A festa será neste domingo (31), às 16 horas 

Monumentos religiosos estão por aí. Espalhados por todos os cantos da cidade, eles passam despercebidos pela maioria dos olhares. Exceto um… o Preto Velho. Sentado tranquilamente sob a sombra de eucaliptos em uma praça da Vila Progresso, região sul de Campo Grande, ele carrega a resistência de milhares de fiéis de religiões de matrizes africanas e ameríndias.

“Ter um Preto Velho em uma praça pública é, para nós, símbolo de muita luta e de tomada de visibilidade muito grande. Não é só uma imagem. É a nossa resistência”, explica Irbs Santos, presidente da FECAMS (Federação dos Cultos Afro-brasileiro e Ameríndios de Mato Grosso do Sul). Neste domingo, a Praça do Preto Velho completa 20 anos.

Em 31 de maio de 1995 sua inauguração contou com a participação de representantes de apenas 5 dos então 300 terreiros de Umbanda e Candomblé da Capital. O motivo? O mesmo que hoje leva milhares de pessoas a esconderem sua religiosidade: o preconceito.

Segundo dados do último censo do IBGE, em 2010, em todo Mato Grosso do Sul apenas 2.300 pessoas se declararam praticantes de religiões afro brasileiras e ameríndias.  “As pessoas tem medo de dizer que são da Umbanda, do Candomblé. Elas têm medo de sofrer preconceito. Por isso se escondem”, diz Irbs.

Em Campo Grande existem pelo menos 700 terreiros e em alguns deles, mais de mil pessoas frequentam a casa. “Como podemos dizer que só temos 2.300 praticantes? Isso está errado. Temos absoluta certeza”, lamenta.

Por isso, a entidade tem trabalho para que haja maior interação entre as religiões e consequentemente, redução na discriminação contra os fiéis. “As pessoas precisam conhecer e desconstruir esse pensamento que têm sobre nós. Vamos sim, ocupar os espaços públicos e reivindicar o nosso espaço e a comemoração do aniversário dessa praça representa isso”.

Candidatos à desconstrução de preconceitos – em relação às religiões que são parte fundamental da cultura brasileira – são mais que convidados a comparecer a celebração de aniversário da Praça do Preto Velho que fica na Avenida Fábio Zahran, na Vila Progresso.

 Além de louvação e apresentações culturais, será servida uma feijoada, comida típica das celebrações ameríndias.