A mãe da modelo Eliza Samúdio afirmou que vai processar o tatuador que compareceu a uma festa à fantasia em no último fim de semana caracterizado como o goleiro Bruno, que jogava pelo time carioca quando matou a modelo, em 2010. O caso viralizou após as da casa de “Porão do Alemão” publicar a imagem, que mostra o tatuador com um uniforme do flamengo e o nome Bruno, enquanto carregava um saco de lixo preto nas mãos, com o nome de Eliza, em alusão ao caso icônico que chocou o país naquele ano.

“Isso não vai ficar assim. Vou tomar providência quanto a isso. Além da minha dor, existe a dor do meu neto, que é uma criança de 11 anos que não tem voz ainda, que não tem como defender a mãe”, afirmou Sônia ao UOL.

“Ele [o filho de Elisa Samúdio e do ex-goleiro do Flamengo] está em transição para a adolescência. É um momento complicado da vida dele, e as pessoas querem fazer o quê? Querem plantar raiva, ódio nele? Daqui a pouco vão fazer comparação dele com o pai. Eu tento preserver ele dessas coisas, não alimento ódio, nem mágoa do pai. Mas pra quê? Pra surgirem pessoas desse tipo e fazerem o que estão fazendo?”, acrescentou.

Demissão

Após a repercussão da imagem nas redes, a casa de shows apagou a publicação e emitiu pedido de desculpas. Em nota, a casa de eventos – que pertence a um vereador de Manaus – disse que a postagem foi feita por um estágiário de 20 anos, e que publicou a imagem ofensiva por não conhecer o caso. Ele também foi afastado da função.

Já o tatuador foi demitido do estúdio no qual trabalhava, chamado “El Cartel Tatuaria”. “O estúdio não compactua com qualquer forma de incitação à violência contra a mulher. Deixando bem claro que o colaborador foi demitido, não fazendo mais parte do quadro de funcionários”, traz publicação do estúdio.

Posteriormente, um dos proprietários do estúdio afirmou que o tatuador era, na realidade, sócio, mas que a parceria foi desfeita após o escândalo.

Reincidência

Não é a primeira vez que o assassinato de Eliza Samúdio é motivo de piada. A fantasia de Goleiro Bruno, nos mesmos moldes do caso em Manaus, já havia sido explorada em anos anteriores. Além disso, em dezembro do ano passado, o Procon de São Paulo multou um bar localizado na cidade de Presidente Prudente, em por piadas feitas sobre feminicídio, mais especificamente sobre a sul-mato-grossense, e também sobre piadas a respeito da fome na Etiópia.

As chacotas em forma de mensagens estavam escritas em placas e penduradas dentro do bar. Além do caso de Eliza e da fome na África, o bar também promovia brincadeiras com a morte de Isabella Nardoni, morta após ser arremessada pela madrasta de um prédio. “Filho a gente não cria pra nós. Cria pra jogar no mundo. (Assinado) Alexandre Nardoni”, diz uma das placas.

Outra se refere à fome na África: “Fazer as refeições juntos une a família! Etiópia, povo sem união”. “O cão é o melhor amigo do homem. Goleiro Bruno”, em referência à morte de Eliza. Em relação à piada a Eliza Samúdio, de acordo com o bar a mensagem já havia sido retirada a pedido da mãe de Eliza, que vive em Mato Grosso do Sul junto do filho da modelo e do goleiro Bruno.

Condenações

Bruno foi condenado a 22 anos e três meses por homicídio triplamente qualificado de Samudio, ocultação do cadáver e sequestro do filho deles, fatos ocorridos em 2010. A ex-namorada Fernanda Gomes de Castro foi condenada a cinco anos, em regime aberto, pelo sequestro do menor e da ex-modelo. No ano passado, o desembargador Doorgal Andrada reduziu a pena do ex-goleiro para 20 anos e nove meses e declarou extinto o crime de ocultação de cadáver para reduzir a pena. Para Fernanda Castro, a pena foi fixada em três anos de reclusão em regime aberto, substituída por medidas restritivas.