#aletradaspessoas: corrente no Facebook tenta resgatar escrita cursiva
Campanha começou no Facebook depois de um simples repost
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Campanha começou no Facebook depois de um simples repost
A forma com que as pessoas se comunicam mudou muito com o passar dos tempos. Com a chegada da internet e as conversas cada vez mais virtuais as pessoas ficam muito tempo sem escrever de verdade com letra cursiva. As cartas e bilhetinhos comuns nos tempos de nossas mães foram substituídos por recados na Linha do Tempo do Facebook, comentários no Instagram e Twitter ou mensagens no WhatsApp.
A verdade é que com tanta tecnologia a maioria das pessoas já não lembra mais nem como é a própria letra. Foi com essa reflexão que uma corrente ganhou forças nas redes sociais nos últimos dias: “a letra das pessoas”.
#aletradaspessoas
A corrente funciona da seguinte maneira, usuários devem publicar na rede a foto de um pedaço de papel com a mensagem “Uma coisa a gente não conhece mais: a letra das pessoas” com a hashtag.
Tudo começou depois que a usuária Clarinha Gomes sentiu-se saudosista ao ver a foto de uma lista de compras escrita à mão postada por uma amiga. Ela compartilhou a imagem em seu perfil e fez um pedido: conhecer a letra de seus amigos. O post foi bem recebido e, em pouco tempo, se tornou viral.
Clara Gomes, que é ilustradora e quadrinista, conta que vê na iniciativa um resgate ao passado. “Temos um movimento retrô muito forte atualmente, na decoração, no design, como resposta a um avanço rápido demais de algumas tecnologias. Não desmereço a praticidade e o conforto desse avanço, temos acesso a um volume de informação incrível e isso é revolucionário, mas o afeto tem sido atropelado no caminho”, lamenta.
Ainda de acordo com a autora da corrente, a ideia é se expressar com liberdade e compara o fenômeno de popularidade ao que acontece, em maior dimensão, com a selfie.
“O bilhete foi substituído por uma mensagem luminosa, efêmera. Acho que o crescimento das postagens de letras manuscritas é um símbolo de reafirmação de nossas identidades, assim como tem sido o fenômeno da selfie. Estamos aqui, nos expressamos e existimos, para além das telas frias que nos consomem a atenção com cada vez mais voracidade”, completa.
Costume perdido
Com imagens bem produzidas, usuários têm aproveitado a oportunidade para debater sobre a importância da escrita depois da era tecnológica, quando ninguém mais escreve à mão. Carolina Souza, 32 anos, é blogueira e aderiu à campanha porque é fã dos tradicionais bilhetes e cartas manuscritas.
“Embora minha letra não seja linda, sempre gostei de escrever e de expressar minhas emoções com palavras. Meus cartões de Natal, até hoje, são escritos à mão”, pondera. “A nossa escrita precisa ser cultivada e mais valorizada. Quando não tinha Internet, a necessidade de cuidar mais das relações propiciava um contato maior que vem se perdendo”, relata.
A publicitária Fani Amarante, de 27 anos, também entrou na onda nas redes sociais. Amante de recadinhos em papel, Fani acredita que o costume de digitar em teclados com corretores automáticos, faz com que as pessoas esqueçam de como se escreve algumas palavras. “Escrever faz bem para a mente e para os dedos não atrofiarem”, brinca.
“Bilhetinhos no papel a gente guarda. Nas redes sociais, eles se perdem com o tempo”, opina Niice Manhães, Técnica de Segurança do Trabalho, de 36 anos, que aderiu à brincadeira porque sente falta de receber recados manuscritos dos amigos. Ela acredita que a corrente é um modo de despertar nas pessoas a vontade de voltar a escrever à mão, como nos velhos tempos.
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