Comerciantes da Rua Bahia reclamam de obras para corredor de ônibus
Tradicionalmente, as grandes obras de engenharia urbana tem como objetivo facilitar a vida de moradores e motoristas, otimizando o trânsito e conectando regiões distintas. Em Campo Grande, as obras na Rua Bahia, que deve receber corredor de ônibus assim como a Rua Brilhante, revoltam moradores, que moveram até uma ação popular com objetivo de paralisar […]
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Tradicionalmente, as grandes obras de engenharia urbana tem como objetivo facilitar a vida de moradores e motoristas, otimizando o trânsito e conectando regiões distintas. Em Campo Grande, as obras na Rua Bahia, que deve receber corredor de ônibus assim como a Rua Brilhante, revoltam moradores, que moveram até uma ação popular com objetivo de paralisar as obras. Além de engarrafamentos, os comerciantes contam sobre o medo de perder clientes, devido à falta de mobilidade causado pelo corredor de ônibus.
“É inútil e prejudicial, tem tanto jeito de aplicar melhor essa verba”, afirmou Adriana kanasiro, de 64 anos, secretária de uma clínica médica. Ela afirma que a construção das ilhas de embarque vai prejudicar o comércio em geral, principalmente no horário de pico, devido ao fato das pessoas não terem vagas para estacionar e acabarem indo embora, desistindo de comprar na região.
Além disso, com a redução das faixas, os cadeirantes que frequentam a clínica não conseguem acessar o local com a mesma facilidade.
Do outro lado da rua, a proprietária de uma loja de roupas e acessórios acredita que faltou uma consulta popular para a realização das obras. “É uma ideia que só pensaram neles, faltou perguntar para a população”, reclama Marcela Castro, de 39 anos. A empresária reafirma que a implantação do corredor exclusivo está prejudicando os comerciantes da região, devido à falta de lugar para estacionar.
Para quem observa o movimento da via diariamente, a redução de uma faixa só piorou a situação da rua, descreveu a dona de uma loja de roupas infantis, Karla Machado, de 29 anos. “Os clientes não conseguem entrar com facilidade no estacionamento das lojas, mesmo com a exclusão de uma das faixas de rolamento, ficam três engarrafadas do mesmo jeito”, descreveu.
Com um tráfego diariamente intenso, a transformação para duas faixas está prejudicando a vida de quem dirige pela rua e causa muitos questionamentos. “Não consigo entender, qual foi a lógica de fazer isso? Finalizou Karla.
Brilhante deu o exemplo
Para a proprietária de uma loja de decoração e vestuário, Nadiege de Freitas, de 52 anos, a obra já mostrou ser ineficiente e perigosa na Rua Brilhante. Para ela, aplicar o mesmo projeto na Bahia será algo inútil. “É uma rua de alto fluxo, vai causar muito transtorno. Já teve acidente na Rua Brilhante depois da implantação desse projeto. É muito perigoso, principalmente para quem fica no meio da rua esperando o ônibus” disse ela.
Indignada com situação, a empresária afirma ter realizado um levantamento e não encontrar um projeto nos mesmos moldes em todo o Brasil, o mais próximo em Curitiba, mas não em ruas centrais ou de grande fluxo. “Acho que esse projeto é uma questão econômica, por mais que seja inviável, vai gerar lucro”, finalizou Nadiege.
Para o ramo alimentício, a queda já foi visível durante as obras, afirma Taoli Freitas, de 28 anos, dono de um restaurante na Rua Bahia. Com a continuação do projeto o empresário teme por um novo período de crise. “Meu movimento vai ser prejudicado, vou perder estacionamento e as pessoas não vão parar”, disse ele.
O Jornal Midiamax entrou em contato com a assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande para repercutir a reclamação dos comerciantes, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.
Ação civil
A ação confronta a opção do projeto por instalar a faixa exclusiva de ônibus na pista mais à esquerda, reservada à ultrapassagem. Para os vizinhos à obra na Rua Bahia e empreendedores da região, os pontos de embarque construídos em meio às faixas de rolamento, como ilhas, expõem motoristas e pedestre ao risco de acidentes.
“[…] o passageiro fica obrigado a executar a travessia por uma faixa de pedestres, ampliando o descolamento [sic] a pé para embarque e desembarque”, pontua a petição, distribuída ao juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais de Campo Grande.
“O ponto de ônibus/abrigo, no caso da via ser mão única, deveria ser feito sobre a calçada e não no meio da via. Caso exista restrição na largura, bastaria acrescer o passeio”, continua.
A peça afirma que a iniciativa em Campo Grande contraria o que determina guia do extinto Ministério das Cidades, publicado em 2018. O documento traz orientações para seleção de tecnologias e implementação de projetos de transporte público coletivo.
Os autores da ação popular citam incoerências entre a proposta aprovada pelo Ministério das Cidades e o projeto em execução. As divergências poderiam levar ao rompimento do contrato de financiamento da Caixa Econômica Federal com o município, argumentam.
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