Febre maligna originou promessa e fez Santo Antônio ser padroeiro de Campo Grande

José Antônio Pereira e sua comitiva estavam a caminho da cidade quando souberam da doença. Ele então fez promessa e construiu uma capela para o santo

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Festa do santo em 2021. Foto: Eduardo Nunes/Arquivo Pessoal

José Antônio Pereira e sua comitiva estavam a caminho da cidade que, posteriormente, seria chamada Campo Grande, em 1872, quando a notícia da febre maligna se espalhou pelo caminho. Antes, eles pararam em Santana de Parnaíba e souberam que o povoado havia sido assolado pela doença, atingindo também os homens da caravana pioneira. 

Devoto de Santo Antônio, José Antônio Pereira pediu intercessão e prometeu a construção de uma igreja, assim que chegasse por aqui e houvesse cura da doença, sem levar nenhum dos homens. 

Bolo de Santo Antônio 2022
Foto: Marcos Ermínio | Jornal Midiamax

Na ocasião, uma imagem do santo estava junto à comitiva. Além disso, José Antônio Pereira era tido como um bom médico, com conhecimentos em farmácia e homeopatia e comemorou o fato da doença ser extinta após ele recorrer ao santo.

“O Santo Antônio é o padroeiro da cidade porque esse foi o voto da família fundadora. Quando José Antônio e a comitiva saíram de Minas, na direção de Campo Grande, passando por Paranaíba, encontraram a cidade toda empestada, com focos da doença, pessoas morrendo e ele era prático de medicina. Não tinha essa ideia do curso que temos hoje, mas, faz lá uma promessa”, argumentou o padre Wagner Divino de Souza.

Cidade já foi chamada de Arraial de Santo Antônio e teve avenida com nome do santo

Com o fim da doença, o fundador deu início ao cumprimento da promessa. “Ele concluiu a igrejinha entre 1876 e 1877. No ano seguinte, já ocorreram celebrações e os primeiros sacramentos na igreja de Santo Antônio, onde está a catedral hoje, então, a partir daquele momento, o nome desta vila, que nasceu entre o córrego prosa e o segredo, que a gente chama de horto hoje, foi de Arraial de Santo Antônio”, explicou Souza.

Bolo de Santo Antônio, em 2021. Foto: Eduardo Nunes/Arquivo Pessoal

Na época, a comitiva, ainda conforme o padre, tinha 72 pessoas. “Por causa da proteção de Santo Antônio é que todo mundo acredita que ninguém morreu. Desde então, o santo está presente na vida da cidade. A rua Calógeras, por exemplo, se chamava Avenida Santo Antônio. O nome só mudou depois que foi fundado o CMO [Comando Militar do Oeste] e quiseram homenagear o Pandiá Calógeras”, ressaltou o padre.  

Com o tempo, Santo Antônio passou a ser o padroeiro de Campo Grande.

“Aí já estamos falando da década de 90, quando a câmara de vereadores resolveu elevar Santo Antônio por força de lei, fazendo esse resgate histórico e colocando como padroeiro de Campo Grande”, disse o padre, que coordena a Catedral Nossa Senhora da Abadia e Santo Antônio de Pádua.

Igreja foi demolida e reerguida 3 vezes

Inaugurada em  março de 1878, a capela foi construída de pau-a-pique. Ao longo dos anos, foi demolida e reerguida ao menos três vezes, devido às condições de segurança da estrutura e até para mudança de local.

Atualmente, a igreja de Santo Antônio está localizada na Travessa Lydia Baís, na esquina com a Rua 15 de Novembro, região central da Capital. A igreja foi constituída como catedral metropolitana em 1991, na ocasião da visita do Papa João Paulo II a Campo Grande.

A partir desta data, o templo, que era denominado Matriz de Santo Antônio, passou a ser chamado de “Paróquia de Santo Antônio – Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Abadia”. Conforme apurado pelo Midiamax, a imagem de Santo Antônio, encontrada na igreja, ainda é a original, trazida pelo fundador. 

Lei institui Santo Antônio como padroeiro de Campo Grande

No dia 29 de outubro de 2001, foi instituída a Lei n° 3901/01. Desde então, ficou estabelecido que o dia 13 de junho é o Dia do Padroeiro do Município de Campo Grande, o Santo Antônio de Pádua, com previsão de feriado municipal.

Neste mês de junho, ocorre a tradicional festa, com o bolo de Santo Antônio. Serão ao todo 7 mil pedaços, com 500 alianças distribuídas nos potes de 200 gramas cada. Segundo a tradição, é necessário encontrar uma delas para casar!

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