Taurus vai gerir mais de 5,4 mil veículos do Estado sem cobrar a mais

A SH Informática venceu uma licitação do governo do Estado para operar até R$ 48,3 milhões que devem ser gastos, em um ano, com a gestão da frota de veículos oficiais de Mato Grosso do Sul. O resultado da licitação foi publicado no Diário Oficial do Estado desta sexta-feira (16).

Apesar do alto valor da licitação, e da alta quantidade de serviços a serem prestados – considerando que existem mais de 5,4 mil veículos oficiais no governo -, a empresa conseguiu vencer a licitação ofertando uma taxa administrativa de 0% pelos trabalhos prestados.

E são vários os serviços a serem executados: a SH ficará responsável por gerir manutenções preventivas e corretivas, fornecimentos de peças e acessórios, transportes por guinchos, além da implantação e operação de sistema informatizado para gestão da frota.

Mas nada será executado diretamente pela vencedora do certame. Todos os serviços serão prestados por empresas credenciadas pela Taurus. Sem cobrança de taxa administrativa, a empresa irá lucrar sobre os valores cobrados pelas credenciadas, em uma taxa pré-combinada.

“Nós consultamos nossas planilhas de custos e vimos que era possível”, explica o gestor comercial, Luciano Christian Gonçalves. Segundo ele, não há problema na ausência da cobrança da taxa administrativa, porque a empresa operaria como um “cartão de crédito”.

“Nós temos uma rede conveniada [de empresas], e elas tem algumas taxas pelos serviços cobrados. A gente acaba operando como uma empresa de benefícios. Por isso que nós vimos que era possível oferecer essa taxa”, explica.Concorrente zera taxa para ganhar licitação de R$ 48 milhões e gerir frota

Estranheza da concorrência

A licitação, na modalidade de pregão eletrônico, recebeu propostas no último dia 8 de fevereiro, em uma sessão que durou cerca de 46 minutos antes de definir a vencedora. Além da SH, participou do certame uma empresa de Uberlândia, Minas Gerais, a ValeCard.

Segundo o gestor das licitações da ValeCard, Vitor Flores de Deus, houveram estranhamentos já no edital da licitação. “A gente estranhou que o edital não permitia que você ofertasse uma proposta de taxa administrativa de 0% logo no início do certame, mas permitia isso na fase de lances”, explica.

O ocorrido foi que, no início das propostas, a SH deu uma oferta de 2% de taxa administrativa, enquanto a ValeCard deu uma taxa de 3,66%. Quatorze segundos após a abertura para lances, a Taurus baixou a oferta para 0%, passando na frente da concorrente.

“O edital não permitia que a gente desse um lance igual ao menor ofertado, então a gente deu um lance de 0,1%, que era o menor que podia”, explica Vitor. Diferente da SH, a ValeCard demorou quase dois minutos para dar seu lance, ficando para trás.

“Acredito que talvez eles tenham conseguido dar esse lance antes da gente porque tem mais conhecimento do portal das licitações do governo. Já que a gente é uma empresa de fora, não conseguimos ser tão ágeis igual eles pra dar o lance”, afirma Vitor.

Contratos milionários

E de fato a SH possui experiência em vencer licitações do governo do Estado. Foi ela a vencedora do contrato anterior de gestão de frota do Estado, de 2013, que expirou no último ano, e rendeu dezenas de milhões de reais à empresa.

Só no ano passado, o total de despesas com a empresa foi de R$ 12,3 milhões, segundo o Portal da Transparência. Em 2016, foram outros R$ 11 milhões, enquanto no ano anterior haviam sido mais R$ 8,4 milhões. (Matéria editada às 13h50 para correção de informação)