Os empresários Pavel e Daniel Chramosta, que estão entre os denunciados pelo MPF por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, contrataram os advogados Santiago André Schunck, Guilherme Luiz Altavista Romão, Anna carolina Galli Innocenti e Felipe Jilek Trindade para a defesa na Apn 980/DF, que corre no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Pavel Chramosta é dono do Frigorífico Buriti, em , e foi apontado na denúncia como o maior emissor de notas do suposto esquema de corrupção, somando R$ 12,9 milhões em notas sob suspeita emitidas entre março e julho de 2015. Daniel, filho de Pavel, é diretor da Buriti Comércio de Carnes, que também fica em Aquidauana. Junto com o pai, comanda a distribuidora de alimentos na cidade.

Segundo denúncia apresentada ao STJ pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, o frigorífico Buriti “serviu como principal mecanismo para a lavagem de dinheiro” da organização criminosa chefiada por Reinaldo Azambuja, conforme os relatórios da Operação Vostok que culminaram na representação.

A defesa da família será comandada por Santiago Schunck, advogado de atuação criminalista e diz atuar no âmbito preventivo e contencioso. Ele é conhecido por articular, em 2018, a soltura do empresário Renato Grembecki Archilla, acusado de mandar matar a própria filha – que sobreviveu – em crime ocorrido em 2001, quando a jovem foi abordada por um homem vestido de Papai Noel na zona oeste de São Paulo.

Schunck também atua na defesa de Fagner Santos Araújo, empresário apontado como líder de esquema de fraude tributária em SC, e que foi alvo da operação Saldo Negativo em 2019. A reportagem buscou contato com o escritório, mas não conseguiu estabelecer contato. Assim como os demais advogados, Schunck tem número de OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Estado de São Paulo.

Envolvimento

O nome da família Chramosta foi mencionado primeiramente nas delações premiadas dos executivos da JBS, Joesley e Wesley Batista, que delataram o envolvimento do frigorífico no esquema de corrupção que culminou na denúncia do MPF contra Azambuja. No âmbito da Operação Vostok, a teve acesso à conversas reveladoras quando apreendeu o celular de Cristina Chramosta, filha de Pavel Chramosta, durante cumprimento de mandados, em setembro de 2018.

Conforme as investigações, a conta corrente do frigorífico Buriti administrada pelo escritório Carandá (de José Ricardo Guitti Guimaro, o “Polaco”) recebeu, só em 2015, R$ 12,9 milhões em pagamentos da JBS feitos a partir de notas fiscais “frias”. Segundo o MPF, o dinheiro era propina paga a Reinaldo Azambuja, que teria embolsado R$ 67,7 milhões entre 2014 e 2016. Em troca, o governador garantia isenções fiscais ao grupo dos Batista, com desfalque aos cofres estaduais estimado em R$ 209,7 milhões.

Pavel, proprietário da indústria de carnes, disse à polícia que firmava acordos com escritórios de corretagem de gado para intermediar a compra de boi gordo para abate. Pelo combinado, os “marchands” – como são chamados os corretores – ficavam com o dinheiro movimentado pela venda da carne. Por outro lado, o Buriti lucrava com o despojo (miúdos, couro e ossos do gado), negociado com produtores de adubo, sabão, sabonete e até artesanato.

Relatório da Polícia Federal no bojo do inquérito 1190, que deu origem a denúncia do MPF, indica que parte da propina paga na conta administrada pelo escritório Carandá era transferida para uma conta própria do Buriti no banco Sicredi. De lá, o valor seria sacado e levado a Polaco, que entregava o dinheiro a intermediários de Azambuja. Investigadores rastrearam a saída de R$ 856,8 mil da conta do Carandá para a do Buriti em datas próximas aos pagamentos da JBS.

Mais defesa

Na última semana, o time de defesa do governador Reinaldo Azambuja (PSDB) no âmbito da Ação Penal 980, no STJ, também foi incrementado com mais um integrante – o advogado Renato Cardoso de Almeida Andrade. Com ele, o grupo que tenta livrar o tucano do processo por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa agora soma 15 profissionais.

Renato Andrade, Advogado, Reinaldo Azambuja

Andrade se juntou ao time de Reinaldo na última quarta-feira (3). A reportagem do Midiamax apurou que a entrada do novo advogado se deu a pedido de Gustavo Passarelli, que representa o governador neste e em outros processos. Renato Andrade tem escritório no bairro do Ahú, em Curitiba (PR), em sociedade com Romeu Felipe Bacellar Filho. A firma se diz especializada na defesa de agentes públicos, entre outras frentes.

Azambuja não é o primeiro governador na lista de clientes de Renato Andrade. Nos anos 1990, ele defendeu o então governador do Paraná, Roberto Requião, hoje senador pelo estado. Atualmente, figura como advogado no bojo de uma ação penal na Justiça Federal que implica o também ex-governador paranaense Beto Richa em lavagem de dinheiro.

O novo membro do time de Reinaldo também já foi juiz do TRE-PR (Tribunal Regional Eleitoral) e conselheiro federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Atualmente, preside o Tribunal de Ética e Disciplina da seccional paranaense.

Conforme os autos no STJ, além de Reinaldo e da família Chramosta, também contrataram advogados de outros estados o filho de Reinaldo Azambuja, Rodrigo Souza (Cleber Lopes de Oliveira); João Roberto Baird (Gustavo Henrique R Ivahy Badaro, Leonardo De Almeida Máximo, Jennifer Cristina Ariadne Falk, Helio Peixoto Junior, Paula Ritzmann Torres, Anna Paulina Corteletti Pereira Cardoso, Clara Brino Cacioli E Matheus Bueno De Souza); Wesley Mendonça Batista (Eugenio Pacelli de Oliveira e Rebeca de Holanda Braga Rocha); e Ribeiro (Elisio Augusto de Souza Machado Junior e Wirleu Weiler).

Ainda não designaram defesa Cristiane Andreia De Carvalho Dos Santos Barbosa, Joesley Mendonca Batista, Gabriela De Azambuja Silva Miranda, Leo Renato Miranda, Elvio Rodrigues, Rubens Massahiro Matsuda e Miltro Rodrigues Pereira.