Decisão de segunda-feira (27) condena a vereadora de Água Clara Márcia Queiróz Vida (Avante) por corrupção passiva e tráfico de influência, em ação que corre desde 2017. Segundo os autos, a parlamentar teria cobrado propina de Gerolina da Silva Alves, que enfrentava processo de cassação na Câmara Municipal daquele município, em troca de voto contra seu afastamento.

O fato teria ocorrido em dezembro de 2017, depois da última sessão em Água Clara. Márcia teria se aproximado de Gerolina e perguntado o horário em que ela estaria na escola onde trabalhava, pois uma pessoa lhe procuraria.

Auxiliar da vereadora, Inês Oliveira da Silva, também alvo da ação, foi quem compareceu na instituição dizendo que estava ali a pedido de  Márcia. Para a vereadora que enfrentava processo de cassação, teria sido cobrada propina de R$ 50 mil como pagamento do voto a seu favor.

Em junho de 2019, a vereadora foi condenada a pena de 5 anos e 7 meses de reclusão e ao pagamento de 22 dias-multa, bem como a perda do mandato eletivo.

Contudo, como ainda podia recorrer, permaneceu no cargo até então. A decisão de ontem também cabe recurso, portanto, Márcia permanece na cadeira do Legislativo, em mandato que termina oficialmente em dezembro de 2020.

Indagada pela reportagem, a parlamentar afirmou que seu advogado ainda não foi notificado, mas, assim que tiver acesso ao teor da condenação, vai recorrer.

Na ação judicial, Márcia Queiroz Vida afirmou que não há indícios suficientes para caracterização de improbidade administrativa, pois “a requerida não agiu com vontade livre e consciente em buscar resultado ilícito”. Inês também negou as acusações e pediu a rejeição do processo.

A Câmara Municipal de Água Clara afirmou que também não foi notificada e que só poderá se pronunciar depois de ter conhecimento da determinação.

Caso

Em cumplicidade com Inês, Márcia cobrou propina no valor de R$ 80 mil da vereadora Gerolina da Silva Alves, que enfrentava um processo de cassação na Câmara, para que ela votasse contra. A intenção seria influenciar outros dois parlamentares da Câmara para preservar o mandato de Gerolina.

Na época, a vereadora Márcia Vida já havia sido afastada do cargo e presa durante a operação “Voto de Minerva”, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (GAECO). Na ação também foram apreendidos aparelhos celulares e documentos.