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Cotidiano

Saiba quem são os donos da fazenda onde indígena morreu durante conflito em MS

Dono da fazenda é empresário e concentra a maioria de suas terras em Amambai
Lucas Mamédio -
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Enterro do indígena Vitor
Enterro de indígena morto (Foto: Marcos Morandi/Midiamax)

O conflito entre indígenas e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar, em uma fazenda de Amambai, a 352 quilômetros de Campo Grande, na última sexta-feira (25), terminou com o indígena Guarani Kaiowá, Vitor Fernandes, de 42 anos, morto após ser baleado pelos policiais. Nesta reportagem você confere quem são os proprietários da área palco do confronto.

Na ação, três policiais também foram feridos. Segundo a versão deles, só reagiram, mas com disparos de munições de elastômero, além do gás lacrimogêneo. Além da morte de Vitor Fernandes e três policiais baleados, dois adolescentes indígenas, sendo um menino de 13 anos e uma jovem de 14, foram atingidos por disparos de arma de fogo na região do abdômen e tiveram exposição de vísceras

O conflito nasce da revindicação dos indígenas Guarani Kaiowá, que consideram a terra Guapoy. Ela seria parte de um território tradicional que lhes foi roubado quando houve a subtração de parte da reserva de Amambai.

Mas quem são os donos da fazenda?

Segundo reportagem do site De olho nos ruralistas, a Fazenda Borda da Mata é um imóvel de 269 hectares pertencente à empresa VT Brasil Administração e Participação, controlada por Waldir Cândido Torelli e seus três filhos: Waldir Junior, Rodrigo e um adolescente.

Ele possui açougues em São Paulo e várias fazendas no Mato Grosso do Sul. Teve frigorífico no Mato Grosso e no Paraguai, em sociedade com Jair Antônio de Lima, radicado no país vizinho. O do Mato Grosso foi adquirido pela gigante Marfrig.

Ainda conforme o  site De olho nos ruralistas, em 2018, a VT Brasil teria movido ação de interdito proibitório contra a Funai, a União e a “comunidade Guarani-Kaiowá”, alegando que os indígenas estariam “molestando sua posse no imóvel rural Fazenda Borda da Mata”. A União alegou que não havia provas. O juiz da 1ª Vara de Ponta Porã decidiu, em julho daquele ano, que o pedido era improcedente.

Torelli concentra, atualmente, suas propriedades em Amambai. Ao todo, ele possui 3.792 hectares, divididos em dez propriedades. Somados, os imóveis da família ultrapassam em 55% a área total da TI Amambai, com 2.441 hectares delimitados.

A Fazenda Borda da Mata, com 262 hectares, foi adquirida pelo grupo em 2009, por R$ 1,8 milhão. A Agropecuária Fagotti, de Londrina (PR), pede averbação do imóvel por causa de uma dívida de R$ 4,1 milhões da VT Brasil.

Ex-sócio acusado de invadir terra indígena

Segundo o jornal local de Amambai, A Gazeta News, Torrelli foi um dos fundadores do Grupo Torlim, cuja sociedade dividia com Jair Antônio de Lima e fundou o Frigorífico Concepción, um dos três maiores exportadores de carne do Paraguai.

Jair de Lima é dono da Fazenda Nova Alvorada, cuja área estaria dentro da Terra Indígena Arroyo Korá, em Paranhos. Seu nome consta de relatório feito pela AGB-MS (Associação dos Geógrafos Brasileiros) em 2012, durante a Expedição Marco Veron, constatando que 6.475 dos 7.175 hectares demarcados pela Funai estavam em mãos de fazendeiros.

Apesar de Lima aparecer no SNCR/Incra (Sistema Nacional de Cadastro Rural) como dono da Nova Alvorada, a fazenda já foi administrada pela VT Brasil, empresa de Torelli.

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