‘Vilão’ da vida financeira dos campo-grandenses, cartão de crédito também pode ser aliado

Especialista dá dicas para se sair bem na hora de usar o cartão de crédito

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Ter acesso a um cartão de crédito vivendo no Brasil está cada vez mais fácil, principalmente para quem nunca teve um crédito na praça e tem renda, mesmo que pouca. Porém, ter um cartão de crédito exige uma boa administração dos gastos e educação financeira para não estourar o limite e acabar com o nome sujo.

Uma pesquisa divulgada no inicío deste ano mostrou que 59% dos campo-grandenses estavam endividados e o cartão de crédito era o ‘vilão’. No topo entre os principais meios de endividamento, o cartão de crédito foi citado por 68,3% dos entrevistados, seguido pelos carnês (27,3%), financiamento de casa (11,5%), financiamento de carro (11,4%) e crédito pessoal (5%).

Mas é possível ter um cartão de crédito sem se endividar e permanecer no azul? De acordo com o vendedor José de Sá, de 59 anos, é possível. Há mais de 10 anos com cartão de crédito, hoje o consumidor tem três opções de cartões para parcelar as compras e nunca estourou o limite ou ‘sujou’ o nome. 

Para ele, ter uma boa organização financeira e saber que o cartão de crédito é uma ‘falsa sensação de poder’ é a chave para um ‘caso de sucesso’. “Muitas pessoas pegam um cartão de crédito e não tem o controle financeiro. Já vi gente que se enrolou em dívidas com o cartão e acabou criticando o banco, que não tem nenhuma relação com esse descontrole. É preciso pensar na fatura, se a conta que estarei assumindo com o cartão não vai comprometer as minhas outras despesas”, disse.

Por outro lado, estourar o cartão e se enrolar nas dívidas foi uma realidade para a estudante Milena Barbosa, de 22 anos. Aos 18 anos, ela conta que conseguiu o primeiro cartão de crédito. Um limite de R$ 300 que logo se converteu para R$ 600 e foi o bastante para ter a sua primeira dívida.

“Primeiro me deram um cartão que era só da loja, aquele que na primeira compra na loja a gente tem 10% de desconto na compra. Eu usei, paguei certinho nas primeiras compras, mas depois eles converteram o cartão da loja em um cartão de crédito da loja. Com uma bandeira. E me dava a possibilidade de usar em outros lugares, em outras compras. Foi ali que me lasquei”, contou.

Trabalhando por meio período e estudando, a mensalidade da universidade era a prioridade e quando a fatura virou uma bola de neve, o dinheiro deu apenas para pagar os estudos. “Chegou um momento que eu comprava mais do que eu ganhava e como tinha que pagar o curso, o nome ficou sujo”, comentou.

Ela conseguiu negociar a dívida, limpou o nome, mas foi uma questão de tempo para ficar no vermelho novamente. “Eu parcelei minha dívida, cancelei o cartão, mas um tempo depois eu peguei outro cartão de um banco digital e foi a mesma situação. Limite de R$ 1 mil e estourei. Não aguentei pagar a fatura, parcelei a fatura e também não consegui. A dívida com juros chegou a R$ 3 mil. Consegui pagar no ano passado. Prefiro nunca mais te um cartão de crédito, porque sei que não tenho educação financeira o suficiente”, afirmou.

Cartão de crédito: ter ou não ter?

Para a economista Andreia Cambiaghi, muitos falam que o cartão de crédito é o grande vilão da vida financeira, mas na realidade, não é bem assim. Ela explica.

“Vamos pensar juntos o seguinte: como você paga as suas despesas? É com dinheiro, certo? Pois é. Se é assim, qual é a função do cartão de crédito? Fazer o pagamento de despesas que realizamos. Compramos e pagamos. Então, se compramos temos que ter dinheiro para pagar e o cartão de crédito tem essa finalidade, no entanto, os pagamentos são programados para uma única data, que é a data de vencimento do cartão”, explicou.

Ela orienta que antes mesmo de ter um cartão de crédito, o consumidor deve pensar primeiramente nas suas despesas e conhecer os próprios hábitos de consumo.

“Quais são os seus hábitos de consumo diário, semanal, mensal? Eles são adequados com a sua realidade financeira? Entendendo esses hábitos e adequando-os a sua realidade, ou seja, ter um padrão de vida que esteja adequado a sua realidade, não vai importar a forma como você realiza os seus pagamentos”, pontuou.

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