Você pagaria R$ 200 mil na Tocha Olímpica original? Algumas pessoas acham que sim

Utensílio está à venda na internet e preço varia de R$ 2 mil a R$ 200 mil

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Utensílio está à venda na internet e preço varia de R$ 2 mil a R$ 200 mil

Parece que a palavra-chave que envolve tudo relacionado aos Jogos Olímpicos de 2016 é ‘dinheiro’. Depois das moedas especiais dos Jogos Olímpicos à venda por preços absurdos, pessoas que conduziram o Fogo Olímpico em diversas cidades do Brasil e que ficaram com a tocha de presente estão vendendo o mimo que receberam dos patrocinadores na internet. O preço, no entanto, beira o surreal. Há propostas de venda que saem por até R$ 200 mil no kit que compreende uniforme, bottons, tênis e, claro, a tocha. Duvida? Abra o OLX ou o Mercado Livre e digite ‘Tocha Olímpica’.

O kit mais caro à venda encontrado pela reportagem sai a R$ 200 mil. “A tocha que está a venda foi acesa em Alagoas no vezamento (sic) no dia 29 de maio, essa tocha é importante pois conduziu o fogo olímpico por 200m entrando assim para a história da eternidade dos Jogos Olímpicos, se tornando assim algo bastante valioso para os amantes do esporte”, traz o anúncio no OLX. Buscamos contato com o vendedor, que se indispôs a falar com a reportagem.

Todavia, há ofertas mais baratas que em média variam entre R$ 4 mil a R$ 6 mil. Nas Olimpíadas do Rio, a Tocha foi dada de presente aos condutores por alguns patrocinadores, como o Bradesco e a Coca-Cola. Outras, entretanto, foram colocadas à venda por cerca de R$ 2 mil, para quem correu com o fogo por órgãos públicos e outros.

Até o momento, o fogo olímpico já foi conduzido por 904 pessoas e já passou por 196 cidades. Daqui a exatamente um mês, no Rio de Janeiro, a grande Pira Olímpica será acesa com o fogo sagrado.

Sem ofertas em Campo Grande

Só em Campo Grande, onde o Fogo Olímpico percorreu 40 km, cerca de 150 pessoas participaram da condução. Porém, não encontramos nenhuma oferta de venda da tocha no Estado, o que pode indicar que quem conseguiu ficar com o utensílio pretende guardar com carinho a lembrança do momento em que todos os holofotes estavam voltados para eles.

Marcelo pretende até 'emoldurar' a tocha que ganhou (Arquivo pessoal)

 

“Eu por exemplo deixo ela guardada, e estou aguardando um exemplar de MDF com vidro para colocar na parede da minha casa como um quadro. Ainda estou vendo uma arte para deixar no fundo dela com fotos do meu revezamento”, detalha o jornalista Marcelo Varela Nina, para quem não é ok por um valor sobre a tocha.

“Acho que um símbolo como esse, a Tocha Olímpica, nunca mais vai passar aqui. Tudo bem que a situação financeira de cada um é pessoal. Cada faz o que quer, mas não acho legal vender um objeto que tem uma simbologia e significado no esporte. Ao invés de vender, poderia doar para um museu, entidade ou escola pública para fomentar a importância do esporte”.

Outro condutor da tocha, o curador do Museu do Videogame Itinerante, Cleidson Lima, também manterá o utensílio numa coleção particular. “Ela ficará comigo pra sempre, é a memória da minha corrida. A minha eu guardei inclusive com as marcas da fuligem da chama”, afirma.

A tocha de Cleidson guarda até as marcas de fuligem (Arquivo pessoal)

 

Para Cleidson, as altas cifras cobradas por quem vende a tocha beira a ingenuidade, até para quem comprar, já que o COI (Comitê Olímpico Internacional) pretende vender réplicas originais a menos de R$ 2 mil. “Mas nem posso dizer nada, pois também não gosto do que as Olimpíadas acabaram representando para o nosso país. Eu fui condutor do espírito olímpico e não de roubalheira de políticos desonestos que desviam o dinheiro público. Eu conduzi a união e paz por meio do esporte e a união dos povos. Como projeto pessoal, representou minha retomada à saúde e a volta aos exercicios físicos”, conclui Cleidson, que emagreceu 15 quilos para a ocasião.

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