Marquinhos ‘herdou’ contrato milionário com PSG, suspeita em investigação da PF

Em 5 anos, PSG já recebeu mais de R$ 13 milhões da Prefeitura

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Em 5 anos, PSG já recebeu mais de R$ 13 milhões da Prefeitura

Alvo da Polícia Federal e do MPE-MS (Ministério Público Estadual), a PSG Tecnologia Aplicada, apontada em relatórios de investigações regionais como suspeita de pertencer ao grupo ligado a João Baird, mantém contrato milionário com a Prefeitura de Campo Grande.

Celebrado há mais de 4 anos, ainda na gestão de Nelsinho Trad (PTB), irmão do atual prefeito, Marquinhos Trad (PSD), a contratação passou pelas gestões de Alcides Bernal (PP) e Gilmar Olarte (sem partido).

No ano passado, último da gestão de Alcides Bernal (PP), a PSG tinha empenhados cerca de R$ 4 milhões, e recebeu R$ 2,6 milhões. Já a previsão empenhada para 2017, é de R$ 5,7 milhões.Marquinhos 'herdou' contrato milionário com PSG, suspeita em investigação da PF

Celebrado inicialmente em 21 de dezembro de 2012, o contrato previa a contração de ‘empresa especializada para a prestação de serviço de informática para o IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação).

O objeto da contratação é amplo, e vai desde “serviços de manutenção corretiva e preventiva” até a “gestão de documentos”, passando ainda por “consultoria para concepção”, para atender a SEPLANFIC (Secretaria Municipal de Finanças)’, e o valor era de R$ 6.050.700,00 (seis milhões cinquenta mil e setecentos reais).

Recentemente contratos na área de TI (Tecnologia da Informação) com o setor público em Mato Grosso do Sul voltaram a ser alvo de denúncias por parte de empresários e servidores públicos. Entre as suspeitas denunciadas, licitações com indícios de direcionamento e cartas marcadas, e contratos com objetos que abririam margem para superfaturamento em serviços de difícil medição e controle.

R$ 13 milhões

Quase cinco anos depois, a empresa já recebeu pouco mais de R$ 13 milhões (até 20 de julho de 2017), mais que o dobro da previsão contratual inicial. De acordo com a assessoria da Prefeitura, este contrato específico já está em seu quarto termo aditivo, feito em dezembro de 2016, e com validade até 21 de dezembro deste ano.

“Os serviços atendem todos os órgãos da PMCG (Prefeitura Municipal de Campo Grande) no que diz respeito a serviços de prevenção corretiva e preventiva de equipamentos de informática”, disse a assessoria do prefeito, que alegou ainda que ‘todos os processos de execução financeira estão sob constante análise e supervisão dos órgãos de controle interno (CGM) e externo (TCE-MS)’, informa a administração municipal.

Na mira da Federal

Denúncias levaram agentes da PF e uma força-tarefa do MPE a investigar supostas irregularidades cometidas por empresas que seriam ligadas a João Baird, não apenas em contratos firmados no governo estadual, mas também na Prefeitura da Capital.

Em outubro de 2014, a Itel Informática, de propriedade de Baird, chegou a vencer licitação para prestar serviços de informática à Prefeitura de Campo Grande, no valor de R$ 14 milhões. No entanto, denúncias de empresários do setor e de servidores de que o edital tinha sido feito para beneficiar a empresa fizeram com que o contrato nunca chegasse a ser firmado.

A defesa do empresário João Baird nega as irregularidades e as suspeitas da Polícia Federal. Ele garante que deixou os negócios de TI para se dedicar à atividade rural.

A reportagem tentou novo contato com a PSG, de propriedade de Antônio Celso Cortez, que nos relatórios de operações da PF figura como pessoa próxima a Baird, mas o empresário não retornou até o fechamento da matéria. Em 206, Cortez era passageiro na aeronave do dono da Itel Informática (Baird), que caiu em São Paulo matando quatro pessoas. Ele e um menino de 10 anos, filho de uma das vítimas, foram os únicos sobreviventes. 

Em 2016, Cortez foi o principal doador da campanha de Marquinhos, com R$ 750 mil, além de outros R$ 400 mil para a então candidata Rose Modesto (PSDB). 

Denúncias envolvendo a PSG também são constantes nos contratos com o governo estadual, que vão desde direcionamento nas licitações, falta de fiscalização até superfaturamento nos preços cobrados da gestão.