‘Blindados’ de covid, campo-grandenses contam como escaparam ilesos de contaminação em 2 anos de pandemia

Rigor com normas de biossegurança foi fundamental para ostentarem o título de “Orgulho da OMS”

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Moradores de Campo Grande adotaram máscaras de boa qualidade e higienização constante
Moradores de Campo Grande adotaram máscaras de boa qualidade e higienização constante

O novo surto de covid que assola Mato Grosso do Sul nas últimas semanas aumentou tanto o número de infecções que fica difícil conhecer quem não esteja doente, mesmo com sintomas leves. Por outro lado, o número alarmante de novos positivos também revela um pequeno e exclusivo grupo: pessoas que, em dois anos, conseguiram passar ilesas ao novo coronavírus.

Sim, elas existem, e são até tema de memes na internet: no mundo virtual, pessoas que ainda não tiveram covid ostentam um título imaginário de “orgulho da OMS”. O que não se fala, porém, é que o status imaculado foi obtido a duras penas e muito controle dos riscos — um privilégio para poucos, infelizmente.

Ao Jornal Midiamax, eles contam que o resultado tem sido mantido com vacinação e cuidados rigorosos de biossegurança — do isolamento, passando pelo distanciamento social e, principalmente, uso de álcool em gel e de máscaras potentes, como as de padrão PFF2, as mais recomendadas para evitar o vírus.

É o caso da nutricionista Fernanda Sanchez Molina Tosi, de 42 anos. Mãe de três filhos, ela não teve outra escolha senão adotar as medidas para manter a saúde da família e dos pacientes. Ela contou ao Jornal Midiamax que ficou um longo período sem ver amigos ou parentes, trabalhou durante a pandemia com proteção ocular e máscara N95 e fez atividades físicas em casa. 

“Saímos pouco. Eu priorizei um pouco mais as crianças com relação a sair e ver os amigos para que não tivessem ansiedade, enquanto eu limitei meu círculo de convivência no trabalho. Treinei um longo período em casa, não deixei que a pandemia alterasse ou excluísse algo que me faz tão bem. Continuamos a nos alimentar bem, também. Até hoje saio de máscara, usamos a cirúrgica. Treino de máscara, agora, na academia. Fiz o que pude por mim e por eles”, contou.

[Colocar ALT]
Fernanda e o pai (Foto: Arquivo Pessoal)

Como Fernanda trabalha em consultório, ela precisou manter os cuidados rigorosos para continuar atendendo presencialmente e, ainda por cima, sem oferecer riscos aos filhos.

“Fui beijar meus filhos depois de muito tempo, tinha medo de trazer [Covid] para casa. Mas, no consultório, mantinha os cuidados e todos nós trabalhamos durante esse período com muita seriedade”.

A nutricionista ainda recorda que, além de cumprir as normas de biossegurança, teve que lidar com as críticas alheias por não ter contraído Covid ao longo de dois anos.

“As pessoas se espantaram comigo e com a minha seriedade perante a situação. Levei muito a sério, queria ter o controle da situação. Mas, aos poucos, percebi que controle não tínhamos de nada, então foquei na saúde e não na doença. É assim que continuo até hoje. Mas, sim, as pessoas se espantam com relação a isso, e espero continuar a espantar todas elas”, brinca.

Avanço da vacinação

Outro ponto fundamental que ajudou o estudante Rafael Freitas, 23 anos, a se sentir mais seguro foi o avanço da vacinação em Campo Grande. E, mesmo com a proteção, ele não dispensa o uso de máscara. Uma vez que o pai tem hipertensão, todos em casa tiveram cuidados severos contra o vírus. Por isso, ninguém da família pegou Covid até hoje.

“Busquei ao máximo seguir as orientações dos órgãos sanitários, principalmente quanto ao uso de máscaras, já que o vírus se propaga mais pelo ar. Foquei em usar máscaras PFF2, pois são as mais indicadas e são bem baratas. Também me isolei o máximo que pude, saía apenas quando necessário e sempre tomando os devidos cuidados. Só voltei a sair depois que a vacinação já tinha avançado consideravelmente”, explicou o jovem. 

Trabalhando por um longo período em home office, logo o estágio voltou a funcionar presencialmente de forma gradativa, o que possibilitou para que Rafael se acostumasse às adaptações na rotina.

Apesar do avanço no cenário e redução da mortalidade devido ao coronavírus, ele segue utilizando máscaras em ambientes fechados e, sempre que possível, fica em locais abertos ou ventilados. “Com o devido cuidado, podemos seguir com a nossa vida”, completa. 

Nada de ‘abaixar a guarda’

Enquanto muitas pessoas estavam aproveitando as festas de fim de ano, a professora Adriana Klein, de 50 anos, viu nesse período a oportunidade para não afrouxar os cuidados e se manter intacta da Covid-19. Assim, as regras básicas de higiene, como limpeza recorrente e uso de máscara, foram prioridades.

“No final do ano, quando todo mundo abaixou a guarda nas festas, passamos Natal e Ano novo apenas nós e minha filha. Ela passou 2020 conosco, cursa faculdade fora, e ficou em cárcere privado com a gente”, brinca a professora.

Docente na Rede Municipal de Campo Grande e com marido asmático em casa, pegar o vírus nunca foi uma opção para Adriana. Por isso, desde o começo da pandemia, ela e a família seguiram isolamento social e só saíam uma vez na semana para compras e passeios com os pets em local aberto e isolado, além, claro, da atenção constante à máscara e higienização.

[Colocar ALT]
Adriana trocou de faixa praticando Judô em casa (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela também deixou de treinar presencialmente na academia e seguiu com as aulas de judô em casa. E mesmo sem aulas “físicas”, Adriana evoluiu tanto que chegou a trocar de faixa. Além disso, Adriana reduziu os encontros sociais com amigos, precisou ficar afastada do outro filho, que mora em Curitiba, e dispensou viagens por um longo período. 

“Viajei pela primeira vez em setembro de 2021, mas evitei restaurantes”, disse. A volta ao trabalho também não teve muito mistério. “Retornei de forma presencial em julho de 2021, utilizando a PFF2, não tirava em lugar nenhum, apenas para beber água. Lanchar apenas em lugar aberto, sem ninguém.  Dei aula nos dois períodos para alunos de 4 a 15 anos”, recorda.

Na hora de revelar aos outros que nunca pegou Covid, muitos disseram que foi sorte. No entanto, na visão de Adriana, ela apenas seguiu o que as organizações de saúde recomendaram. “Eu não faço o gênero teimosa, sigo as regras e faço o que tem pra fazer a sério, assim não fica perdido”, completou ao Jornal Midiamax. 

Conteúdos relacionados

lama