Vereadores dizem ser favoráveis à internação ‘forçada’ para diminuir ‘minicracolândias’
Os parlamentares pedem mais participação do Poder Público e agilidade em projetos eficientes sobre o narcotráfico doméstico
Anna Gomes –
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Os vereadores de Campo Grande dizem ser favoráveis à internação de forma compulsória de dependentes químicos. Com o aumento das ‘minicracolândias’ que se espalham pelos bairros da Capital, os parlamentares pedem mais participação do Poder Público e agilidade em projetos eficientes para combater as consequências sociais acarretadas pelo avanço do narcotráfico doméstico.
Na última semana, uma criança de 10 anos foi atropelada por um ônibus após se assustar e fugir de uma briga envolvendo dois usuários de drogas. O fato gerou polêmica entre os vereadores, já que o número de bocas de fumo tem aumentado com o crescimento da cidade.
Para não perder o controle, os vereadores da Capital dizem que são favoráveis à internação compulsória, que diferente da voluntária, não depende da decisão da pessoa ou de envolvidos.
Através de uma decisão judicial, um juiz considera a periculosidade do dependente químico à sociedade. Assim, de acordo com o risco, ele é obrigado a fazer tratamento, mas para isso acontecer, é necessário laudo médico constando a saúde física e mental do usuário.
O Jornal Midiamax publica série de reportagens sobre ‘minicracolândias’ em Campo Grande e a disseminação de bocas de fumo pelos bairros da cidade, bem como as implicações sociais que esse tipo de atividade criminosa causa. Leia as outras reportagens da série:
“Narcotráfico doméstico avança e ‘minicracolândias’ se espalham por bairros de Campo Grande”.
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Valdir Gomes (PSB), explica que alguns usuários não aceitam o tratamento de forma voluntária. O vereador também ressalta a importância de o Poder Público prestar apoio aos dependentes que estão passando por tratamento.
“Sou a favor que eles sejam recolhidos contra a vontade. Alguns não aceitam tratamento, mas também é necessário que o Poder Público tenha lugares para essa pessoa realizar o tratamento necessário de maneira correta. Acredito que o certo seria colocá-los em uma fazenda para trabalhar. É preciso oferecer oportunidade de vida aos usuários. Eles não são donos de si e têm que ser recolhidos”, disse.
Presidente da Comissão de Educação da Câmara, Professor Juari (PSDB), se diz favorável à internação compulsória. O vereador ressalta que o dependente químico não tem condições de decidir as suas ações.
“A família também precisa ser encontrada e ter participação no tratamento. O correto é desintoxicar e devolver o usuário de drogas aos familiares. O município tem a obrigação de dar assistência a essas pessoas. Sem o apoio do Poder Público, os dependentes precisam procurar igrejas que realizam trabalho voltado a essa causa”, explicou.
Professor Riverton (PSD), que já morou nas ruas, comenta que viu de perto a realidade das ‘minicracolândias’ e de pessoas usuárias de drogas. De morador de rua a vereador da Capital, o parlamentar explica que é a favor da internação compulsória, mas também adianta que é necessário realizar um tratamento de continuidade eficaz.
“Fiquei nas ruas por um tempo. Não usei drogas, mas vários amigos usavam e não conseguiam se recuperar. Após o tratamento, a pessoa também precisa voltar para a sociedade com emprego, educação, alimentação, etc. Estamos reparando que o número de usuários está aumentando muito. As minicracolândias estão espalhadas por Campo Grande”.
Coronel Alírio Villassanti (União Brasil), participa de ações sociais voltadas para dependentes químicos em áreas centrais e conhecidas de Campo Grande. Regiões do Horto Florestal e da antiga rodoviária ficam ‘dominadas’ pelos dependentes e moradores acabam ficando inseguros devido ao aumento do narcotráfico doméstico.
“Sou favorável em alguns casos. Um exemplo é na antiga rodoviária que tem muitos dependentes há décadas. Sou leigo, mas no meu entendimento eles perderam o discernimento”.
Professor André Luis (Rede), diz que o município precisa auxiliar dependentes químicos durante o tratamento. O vereador destaca que é um assunto necessário um planejamento preventivo para que a Capital de Mato Grosso do Sul não acabe como os grandes centros do Brasil.
“Sou favorável à internação compulsória mediante um laudo médico. Isso é um problema social. Campo Grande não pode virar o que virou São Paulo que tem 35 mil moradores de rua. Uma pessoa nessa situação não tem capacidade de escolha. O município cobra imposto. Se não tem estrutura ele tem que desenvolver”.
Atendimento de dependentes químicos em Campo Grande
Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), no SUS (Sistema Único de Saúde), o paciente que busca tratamento para vício em álcool e drogas é acompanhado pelo CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), que faz o acolhimento por demanda espontânea de pacientes em crise e o atendimento de pacientes referenciados. O atendimento também pode ser feito em qualquer unidade de saúde, que irá realizar o acolhimento do paciente e referenciá-lo ao CAPS.
No Centro de Atendimento Psicossocial, ele será acompanhado por uma equipe multidisciplinar, que avaliará o melhor tratamento de acordo com cada caso. A família também tem apoio, quando observada a necessidade.
A Rede de Saúde Mental do Município é composta por 6 CAPSs, sendo 4 CAPS III, 1 CAPS A.D IV, 1 CAPS Infanto Juvenil, 1 Unidade de Acolhimento e 3 Residências Terapêuticas. De acordo com a prefeitura, todas as unidades funcionam 24 horas por dia, com média de 1.300 consultas ambulatoriais de saúde mental e 2 mil atendimentos por mês.
A Rede Municipal possui 101 leitos para atendimentos de pacientes com problemas psiquiátricos ou usuários de álcool e drogas. Campo Grande conta com 12 leitos contratualizados no Hospital Regional para atendimento de pacientes de álcool e droga, 27 no Hospital Nosso Lar e 10 na Santa Casa para atendimento de pacientes com transtornos psiquiátricos.
A previsão é de que até o final do ano o município passe a contar com mais um CAPS AD, tendo mais 20 leitos para tratamento de pacientes usuários de álcool e droga. Existe ainda um serviço chamado “Consultório na Rua”, voltado à abordagem e atendimento de moradores em situação de rua e usuários de drogas.
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