Quadrilhas aproveitam vulnerabilidades de modelo japonês e furtos de Hilux aumentam em MS
Ladrões flagrados em Campo Grande levaram cerca de dois minutos para abrir e ligar as Hilux, que têm até “cabriteira” exclusiva em MS
Graziela Rezende –
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A prisão de uma quadrilha especializada em furtos de Hilux, em Campo Grande, no último domingo (1°), trouxe à tona a agilidade do grupo que se aproveita da vulnerabilidade das caminhonetes da Toyota e usam codificadores e “gambiarras” para ligar os veículos e levá-los até a fronteira. O aparelho pode ser adquirido no mercado paralelo e faz o veículo ligar em poucos minutos. Lá, a encomenda vale cerca de R$ 30 mil e o dinheiro é distribuído entre os integrantes, de acordo com a polícia.
Atualmente, conforme apurado pela reportagem, estes veículos da Toyota já estão com sistema antifurto mais moderno, porém, em anos anteriores existe esta possível falha, o que atraiu e continua atraindo muitos bandidos a “estudarem” o sistema e assim praticarem estes crimes.
A fabricante, no entanto, que recentemente foi questionada sobre um suposto ímã para dar partida no carro, ressaltou que “não registrou falhas relacionadas a este sistema, amplamente utilizado por várias marcas automotivas em todo o mundo, e que está sempre em busca de constantes melhorias para seus veículos”.
“Eu acredito ser um defeito de engenharia da própria Toyota, porque até em veículos mais novos soubemos que os bandidos conseguiram furtar, no caso um de 2022, usando a central mais antiga, de 2018. Eles conseguem levar o carro fazendo a gambiarra na central. O segundo caso é um aparelho chinês, um scanner da Toyota, falsificado, em que o bandido acessa e grava a chave virgem. É um aparelho vendido em diversos sites, como o AliExpress, por exemplo”, comentou ao Jornal Midiamax o técnico em eletrônica embarcada, que atua no ramo há dez anos.
Recentemente, na oficina mecânica onde trabalha, o técnico diz que duas caminhonetes Hilux, vendidas em leilão, foram levadas até ele. “Eles estavam com um botão, que nem é do carro e, provavelmente, foram colocados por bandidos que o ligaram nesta central. Estes veículos chegaram todo depenados e um delas castanhava, que é quando chamamos quando falha. Só que compramos todo o kit com chave, central e coyote, por exemplo, daí ligou a Hilux”, explicou.
Nestes casos, com o codificador em mãos, a técnica fala que é possível ligar uma caminhonete Hilux em cerca de dois minutos. “Pra falar a verdade, nenhum carro é muito seguro quando se falar em abrir. No caso destas caminhonetes, quebram a maçaneta, instalam o aparelho e, em torno de dois minutos, já levam. O terceiro jeito é um equipamento mais caro, que clona a chave do cliente e, a partir daí, capta o sinal, fazendo uma chave igual só pelo fato de estar perto do cliente”, disse.
No caso de outras caminhonetes, como as da Ford e a Amarok, que é da Volkswagen, o técnico fala em um “sistema mais avançado”. “A Ford tem um sistema bem avançado, em que o ABS ara de funcionar e a Amarok já tem uma chave toda criptografada. Quando alguém pede pra gente aqui, para se ter ideia, demora cerca de duas semanas para ficar pronta, porque é uma parte inteira do carro, seis módulos ao todo e pedimos direto com o fabricante, na Alemanha”, falou.
Um chaveiro experiente, que trabalha há 17 anos no ramo, sendo 13 como profissional, diz que é chamado constantemente para ligar caminhonetes e acredita que existe sim “uma fragilidade”. “Algumas, de anos anteriores, não possuem este sistema antifurto, um sistema de codificação que imobiliza. No entanto, temos a informação de carros, desde 1995, que já possuem, então, isto inibe os bandidos”, disse.
Nestes casos, ainda de acordo com o profissional, o imobilizador não tem o reconhecimento do sistema antifurto. “É um conjunto completo, que vai desde a central de comando do carro e pega todas as funções elétricas na chave, na ignição, interligado também com a bomba de combustível, então, tem todo este aparato e a maioria veio” ressaltou ele, que trabalha no ramo há 17 anos e profissionalmente há 13″, argumentou.
Um engenheiro mecânico e proprietário de uma oficina, em Campo Grande, diz que a facilidade em dar partida nesta caminhonetes fez algumas pessoas tomarem medidas mais drásticas.
