ter noção mais clara da situação

Se o cliente está sendo grosseiro com você, é importante procurar entender o que está motivando tal comportamento. Para isso, faça perguntas que esclareçam melhor a situação. 

3 – Demonstre empatia pelo cliente

Outra dica de como tratar um cliente mal-educado é mostrar empatia por ele. Esse comportamento é geralmente por conta de alguma insatisfação, então, procure se colocar no lugar do cliente para ajudar a entender o problema com mais clareza e solucioná-lo de forma eficaz. 

4 – Proponha solucionar os problemas com agilidade e eficiência, sem prazos muito longos

5 – Seja honesto e sincero com o cliente. Não minta mesmo que ele seja grosseiro e mal-educado

6 – Não estenda a discussão

É preciso evitar que a relação com o cliente possa se desgastar e gerar danos irreversíveis.

7 – Seja paciente e não perca a calma

Outra dica valiosa de como responder um cliente mal-educado é não perder a paciência e manter a calma. Lembre-se: a inteligência emocional faz toda a diferença.

8 – Não eleve o seu tom de voz com o cliente e não faça ironias

9 – Não leve para o lado pessoal

Isso pode desestabilizar emocionalmente e acaba impedindo de solucionar o problema. 

10 – Fale diretamente o problema para a chefia

Eles precisam saber do comportamento dos clientes para tomarem decisões. 

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