Enquanto dirigentes do PSDB e do MDB tentam chegar a um acordo para formar palanque único presidencial, a pré-campanha da senadora (MDB-MS) tem na retaguarda um marqueteiro com relações com o tucanato. Felipe Soutello, de 50 anos, trabalhou em sua primeira campanha aos 15 anos para José Serra, que em 1986 disputou vaga de deputado federal.

Soutello se filiou ao PSDB, mas hoje nem sequer sabe dizer se sua filiação está ativa no partido. “Minha filiação é de 1989. Fui um dos primeiros na cidade de São Paulo. Não estou na ata de fundação de 1988 porque não tinha idade.” Sempre com atuação eleitoral, segue amigo de Serra e de outros tucanos.

Na parede da sua sala na sede de sua produtora, no Alto de Pinheiros, em São Paulo, há um cartaz com a imagem do prefeito Bruno Covas com os punhos cerrados. Soutello conheceu o neto de Mário Covas em 1995, quando Bruno ainda fazia e morava com o avô no Palácio dos Bandeirantes.

O marqueteiro virou uma espécie de ideólogo do grupo que conheceu na militância da juventude tucana – mais tarde foi a espinha dorsal da gestão de Bruno. Comandou a campanha do tucano em 2020. Hoje é consultor de Ricardo Nunes (MDB).

Depois de ter feito a campanha ao governo de Márcio (PSB), em 2018, e de Patrícia Vanzolini para a presidência da OAB-SP, no ano passado, Soutello recebeu convite do presidente do MDB, Baleia Rossi, para cuidar da pré-campanha de Simone.

A proposta surgiu depois de ter sido sondado por pré-candidatos ao governo paulista, entre eles Geraldo Alckmin, de quem é próximo e hoje é vice do pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Foi Soutello, aliás, quem sugeriu a Fernando Haddad pela primeira vez, em um jantar no apartamento de Marta Suplicy, em maio do ano passado, a ideia de uma chapa de Lula com o ex-tucano.

Pressão

A missão de Soutello agora é administrar a pressão pelo crescimento de Simone nas pesquisas de intenção de votos e transformar uma pré-candidatura com 2% em um projeto viável. “Em uma campanha de construção de imagem como a da Simone não existe elevador para pegar. Tem escada para subir, degrau por degrau.”

Ele admite não ter expectativa de crescimento “vertiginoso” antes do horário eleitoral de TV. “Não há instrumentos de comunicação suficientes para isso. A TV é o instrumento de comunicação determinante para estabelecer a agenda política da eleição. Sem ela, o candidato não se coloca, sobretudo os que não são conhecidos do eleitor.”

Serão 45 dias de exposição – de 15 de agosto ao início de outubro – e cerca de 20 programas, além das inserções diárias.

Caso feche com o PSDB, Simone terá em torno de 2 minutos e 30 segundos, ante cerca de 3 minutos de Lula e Jair Bolsonaro (PL), cada.

O desafio é desenvolver uma empatia do eleitorado e tornar a senadora conhecida sem apelar para ataques. “O eleitor do meio não quer bate-boca.”

Questionado sobre as chances reais de se quebrar a polarização, o marqueteiro recorre aos números: 40% dos eleitores que já optaram pelas candidaturas de Lula e Bolsonaro “odeiam” essa opção. “É um chute projetar o cenário político de agora com o daqui 30 dias”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.