“Soube que quem estava deixando Toyota lá no estacionamento do aeroporto estava colocando uma trava, um dispositivo na roda, para evitar problemas. E também tivemos clientes que são policiais federais e falaram que voltaram a furtar Hilux aqui, então, fica o alerta”, finalizou.
Quadrilhas agem por encomenda, afirma delegado de MS
O atual delegado da Defurv (Delegacia Especializada em Repressão ao Furto e Roubo de Veículos), Ricardo Meirelles, diz que não dá detalhes da investigação contra a quadrilha, a qual age por encomendas.
No entanto, ressalta que “nenhum carro está blindado” e por isso não há que se falar em uma fragilidade estrutural, por ser uma questão secundária. Além disso, comentou que a apuração contra o grupo está sendo aprofundada, com várias linhas de investigação.
Ladrão explica como usou codificador em caminhonete:
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Integrante morreu em confronto com a PM
Cinco membros de uma quadrilha especializada em furtos de Hilux foram presos na noite de domingo (1º), em Campo Grande, por equipes do BpCHoque (Batalhão da Polícia Militar de Choque.) Um dos integrantes identificado como Agostinho Mota Maia Neto, de 41 anos, morreu em confronto na Rua Brasília.
O setor de inteligência da Polícia Militar já havia identificado o modus operandi da quadrilha que estava furtando caminhonetes Hilux, sendo dois veículos furtados no dia 16 e 17 de setembro, na cidade de Terenos, sendo que no dia 19 de setembro, duas Hilux foram recuperadas estacionadas no Aeroporto Internacional de Campo Grande.
Com as informações, na noite de domingo (1º), por volta das 22 horas, os policiais encontraram o endereço no Bairro Santo Antônio, e lá prenderam cinco integrantes da quadrilha. Na casa, foram encontradas duas pistolas, um colete balístico, além de carros que usavam para cometer os crimes: um Voyage, uma Ford Ranger e um HB20 que não estava no local.
Um dos ‘cabeças’ da quadrilha contou que o outro membro do grupo estava no HB20, na Rua Brasília. Os policiais foram até o local e ao desceram da viatura deram ordem para que Agostinho saísse do carro. Neste momento, ele saiu e apontou uma arma para um dos policiais que revidou acertando o membro da quadrilha, que foi socorrido, mas morreu na unidade de saúde.
Quadrilha de Belo Horizonte
O ‘cabeça’ da quadrilha contou que estavam há 15 dias na cidade e que furtavam caminhonetes Hilux com fabricação entre 2019 e 2022. Ele ainda contou que é funcionário de venda e rastreio de proteção veicular e que usavam um decodificador para ligar as caminhonetes.
O ‘cabeça’ tinha a atribuição de abrir os veículos e codificava as chaves, Agostinho e outro membro eram responsáveis por selecionar os veículos, e os outros autores eram responsáveis de conduzir os veículos até a cidade de Corumbá, fronteira com a Bolívia. Os veículos eram negociados pelo valor de R$ 30 mil e o pagamento era feito via Pix do doleiro de Corumbá ao doleiro de Belo Horizonte, que após receberem os referidos valores, os dividiam em partes iguais.
Ainda na casa foram apreendidos cinco chapéus usados para disfarce, além um notebook, um relógio dourado marca Invicta; um relógio Invita prata; um Celular Samsung A32 branco; uma corrente dourada com crucifixo; e também um Rolex.
O que diz a Toyota?
Recentemente, a concessionária foi questionada sobre esta suposta falha, já que um vídeo gravado mostrava uma pessoa supostamente ligando o carro com um ímã. No entanto, a Toyota negou e explicou que se trata de clonagem da chave.
A Toyota do Brasil informa que o objeto apresentado no vídeo não é um pedaço de ímã, mas sim algo que se assemelha a um componente interno da chave de ignição, que pode ter sido extraído de uma das chaves originais do veículo ou clonado ilegalmente. Portanto, é importante ressaltar que essa ação não denota um defeito de produto, mas sim uma cópia não autorizada da chave eletrônica do carro. Seguindo os compromissos de qualidade, confiabilidade e segurança que a marca tem com seus clientes, a empresa afirma que não registrou falhas relacionadas a este sistema, amplamente utilizado por várias marcas automotivas em todo o mundo, e que está sempre em busca de constantes melhorias para seus veículos.
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