Família ficou presa em casa durante temporal após muro desabar e terreno ser inundado

O casal conseguiu sair com ajuda do vizinho. Moradores cobram poder público, empreiteira e empresário apontado como dono de terreno vazio no Jardim Paradiso, em Campo Grande.

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O casal conseguiu sair com ajuda do vizinho. Moradores cobram poder público, empreiteira e empresário apontado como dono de terreno vazio no Jardim Paradiso, em Campo Grande.

O advogado Rodrigo Carvalho, 35, a publicitária Joyce Duarte, 30, e filho de três anos do casal passaram sufoco na noite desta segunda-feira (11), no bairro Jardim Paradiso, em Campo Grande. Após estrondo de raio durante tempestade, o muro da casa caiu e a água entrou alagando a casa e deixando todos presos. A porta não abria por conta da água e eles não conseguiam deixar o local.

“Tinha água até no meu peito. Foi Deus, a gente viu a morte”, declarou Rodrigo. A família foi salva pelo vizinho de cima, que usou um cabo de vassoura como alavanca para empurrar e abrir a porta da casa para todos saírem. A casa ficou cheia de barro e a família perdeu tudo. “O principal a gente já salvou, que são nossas vidas. Agora estamos lavando os imóveis para ver o que dá para recuperar”, conta.

Terreno abandonado

O muro fazia costas com um terreno abandonado. Há um ano morando no Residencial Belvedere Almeida, na rua Youssif Abdulahad, 523, Rodrigo conta que o terreno atrás de sua casa sempre foi abandonado. “Nunca mexeram, sempre foi sujo. Se o terreno estivesse limpo e plano, roçado, isto não teria acontecido. Tem um monte de terra bem alto, que canalizou toda a água”, explicou, revoltado.

Marcelo Cordeiro, 34, bancário, vizinho do casal, também morador do Residencial Belvedere, conta que o problema, além do terreno, é a falta de escoamento na rua. “O fluxo da água que desce dos bairros vai toda para este terreno. Só tem um escoamento aqui por perto”, revela.

Para Rodrigo, são três os responsáveis pela tragédia: o poder público, que não fiscalizou a obra, a construtora que fez a obra e o dono do terreno. O advogado afirmou que fará boletim de ocorrência e entrará com processo administrativo contra a Prefeitura para tentar recuperar os bens perdidos.

“O momento de tentar sair e não conseguir foi um dos piores, achei que íamos morrer os três lá dentro”, relata Joyce, que cobrou de Bernal fiscalização da construtora. “O prefeito tem que ver isso. Deve ter muita gente que sofre com esses problemas quando chove”, analisa.

Prefeito esteve no local

Bernal esteve presente no local, viu os estragos, lamentou a situação e disse que vai atrás do técnico que deu o alvará, da EF Construções que fez a obra, e do proprietário do terreno. “Esta é a prova de que temos que fiscalizar as construtoras e notificar os donos destes terrenos. Temos que ser rigorosos, principalmente com os mais ricos”, declarou, devido aos fortes boatos de que o dono do terreno seria dono de grande empresa em Campo Grande.

Ao sair, Bernal ressaltou que vai ajudar a família e disse a Joyce para anotar telefone de sua assessora, mas se esqueceu que a publicitária perdeu tudo, inclusive o celular. “Ele disse que ia ajudar, mas não sei nem como vou entrar em contato”, indaga a publicitária.

A família está no local limpando o que sobrou da casa e vai passar a noite na casa da mãe de Joyce.

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