Pular para o conteúdo
Transparência

Prefeitura valida aposentadoria de médico réu da “Máfia do Câncer”

Decisão foi publicada hoje no Diogrande 
Arquivo - Publicado em
Compartilhar

Decisão foi publicada hoje no Diogrande 

A prefeitura de Campo Grande manteve validade da aposentadoria do médico Adalberto Abrão Siufi, conforme despacho da Procuradoria Geral do Município, publicada no Diogrande (Diário Oficial de Campo Grande) desta segunda-feira (9). O médico é citado na chamada “Máfia do Câncer”, formada por ex-diretores e funcionários do Hospital de Câncer Alfredo Abrão, que são acusados de desviar dinheiro do tratamento de doentes oncológicos e flagrados, inclusive, negando remédio para pessoas internadas.

Na decisão, o procurador geral do município, Denir de Souza Nantes, diz que acata julgamento da Comissão Processante, que avaliava possível nulidade da aposentadoria de Adalberto Siufi. “Acato pelas suas razões, o Relatório Final da Comissão Processante… e decido, resolvendo o mérito, para reconhecer a impossibilidade de aplicação da pena de cassação de aposentadoria do servidor público Adalberto Abrão Siufi”.

Em sua justificativa o procurador cita apenas falta de mérito da questão. “Sem análise de mérito quanto as acusações envolvendo a empresa NEORAD, no que diz respeito às percepções de verbas oriundas do SUS e irregularidades perpetradas no Hospital do Câncer de Campo Grande”. Por fim, decide pelo arquivamento do processo de nulidade da aposentaria. “ Após as tramitações de praxe remetam-se os autos para arquivamento na Secretaria Municipal de Administração”. A decisão não cita valores nem vigência da aposentadoria do médico.

Adalberto figura como réu pelo artigo 171 do Código Penal, estelionato, por associação criminosa e peculato, segundo decisão do juiz João Felipe Menezes Lopes, anexada à ação penal movida pelo MPF (Ministério Público Federal), como resultado das investigações da Operação Sangue Frio, da Polícia Federal.

O magistrado acatou a denúncia criminal contra seis pessoas: os médicos Adalberto Abrão Siufi e Issamir Farias Saffar, ex-diretores do HC; Luiz Felipe Terrazas Mendes e Blener Zan, respectivamente ex-diretor-presidente e ex-presidente da Fundação Carmen Prudente (mantenedora do Hospital do Câncer) e Betina Moraes Siufi Hilgert, filha de Adalberto e ex-administradora do hospital; e por último o técnico em radiologia Adalberto Chimenes. As penas para os três crimes, somadas, variam de quatro a vinte anos de prisão.

As fraudes

A investigação apontou que, de 2004 a 2012, gestores e ex-dirigentes do Hospital do Câncer formaram quadrilha para desviar recursos públicos repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento contra o câncer no Estado. Segundo o que foi apurado, Adalberto Siufi e Issamir Saffar, então diretores do HC, contrataram a clínica Neorad para prestar serviços ao hospital. Siufi e Saffar eram donos da Neorad e essa “autocontratação”, de acordo com Ministério Público, tinha o objetivo de “fraudar a natureza da Fundação Carmem Prudente, permitindo-lhes desviar em proveito próprio as verbas da saúde destinadas pelo Sistema Único de Saúde àquela entidade filantrópica por meio de convênio firmado com o município de Campo Grande”.

Para contratar a Neorad, o motivo apresentado foi a alta demanda de pacientes por procedimentos oncológicos no Hospital do Câncer e Hospital Universitário de Campo Grande, que estaria sobrecarregando os estabelecimentos. Porém, vistoria do Ministério da Saúde, no entanto, revelou subutilização do acelerador linear do próprio HC, por falta de médicos radioterapeutas no setor.

Ainda conforme a investigaãço, também houve desvio de recursos privados da Fundação Carmem Prudente e apropriação dos serviços prestados pelo Hospital do Câncer Alfredo Abrão, em benefício da Neorad. Em 2008 e 2009, roupas utilizadas em pacientes e leitos da Neorad eram higienizadas na lavanderia do HC, sem nenhuma contraprestação.

Outra fraude era o pagamento dos atendimentos prestados por médicos e médicas residentes no HC, como se tivessem sido realizados por Adalberto Siufi, o que gerava remuneração para a Neorad. Em virtude deste artifício, a produção de Siufi chegava a ser, em alguns meses, até dez vezes maior do que a de outros médicos e médicas, o que o MPF considera “humanamente impossível”.

Após receber informações sobre as irregularidades, o contrato com a Neorad foi rescindido pelo Conselho Curador da Fundação Carmen Prudente em 20/8/2012. Porém, somente após ação judicial do Ministério Público do estado (MP/MS), em março de 2013, ocorreu a destituição de Adalberto Siufi e Blener Zan de seus cargos no HC.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre 'cratera' na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra 'fotógrafo de ricos' em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

'CPI do Consórcio Guaicurus' chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados